quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O vandalismo




“Os protestos são legítimos desde que não haja vandalismo”. Quem nunca ouviu este mantra nos últimos tempos? Não vale a pena buscar no velho socialista Houaiss a definição do vocábulo. Vandalismo é tudo aquilo que destoa da mensagem dos monopólios dos meios de comunicação. Assim, compara-se a quebra de uma vitrine de um Banco a um ato violento. Ora, a violência é uma relação social entre pessoas.
É estranho que o espancamento de manifestantes seja tratado como “confronto” e o ataque a símbolos da ostentação capitalista seja algo violento. É só assim que a desumanização do discurso burguês chega ao paroxismo. A reunião para protestar nas ruas torna-se formação de quadrilha, especialmente se pretende denunciar a verdadeira quadrilha do PSDB que assaltou o Estado de São Paulo ou a administração desavergonhada de Cabral no Rio de Janeiro.
É verdade que manifestantes cometem excessos. Atacam por vezes o bem público. Além disso, as manifestações são infestadas por grupelhos fascistas e policiais infiltrados. Mas mesmo quando se excedem os manifestantes jamais podem ser comparados à violência do opressor. Afinal, por que aquele jovem negro e mascarado da periferia que disse que a polícia matou o seu pai não colocaria pedras na mochila?  É mais do que um ato pessoal. É um ato político. Deixo aos especialistas a análise antropológica de Black Blocs, “estética” das manifestações etc.
Um jovem massacrado pelas dimensões desumanas da cidade, impossibilitado de se apropriar dela pela configuração do espaço urbano desenhado pela malha viária capitalista (como mostra Ivan Illich em seu estudo “Energia e equidade”) tende a protestar sem luvas de pelica. Mesmo os de classe média, agora acordados pelo caos da retomada do desenvolvimento capitalista periférico.
Recordo-me quantos jovens de periferia nos anos 1980 não hesitavam entre o sufocado ranger de dentes e a raiva aberta aos que simplesmente tinham automóvel, telefone em casa* ou moravam em bairros “nobres”. Quantas vezes não cuspiam na vidraça de um restaurante que supunham luxuoso ou chutavam uma lixeira, aliviados. Ou permaneciam sem dinheiro na porta da velha Ledslay vendo os “playboys” da Zona Leste (!) paulistana entrar. Bem, para falar a verdade eles estavam longe de serem playboys
O ódio da Polícia era unânime. As batidas terminavam com armas de grosso calibre nas nucas. Coisas piores podem ser lidas no excelente Rota 66 de Caco Barcelos. Ao contrário de muitos militantes atuais da ação direta, eram desenraizados e só mais tarde “educados” pela pedagogia de uma esquerda que não chegava à periferia, mas nascia nela. Numa pequena área da Zona Leste (Cangaíba e Engenheiro Goulart) havia 4 núcleos: dois do PT, um do PMDB e outro do PCB. O PC do B, MR-8 e tendências de esquerda do PT tinham militantes nas escolas secundárias.
Hoje o bairro é muito melhor. A estação de trem foi remodelada e há até um campus da USP. Mas a política do protesto foi embora e a violência persistiu. Um sofista diria que a periferia não é um “sujeito abstrato” que gera violência. Claro, ela é um resultado concreto de uma violência que não provêm dela, mas da política consciente de governantes que perpetuam a desigualdade social.
A verdade é que uma adequada quantidade de violência é inerente ao regime de classes. O que incomoda os de cima não é a violência inorgânica. Como sabemos, ela é dispersa em baixo, de modo a justificar o apoio das classes trabalhadoras à ideologia da segurança, como mostrava Florestan Fernandes num texto seminal chamado “Nos marcos da violência”.
Todavia, ela é concentrada no topo e subdividida em algumas corporações especializadas no seu uso funcional para a reprodução da ordem burguesa: a polícia, as forças armadas e os órgãos de vigilância legais e ilegais.
Que tipo de violência realmente incomoda os porta-vozes das classes dominantes? Os tipos disfuncionais. São eles: a contra-violência dos protestos das classes subalternas quando ultrapassam os “limites” e a violência revolucionária. Estamos longe desta, portanto é a simples autodefesa dos movimentos das ruas que se torna um problema para a ordem.
Para a direita, toda violência permitida deve vir de cima e de maneira concentrada. Toda violência tolerada deve vir de baixo desde que de maneira desorganizada.
O que choca é o fato de grupos de jovens se organizarem para proteger os manifestantes desarmados, resistindo à violência e à identificação policial com as “armas” que as ruas sempre forneceram: paus, pedras, estilingues, bolinhas de gude, vinagre, keffiyeh palestino para cobrir o rosto, escudos, tocas, máscaras, casacos e calças jeans resistentes a arranhões, lixeiras arrancadas, mastros de bandeira de caibro (e não de PVC), miguelitos, coquetéis de garrafas plásticas com busca-pé de pavio e a simulação de uma “guerra de movimento”: desaparecer e aparecer em outro local para confundir e dividir a repressão. Cada geração reaprende que a pressão é uma dada força sobre determinada área: basta aumentar a zona de cobertura que o contingente de repressão se rarefaz.
Evidentemente a polícia sabe disso tudo, mas o seu contingente é limitado pelas liberdades democráticas conquistadas nos anos 1980 e pela difusão de imagens de desmandos policiais em tempo real via telefones móveis. A “publicidade” das lutas é que garante o sucesso das “armas” de rua.
No Brasil vivemos um descompasso entre a dinâmica da economia capitalista do centro e o funcionamento daquilo que Carlos Marighella denominava “democracia racionada”. A forma desta democracia é a rotinização da violência burguesa e a condenação perene da autodefesa dos que lutam.
O que os protestos do Movimento Passe Livre conquistaram não pode ser perdido e sim aprofundado. Trata-se da absorção construtiva da violência organizada dos trabalhadores, dos jovens e inconformados na construção de uma democracia anticapitalista.
Não é justo que o povo tenha medo da polícia. E que a polícia continue a ter o papel que lhe parece natural: o poder de vida e morte de pobres e pretos. É preciso ensinar respeito à polícia. Pela primeira vez na história recente do país ela experimentou o medo das multidões.

