O líder norte-coreano, Kim Jong-un, ordenou nesta sexta-feira 29 o
início dos preparativos para atacar com mísseis o território dos Estados
Unidos e suas bases no Pacífico e na Coreia do Sul, indicou o órgão
oficial do regime norte-coreano, a agência KCNA.
A ordem foi emitida durante uma reunião de emergência noturna com os
líderes de alto escalão do exército, indicou a KCNA, e é uma resposta
direta às manobras conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul na
península com bombardeiros furtivos americanos B-2, capazes de
transportar armas nucleares.
Em caso de provocação imprudente dos Estados Unidos, as forças
norte-coreanas “deverão atacar sem piedade o (território) continental
americano (…), as bases militares do Pacífico, incluindo Havaí e Guam, e
as que se encontram na Coreia do Sul”, declarou Kim, citado pela
agência oficial.
Na quinta-feira, em um contexto de escalada de tensões entre as duas
Coreias, dois bombardeiros furtivos B-2 sobrevoaram a Coreia do Sul, uma
maneira de os Estados Unidos ressaltarem sua aliança militar com Seul
em caso de agressão do Norte.
Segundo a agência oficial, Kim Jong-un disse que o voo dos
bombardeiros furtivos equivale a um “ultimato e demonstra que querem
lançar a qualquer preço uma guerra nuclear”.
O chefe do Estado-Maior do Exército Popular da Coreia, o diretor de
operações e o comandante de operações estratégicas e foguetes estiveram
presentes na reunião de emergência, realizada nesta sexta-feira às 00h30
locais (12h30 de quinta-feira no horário de Brasília), segundo a KCNA.
Washington não costuma anunciar os voos de treinamento do B-2, um
avião projetado para entrar nas linhas inimigas e bombardear alvos
estratégicos a partir de uma grande altitude (até 15.000 metros).
Considerado
indetectável e capaz de voar perto da velocidade do som, o B-2 pode
transportar até 18 toneladas de armas convencionais ou nucleares,
incluindo 16 bombas de 900 kg guiadas por satélite e oito bombas GBU-37
antibunker.
A Coreia do Norte já havia ameaçado na terça-feira os Estados Unidos
com ataques contra seu território e suas bases no Pacífico, mas se
tratava de um anúncio, também através da agência oficial, proveniente do
Exército. Neste caso trata-se de um alerta do líder do regime.
A China pediu nesta sexta-feira às partes interessadas “que façam
esforços coletivos para resolver a situação”. “A paz e a estabilidade na
península coreana são benéficas para todos”, declarou o porta-voz do
ministério das Relações Exteriores chinês, Hong Lei.
A China é o único aliado da Coreia do Norte e seu principal sócio
comercial, que lhe fornece recursos energéticos indispensáveis para sua
economia.
Na quinta-feira, Washington disse mais uma vez estar “preparado para
enfrentar qualquer eventualidade” procedente da Coreia do Norte, indicou
o secretário de Defesa americano, Chuck Hagel.
Os especialistas militares americanos afirmam, no entanto, que até o
momento o aumento da retórica belicista da Coreia do Norte não é
acompanhado por ações militares.
Pyongyang, por exemplo, evitou ao máximo as tensões em torno das
instalações industriais de Kaesong, compartilhadas com a Coreia do Sul, e
que fornecem ao Norte receitas vitais para sua economia.
Desde o início de março e a adoção de novas sanções da ONU contra
Pyongyang, depois de um terceiro teste nuclear, a Coreia do Norte
aumentou o tom de suas declarações, ameaçando Seul e Washington com
ataques estratégicos e com uma guerra total.
“Mas isso não deve ser interpretado como sinal de uma guerra
iminente”, disse Kim Yong-hyun, um especialista sul-coreano da
Universidade Dongguk. “É uma reação esperada e calibrada pela
mobilização de B-2, e este jogo com os Estados Unidos vai prosseguir”,
acrescentou.
Fonte: Carta Capital
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