sexta-feira, 6 de junho de 2014

O que está por detrás de nosso grito de GOL? Lições do país do futebol ao jogador espanhol Iniesta

André Iniesta, jogador de futebol pela equipe da Espanha que marcou o gol da vitória na Copa da África do Sul, declarou ontem (29 de maio) não entender os protestos no Brasil diante da Copa, pois segundo ele “o povo deveria celebrar”[i].

Por: Sammer Siman, Brigadas Populares, Mestrando em Políticas Sociais (UFES) e Isabella Gonçalves Miranda, Doutoranda em pós colonialismos e cidadania global e integrante do COPAC.


Entendemos sua limitação, Iniesta, e por isso buscaremos expor um pouco do que nos leva a protestar. Afinal, você nasceu no continente que se coloca como o centro do mundo, mais precisamente na Espanha, que foi um dos países que colonizou a América e que, portanto, sempre nos enxergou num lugar subalterno.

Além do que, Iniesta, com seu brilhante futebol que, indiscutivelmente, se desenvolveu com muito esforço e dedicação, você alcançou um padrão de vida que se distancia em muito dos demais trabalhadores e trabalhadoras de seu país que, diga-se de passagem, sabemos que se encontram em grave situação de desemprego – uma pessoa a cada quatro[ii].

Ou seja, sua limitação é duplicada, e por isso seremos tão pacientes.

Um primeiro ponto, caro Iniesta, é justamente entender que somos marcados pela Colonização. Antes de Colombo chegar, já viviam aqui povos (denominados então por índios) que foram, desde o primeiro contato, expulsos de seus territórios e subjugados em todas as dimensões da sua vida, política, cultural, social e econômica.

Depois, Iniesta, na ampliação do “empreendimento colonizador” os “nossos” europeus lançaram-se no tráfego de escravos, fazendo do negro e da negra uma mercadoria que serviu para encher o nosso território de cana de açúcar.

E sabe pra que serviu o tráfico negreiro, Iniesta? Dentre outras coisas, serviu para formar capital e originaros bancos, o que permitiu iniciar o desenvolvimento da indústria no “centro do mundo”, justamente no lugar em que você nasceu. O açúcar, tirado daqui, serviu também para gerar energia suficiente para seus antepassados trabalharem no inverno, o que não é qualquer coisa no “alto” do mundo, o que fez com que por aí a vida seja mais digna do que por aqui.

No entanto, tu deve imaginar quanto sofrimento levou tudo isso. Toda uma riqueza gerada por povos expropriados de sua terra e de seu modo de vida, somado por um povo extraído de sua terra e dilapidado em seu modo de vida. Assim, Iniesta, desde muito cedo começamos a protestar. Mais do que protestar, aliás, era uma tentativa de nos libertar. E isso se deu quando, por exemplo, formamos Quilombos de escravos como alternativa de construir uma vida digna, numa terra própria.

E, desde muito cedo, Iniesta, que, mais do que “não entender” os protestos, a elite colonial reprimiu esses protestos e toda forma de resistência, assim como faz a elite de hoje, quando nos colocamos a protestar buscando a libertação.

Passado três séculos, Iniesta, uma esperança surgiu. Já era meados do século XIX quando, no Brasil, a escravidão apontava para seu fim, seja pela resistência negra, seja pela tensão modernizadora. Quando se “decretou” formalmente o fim da escravidão, já em 1888, os povos explorados buscaram rumo próprio nos campos e nas cidades que então começavam a se avolumar.

Naquele momento, Iniesta, poderíamos ter iniciado o começo de um voo próprio. Assim queriam os povos explorados. No entanto, Iniesta, naquele momento sofremos mais um duro golpe. As elites brancas aprovaram uma lei que impossibilitava o nosso acesso à terra e ao território. Desde então ocupamos e resistimos para viver, mas frequentemente a lei e a força dos poderosos nos expulsa de nossas casas, de nossas plantações. Como agora Iniestra, expulsaram 250.000 pessoas de suas casas para você poder marcar o gol..

Passado o tempo, tivemos em nosso país um impulso de modernização industrial e a construção de um Estado moderno, um Estado burguês. Com muita luta, começamos a nos inserir na dinâmica da cidade e parte de nós seguimos em busca do sonho que nunca cessou – o de acessar a terra, o de ter um lugar para morar, para produzir.

Passaram os anos de 1930, 40, 50…e fomos nos organizando mais, ficamos mais cientes dos nossos direitos. Assim, Iniesta, no início da década de 60 traduzimos nossos anseios: As reformas de base.

Queríamos uma reforma agrária, urbana, tributária, universitária e tantas quanto fossem necessárias paranos permitir o tão sonhado voo próprio. Como resposta, tivemos um golpe de Estado que adiou mais uma vez esse sonho. Vivemos, então, 21 um anos de cárcere e restrição, mas não sem abandonar os protestos, a busca pela liberdade.