A contraditória etapa de um continente

Para o economista argentino Claudio Katz, o neodesenvolvimentismo adotado por alguns países latino-americanos não significa uma ruptura como o modelo neoliberal.

Márcio Zonta,
de Guararema (SP)

Com o olhar sobre uma América Latina em permanente disputa econômica, política e cultural entre grandes grupos internacionais capitalistas, burguesias regionais e governos de esquerda, o economista argentino Claudio Katz afirma que o neodesenvolvimentismo adotado por alguns países não rompeu com o neoliberalismo.
O professor da Universidade de Buenos Aires acredita que o Brasil deixou de lado somente algumas medidas neoliberais mais rígidas. “Lula e Dilma fomentaram apenas políticas que se afastaram do neoliberalismo ortodoxo”, comenta.
Em entrevista ao Brasil de Fato, Katz analisou as políticas econômicas e a participação de Brasil e Argentina em busca de uma verdadeira integração do continente.
“Tanto Brasil quanto Argentina têm uma ambiguidade entre seus interesses econômicos; dúvidas se aprofundam em suas relações econômicas com os países do Mercosul ou outros mercados pelo mundo”, diz.
Ademais, Katz chama atenção para os investimentos na América Latina advindos do capital financeiro internacional para exploração dos recursos naturais, sobretudo, no setor agromineral.
“Esse é o principal perigo estratégico que tem o continente hoje. A crise atual do capitalismo é uma crise de reestruturação neoliberal. Onde a América Latina tem totalmente pré-determinadas suas funções no mercado mundial, como abastecedora de matéria-prima”, alerta.
Abaixo, confira a entrevista na qual o economista também fala sobre a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), bases estadunidenses no continente e as características atuais das elites regionais.

Em disputa
Existem projetos em disputa no continente. Um exemplo foi o projeto da ALCA [Acordo de Livre Comércio das Américas], que hoje em dia continua com os Tratados de Livre Comércio (TLC). A ideia de que a ALCA foi derrotada é certa enquanto projeto, mas houve uma contraofensiva estadunidense que conseguiu tecer acordos econômicos de livre comércio consolidada com a NAFTA, no México, além de TLCs firmados com Colômbia, Peru, Chile e vários países da América Central. Obama, ademais, concebeu uma estratégia da Aliança do Pacífico, que articula todos os países que formaram Tratados de Livre Comércio com os Estados Unidos, Canadá e países asiáticos.
Em segundo lugar, temos ainda um projeto de integração muito frágil no Mercosul, que tem se consolidado como tentativa de integração nos últimos dez anos, principalmente em torno da Argentina e do Brasil. Porém, tanto Brasil quanto Argentina têm uma ambiguidade entre seus interesses econômicos, principalmente. Dúvidas se aprofundam em meio a suas relações econômicas com os demais países do Mercosul ou outros mercados pelo mundo.
Uma potência regional tem que pensar aonde vai concentrar seus recursos, e vemos, nos últimos dez anos, que não houve avanço na região puxado pelo Brasil, que não ajudou na criação do Banco do Sul. O país não participa de nenhum debate sério sobre a criação de moeda comum no continente e está ausente na discussão de um projeto financeiro regional de manejo comum para uma reserva econômica.
Por outro lado, o que mais teve progresso foi a ideia da Aliança Bolivariana para as Américas (ALBA). Essa sim é um concepção de integração econômica muito densa fomentado pela Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Equador, entre outros.
É no bloco desses países, aliás, que estão as ideias mais fortes de integração, como a moeda de Sucre, a ideia de um fundo de troca entre os países, e a formação do Banco do Sul. E, naturalmente, esses processos de integração têm muita fragilidade porque depende muito do petróleo venezuelano para avançar.

Cenário Político
Se tem registrado uma mudança muito grande no cenário político em relação à década passada na América Latina, pois se constituiu uma força política que fez declinar a Organização dos Estados Americanos (OEA) e levantou a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC) e o MERCOSUL. Isso sim são fatores muito contundentes na geopolítica sul-americana. Realizar reuniões entre países latinos sem a presença dos Estados Unidos é inédito. Ter a Venezuela com presença no Mercosul é fato simbólico inimaginável há uma década.
Ou seja, em um plano geopolítico existe uma mudança. Entretanto, ainda não sabemos se esse ritmo de conquistas geopolíticas se converterá em ganhos econômicos para o continente.
Uma das funções da ALBA é fazer com que ambos se cruzem positivamente: avanço geopolítico e a economia. Porém, sem uma força social desde baixo, eu não acredito que vai avançar para além do que já existe.

Unasul
Também dentro da Unasul existe um conflito, uma disputa porque a instituição não só tem países com TLC, como tem também um problema geopolítico mais complicado. Por exemplo, a Colômbia com as bases militares estadunidenses. Portanto, dentro da Unasul temos a intervenção militar estadunidense por meio do Exército da Colômbia.

Recolonização
Esse é o principal perigo estratégico que tem o continente hoje. A crise atual do capitalismo é uma crise de reestruturação neoliberal, na qual a América Latina tem totalmente pré-determinadas suas funções no mercado mundial, como abastecedora de matéria-prima.
Os capitais estrangeiros que entram no continente, atualmente, vão direto ao setor extrativista, aos recursos naturais. Uma situação que traz um grande perigo para a região, que tem sua história marcada por uma inserção periférica, que sempre dependeu da oscilação da necessidade da matéria-prima pelos países centrais.
Assim, quando mudam os ciclos econômicos, os efeitos são nefastos para a população. Lamentavelmente, não existe uma consciência sobre isso, pois de novo há um espírito de satisfação por essa posição e um suposto pensamento de que esse ciclo de exploração dos recursos naturais pode durar para sempre.
Isso é uma velha mitologia exportadora liberal da América Latina, que volta a circular, como se não tivéssemos tido esses ciclos de exploração no século passado.

Desindustrialização
Diante desse contexto de tentativa de recolonização do continente, se está criando uma brecha em términos industrial muito grande entre América Latina e Ásia, justamente entre duas regiões que participavam com condições periféricas. A Coreia do Sul é mais industrializada, se comparar, com qualquer país latino-americano.
O que se torna mais grave é a enorme associação de grupos capitalistas latino-americanos nesses processos.
As oligarquias exportadoras dos recursos naturais do final do século 19 não existem mais. O modelo atual é composto por empresas capitalistas brasileiras, argentinas e mexicanas que atuam com muito mais perversidade, pois trabalham visando a exploração de um recurso até a destruição plena.
Provavelmente, é o setor que mais enriqueceu nos últimos anos estando vinculado ao agronegócio. O pior é que muito deles atuam dentro dos projetos da Unasul e Mercosul.