Saímos desse regime, com luta retomamos e ampliamos direitos, refundamos o país, mas ainda seguimos sem resolver nossos grandes problemas, Iniesta. Dessa luta, surgiram líderes, escolhemos um tal sociólogo que prometeu estabilidade (eram tempos de inflação) e como “retorno” vendeu nosso país.Tempos depois escolhemos um outro: O Lula, homem do povo, com trajetória do povo, cara de Brasil.

Nele depositamos novamente um sonho. Das reformas de base por tantas vezes defendida em sua trajetória. E o que deu,Iniesta?

Em nada, ou, pra sermos mais justos, em quase nada. Avançou-se muito pouco, mas o essencial continuou – e continua: Segue o predomínio do latifúndio, das multinacionais e tudo o mais que segue super-explorando o nosso povo. Afinal, Iniesta, o salário aqui é 4 vezes menos o que precisaria ser para termos o MÍNIMO!! Neste sentido, ele é o mínimo, do mínimo, do mínimo, do mínimo.

Nos campos, Iniesta, a pequena propriedade, aquela que produz 70% dos alimentos dos brasileiros, está cada dia mais encurralada pelo agronegócio, pelas atividades mineradoras e outros mega-projetos.

Nas cidades, Iniesta, a vida está um caos! Fomos aos milhões para as ruas em 2013 e nada de importante mudou,Iniesta! Os metrôs e ônibus seguem lotados, saúde e educação de qualidade ruim, além de sermos afastados a cada dia mais para as periferias ou, quando nos rebelamos contra a “ordem”, enjaulados em sórdidas prisões!

Nas periferias, Iniesta, o povo está massacrado, as juventudes, em especial a negra – os tataranetos dos escravos de outrora – está sendo assassinada em massa, Iniesta! E sobre o argumento de combate o tráfico de drogas, Iniesta, quando bem sabemos que os verdadeiros traficantes estão engravatados e andando de helicóptero!

Assim, Iniesta, a Copa, ao invés de ajudar, só ampliou a barbárie! Por aqui, nada menos que 250 mil famílias foram removidas para uma Copa que não nos diz respeito, Iniesta! Uma Copa que tem o grande objetivo de engrossar a conta bancária da FIFA e seus patrocinadores, e nesse ponto tu deve saber bem, do quanto rola de dinheiro num evento como esse, não é!?

Aliás, vale dizer, Iniesta, você acertou em uma coisa. Somos o país do futebol. Só que a grande parte de todo o país, aquela que assistirá aos jogos, o verá da mesma maneira que já viam em outros momentos: Pela TV! Isso porque, para ver o Brasil num jogo, um trabalhador deveria trabalhar 1, 2 ou 3 meses sem respirar e sem se alimentar para pagar um ingresso!

Enfim, o que esperamos, daqui por diante, Iniesta, é que tenha cuidado com as palavras, pois não é justo que use seu talento para ofuscar a dor de nosso povo que guarda, por detrás do grito de gol, o sonho por um outro país. Pois, mais do que protestar, com a carga de 514 anos, estamos mesmo é lutando por nos libertar!

Brasil, 30 de maio de 2014










quinta-feira, 5 de junho de 2014

Se a direita ganhar



Engana-se quem imagina apenas uma reprise do que foram os tempos de FHC. Para entender o que pode vir por aí, é melhor pensar no Tea Party estadunidense, no uribismo colombiano, na direita ucraniana.

por Igor Fuser

O Brasil enfrenta, nas eleições presidenciais deste ano, o risco de um brutal retrocesso político, com o eventual retorno das forças de direita – representadas, principalmente, pelo candidato tucano Aécio Neves – ao governo federal. Nesse caso, teremos uma guinada rumo a um país mais desigual, mais autoritário, mais conservador. Engana-se quem imagina apenas uma reprise do que foram os tempos de FHC. Para entender o que pode vir por aí, é melhor pensar no Tea Party estadunidense, no uribismo colombiano, na direita ucraniana.

Limitando este exercício de imaginação apenas à política externa, é aposta certa supor que uma das primeiras medidas de um governo Aécio seria a expulsão dos profissionais cubanos engajados no programa Mais Médicos. Também imediata seria a adesão do Brasil a um acordo do Mercosul com a União Europeia nos termos da finada Alca, cujas “viúvas” – também conhecidas como o Partido dos Diplomatas Aposentados – recuperarão o comando do Itamaraty, ávidas por agradar aos seus verdadeiros senhores, as elites e o governo dos Estados Unidos.