Burguesia regional
Existem mudanças estruturais na burguesia regional. Já desapareceu o papel da velha oligarquia como existia antes. Antigamente, uma pessoa era dona de uma grande extensão de terra improdutiva e ficava praticamente ausente nessa propriedade sem investir na mesma.
A principal mudança estrutural é que a velha burguesia industrial brasileira, argentina e mexicana, muito centrada na produção de bens para o mercado interno, também tem declinado.
Uma nova burguesia está totalmente focada na exportação associada ao capital estrangeiro, e trabalha com horizontes regionais e internacionais. As grandes companhias brasileiras e argentinas são transnacionais multilatinas.
Essa é uma característica muito nociva à classe trabalhadora porque o lucro dessas empresas é pensado por meio do lucro do salário comparado. Ou seja, quando o salário no Brasil sobe muito, elas colocam seus negócios no Paraguai, como acontece agora.
Eu não gosto de chamá-los de burguesia lúmpen. Não me parece adequado porque gera uma imagem desconexa. Lúmpen é a burguesia do narcotráfico que existe à margem do Estado. Essa burguesia regional, pelo contrário, são estruturas que atuam com a base do Estado.
Portanto, são classes capitalistas menos nacionais e divorciadas de seus povos, e mais associadas ao capital estrangeiro.

Neoliberalismo ou Neodesenvolvimentismo?
O que temos visto na América Latina é o ingresso de países em processos diferenciados do neoliberalismo por conta de rebeliões populares. Parte da população do continente se revoltou justamente contra o tripé da base neoliberal: flexibilização nos direitos trabalhistas, abertura comercial e privatizações.
Portanto, houve mudanças contra essas características mais centrais do neoliberalismo e os Estados recuperaram fundos e recursos financeiros que utilizam politicamente para o assistencialismo.
Agora, essa mudança é muito complicada, e não se trata de um abandono do neoliberalismo por alternativa de mesmo nível com uma política econômica coerente e definida.
O neodesenvolvimentismo no momento não está competindo com o neoliberalismo em sentido de um programa econômico sólido.
Ademais, não é uma ruptura radical com o neoliberalismo, pois não altera a característica de redistribuição de renda.
FHC e Lula: neodesenvolvimentismo não rompeu com o neoliberalismo - Foto: J. Freitas/ABr



Essa é a grande diferença de políticas econômicas redistributivas reais, como as ocorridas na Venezuela, onde sim houve uma ruptura com o sistema neoliberal, porque passou a ter verdadeiramente uma redistribuição dos ingressos econômicos do país.
Dessa forma, muitas das tradicionais políticas neoliberais seguem no Brasil e seguem na Argentina. A política financeira no Brasil, ou a política de mineração na Argentina são neoliberais clássicas.
O neodesenvolvimentismo, portanto, é uma tentativa de maior regulação de Estados na economia, o que se diferencia do neoliberalismo. Porém, a discussão é: para quem vai servir? Para que grupos?
Por fim, penso que a Argentina tem uma tentativa de política neodesenvolvimentista, o Brasil não, porque Lula e Dilma fomentaram apenas políticas que se afastaram do neoliberalismo ortodoxo.
Já a Argentina tomou duas medidas: nacionalizou os fundos de pensão e nacionalizou a principal empresa petroleira. São duas ações que indicam mudanças significativas e marcou um tipo de ruptura, algo que não ocorreu no Brasil.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Sair ou não sair do governo Cabral - Nota da Articulação de Esquerda


Muito se tem especulado sobre a saída do PT do governo Cabral. Na imprensa, durante a última semana, foi publicado que o grupo CNB (Construindo um Novo Brasil) não quer sair, sendo esta a posição da sua principal chapa nas eleições internas do PT, marcadas para novembro. Também foi publicado que a Articulação de Esquerda é a tendência mais incisiva na defesa da saída.
 