O Mercosul, se sobreviver, voltará a ser apenas um campo comercial, destituído do projeto político de uma integração mais profunda. A Unasul e a CELAC, esvaziadas, se tornarão, sem a liderança do Brasil, siglas irrelevantes, enquanto a moribunda OEA – o Ministério das Colônias, na célebre definição de Fidel Castro – ganhará um novo sopro de vida. Quanto ao Brics, articulação central no combate ao domínio unipolar do planeta pelo império estadunidense, sofrerá um baque, com a deserção (oficializada ou não) do seu “B” inicial.

Golpistas latino-americanos, já assanhados após os triunfos em Honduras e no Paraguai (ações antidemocráticas combatidas com firmeza por Lula e Dilma), ganharão espaço, certos de contar com a omissão ou até o apoio de um governo brasileiro alinhado com os ditames de Washington. Que o diga a performática Maria Corina Machado, líder da atual campanha de desestabilização na Venezuela, recebida com fanfarra pelo governador Geraldo Alckmin e por uma penca de jornalistas tucanos, no programa Roda Viva.

Governos e movimentos sociais progressistas, na América Latina e no mundo, perderão um ponto de apoio; as forças das trevas, como o lobby sionista internacional, ganharão um aliado incondicional em Brasília. Isso é apenas uma parte do que está em jogo nas eleições brasileiras. Espantoso é que, no campo da esquerda, tantos pareçam não se dar conta.




terça-feira, 3 de junho de 2014

Viva a República?


A renúncia do rei espanhol abre debate sobre mudanças profundas na Espanha.


Por Raphael Tsavkko Garcia

Aos 76 anos, o rei da Espanha Juan Carlos abdicou. Foram 38 anos de reina­do marcado por polêmicas em uma rela­ção de amor e ódio com a população es­panhola e envolto em suspeitas de mal­versação de dinheiro público e nublado pelo passado de apoio ao ditador Fran­cisco Franco.



Juan Carlos foi pupilo do ditador e es­colhido por este para sucedê-lo. Teve pa­pel central no processo de transição para a democracia no fim dos anos 1970, ain­da que para muitos este papel tenha si­do o de servir como legitimador de forte aparato de repressão a sindicatos e orga­nizações populares durante os anos pos­teriores e contra os movimentos nacio­nalistas e separatistas da Catalunha, País Basco e Galiza.

A partir de 2011-12, auge da crise eu­ropeia, o rei se viu envolto em polêmicas pessoais e familiares – como a acusação de corrupção contra seu genro, Iñaki Ur­dangarín – e manifestações foram orga­nizadas exigindo a sua renúncia.

Por fim, tomou sua decisão e abre mão de seu poder (mais simbólico que de fa­to) entregando-o a seu filho, que será chamado de Felipe VI. Suas palavras fo­ram as de um homem cansado e dispos­to a abdicar para que uma nova geração assuma as rédeas do país – ou ao menos que uma nova geração possa simbolizar o país.


Mas analistas de imediato apontaram outras possíveis razões para a abdicação. Desde os problemas de saúde recorren­tes de Juan Carlos, passando pela inca­pacidade da Casa Real de fazê-lo voltar a ser um símbolo de unidade da Espa­nha após diversos casos em que sua ima­gem foi abalada até, por fim, o puro cál­culo político.

Este último ponto é o que suscita mais debates. Acalorados. De um lado temos a Espanha que acabou de sair de umas eleições europeias que podem ter decre­tado o fim do bipartidarismo entre PP e PSOE com a ascensão do Podemos e o fortalecimento de outras forças à esquer­da e à direita, de outro a necessidade de retomar a credibilidade não apenas das instituições, mas também dos dois prin­cipais partidos, ambos fortemente mo­narquistas – o PSOE, dito socialista, foi o primeiro a declarar seu apoio à monar­quia após a renúncia do rei.

No cálculo entraria a possibilidade do carisma de Felipe poder funcionar como um fator de união na Espanha, papel de­sempenhado por seu pai durante a tran­sição, baseado na juventude e suposta in­tegridade do novo rei.


Além disso, tanto a abdicação do rei, quanto a coroação de um novo exigiriam debates e a formulação de novas leis es­pecíficas nas Cortes espanholas, o que forçaria uma mudança brusca nos de­bates correntes (centrados no pessimis­mo da crise e na desconfiança do público com as instituições), e na união dos dois principais partidos para a rápida aprova­ção de tais leis.

Se por um lado é fato que o PP pos­sui maioria absoluta, seria necessária a participação do PSOE nos debates e vo­tações para garantir a legitimidade do processo. Seria uma forma de, então, mudar o tom do debate político, neu­tralizando o resultado das eleições eu­ropeias, forçando uma aproximação en­tre as duas principais forças políticas, que pese as diferenças ideológicas no papel, atuam de forma semelhante na política diária.

A abdicação do rei, portanto, viria não apenas como uma esperada decisão pes­soal devido a seu esgotamento físico e mental, nem pela intenção de colocar um “sangue novo” na arena política, mas também de buscar mudar o foco dos de­bates políticos.


A resposta imediata da população, po­rém, foi a de ir às ruas se manifestar. Milhares se reuniram em Madri e em dezenas de cidades por toda a Espanha com bandeiras republicanas, aos gritos de “República Ya” (dentre outros gri­tos nem sempre publicáveis), e exigin­do o fim da monarquia e a instauração da República Espanhola.

A Esquerda Unida, terceira força na­cional, chegou a anunciar que já prepa­ra um esboço de um programa de tran­sição, enquanto outros partidos se ani­mam a debater um possível futuro sem a monarquia.

Por sua vez, partidos nacionalistas, em particular os de esquerda basca e ca­talã, esperam que com uma república haja a possibilidade de um maior diá­logo e respeito ao seu direito a decidir seu futuro e a sair da Espanha. Apenas o tempo e a capacidade de mobilização de partidos e das ruas definirão o futuro da monarquia espanhola.




domingo, 1 de junho de 2014

16 conselhos para você fazer sucesso como um novo anticomunista


Por Kiko Nogueira

O anticomunismo está na moda, como na Guerra Fria. Com uma novidade: nunca tantos malucos foram tão barulhentos, ao menos no Facebook e em marchas. Não é preciso muito: basicamente, você só tem de ser relativamente ignorante e repetir feito um papagaio alguma poucas palavras e expressões como “petralha ladrão”, “lulopetista”, “Miami é que é bom”, “isso aqui não tem jeito”. Esse é um bom começo.

Mas a verdade é que os socialistas estão batendo às nossas portas, ameaçando as nossas famílias e, se você quiser fazer sucesso numa festa de gente burra e sem noção da realidade, eis alguns conselhos importantes para se tornar um novo anticomunista.

1- Insista que o marxismo está desacreditado, desatualizado e totalmente morto e enterrado. Em seguida, faça uma carreira lucrativa batendo nesse cavalo morto pelo resto da sua vida.

2- Comunismo ou marxismo é o que você quiser que seja. Sinta-se livre para rotular países, movimentos e regimes como “comunistas”, independentemente de coisas como ideologia, relações diplomáticas, política econômica etc.

3- Se houver um conflito envolvendo comunistas, todas as mortes devem ser culpa do comunismo. Tenha cuidado ao aplicar isto à Segunda Guerra Mundial. Fascistas que lutaram contra os soviéticos tudo bem, mas tente não elogiar abertamente a Alemanha nazista. Deixe isso para conversas privadas.

4- Cite constantemente George Orwell. Fale da “Revolução dos Bichos” ou de “1984”. Diga que Lula é o Grande Irmão.

5- Cite Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, Olavo de Carvalho. Cite Nelson Rodrigues, que você nunca leu e não entende muito bem, mas isso não vem ao caso.

6- Mencione quantidades maciças de “vítimas do socialismo” sem se importar com demografia ou consistência. 3 milhões de pessoas mortas de fome? 7 milhões? 10 milhões? 100 milhões no total? Você não precisa se preocupar com ninguém verificando se é verdade, o que é bom já que você não tem a menor ideia.

7- Diga que o petismo, o socialismo, o marxismo ou o psolismo são um tipo de fé religiosa, messiânica, ou qualquer outra besteira que possa inventar. Quando as pessoas disserem que é possível traçar semelhanças entre qualquer ideologia política e uma religião, ignore-as.

8- Duas palavras: natureza humana. O que é a natureza humana? Para seus propósitos, a natureza humana é uma maneira rápida de explicar por que as idéias políticas de que você não gosta estão erradas.

9- Use palavras como “liberdade” e “democracia” constantemente. Não aceite qualquer desafio para definir esses termos.

10- Você não quer um golpe, você quer uma intervenção militar, o que está garantido na Constituição. Não está, mas repita essa frase.

11- Diga “Vai pra Cuba, vagabundo” a qualquer pessoa que discordar de você sobre qualquer assunto.

12- Esquerdistas podem ser usados a favor ou contra o que for mais adequado no momento. Se você estiver numa turma mais conservadora, os esquerdistas são gayzistas. Se você estiver no meio de gente mais descolada, os esquerdistas são homofóbicos. Essencialmente, os esquerdistas são degenerados e puritanos ao mesmo tempo.

13- O Mais Médicos é parte de um plano de infiltração cubana no Brasil.

14- Você não precisa sabe o que é bolivarianismo para acusá-lo de ser responsável por tudo o que está errado na América do Sul. O bolivarianismo destruiu a Venezuela e destruirá o Brasil. É uma espécie de saúva.

15- O papa é comunista.

16- Nova Ordem Mundial. Quando se esgotarem todos os argumentos, diga: “Nova Ordem Mundial”. E saia para não ser obrigado a explicar que se trata de uma teoria conspiratória estúpida.