O fato é que há muito o governo Cabral demonstra na prática as diferenças programáticas e ideológicas com as posições históricas do PT. Descaso com os serviços públicos em geral, que o Rio de Janeiro paga os piores salários do país para professores, bombeiros, extensionistas rurais; mercantilização da educação e péssimos desempenhos nas avaliações do MEC, desdém com os interesses do povo e favorecimento dos grandes empresários como a privatização do Maracanã e concentração dos investimentos na Zona Sul e Barra; postura autoritária e arrogante com os movimentos reivindicatórios, prendendo senhora que manifestava contra o Obama, truculência com os bombeiros e repressão violenta contras as manifestações de junho e julho. Importante observar que apesar do fluxo de verbas oriundos do governo federal, a gestão estadual só conseguiu avançar na segurança pública com as UPPs e mesmo assim precisando de muitas correções.
 
Mesmo que as lideranças da CNB e Mensagem queiram ignorar esses fatos, não é possível aceitar o argumento de que sair agora do governo Cabral seria oportunismo. Oportunismo é ficar em um governo em que não se tem identidade. Oportunismo é ficar com cargos até o final do ano e dizendo que terá candidato próprio ao Palácio Guanabara contra a candidatura da continuidade. Quem está sendo oportunista?
 
Também é importante dizer que para Cabral é interessante a permanência do PT, alem de não enfraquecer ainda mais seu combalido governo, ganha tempo para chantagear petistas e seus aliados e causar dúvidas sobre a possível candidatura Lindbergh Farias ao governo do estado. Quem acha que a palavra chantagem é forte é bom lembrarmos que, para aprovar as OSs na saúde, ele exonerou Carlos Minc e Rodrigo Neves para votarem o projeto na Alerj e enquadrar o partido com ameaça dos cargos.
 
Para aqueles que não consideram as diferenças programáticas e ideológicas relevantes, e estes tem crescido no PT (contra isso só votando em Renam Brandão para presidente estadual e na chapa Um Novo Tempo), ao menos deviam dizer ao governador: "Achamos que não é correta a nossa permanência no governo, já que vamos apresentar uma proposta alternativa para o desenvolvimento do nosso estado." 
 
Importante repetir, OPORTUNISMO É CONTINUAR NO GOVERNO CABRAL.
 
O PED no PT-RJ tem 21 chapas inscritas apoiando 4 candidatos a presidente. Até agora apenas o candidato Renam Brandão, da chapa Um Novo Tempo, se posicionou abertamente pela saída do governo Cabral. Os outros candidatos ainda não disseram claramente o que defendem.
 


Direção Estadual da Articulação de Esquerda

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Juntos na Contramão - Novo Site


No final de 2008 criei o blog Contramão. Ele era a livre expressão daquilo que eu pensava, me incomodava ou emocionava. Isto não me satisfaz mais! Num mundo onde tentam nos impor uma visão única da realidade, nos levando a não reflexão e resignação, não quero mais apenas a contramão. Quero a afirmação coletiva da contramão como negação disto que aí está. Negação do mundo que produz mais alimentos do que necessário e assiste parte de sua população morrer de fome. Que cinicamente faz campanhas pela paz enquanto se silencia diante da triste estatística que nos mostra que uma mulher é agredida a cada 5 minutos no Brasil. Que silencia ante a polícia que mais mata no mundo e que tem como suas vítimas o jovem, negro e favelado.
Negar esta sociedade é, antes de mais nada, afirmar nossa crença na nossa ação transformadora. É nos afirmarmos humanos na construção cotidiana de um mundo mais justo.
Eis aqui uma trincheira. Eis aqui uma praça, uma rua, uma mesa de bar, um livro, uma qualquer coisa onde, juntos, seremos melhores. Eis aqui, mais uma semente de uma outra sociedade.
Aqui recebemos qualquer um que esteja na contramão. Qualquer um que queira dividir planos e ações transformadoras. Aqui pensamos na radicalidade democrática. Não a democracia, palavra banalizada, que brota sem sentido da boca de nossos algozes. Mas a democracia que nos fará sujeitos plenos de nossa história. Democraticamente, portanto, deixamos claro, preconceituosos, conservadores, elitistas e defensores da sociedade desigual e perversa que vivemos, não participarão deste espaço. Aqui podemos divergir sobre os caminhos que seguiremos, mas nunca sobre onde queremos chegar! Aqui estamos na contramão e, cada vez mais, juntos!

Grande abraço,

Marcelo Biar



Link para acessar o novo site: Juntos na Contramão

domingo, 18 de agosto de 2013

RIO: ATIVISTAS PEDEM NOVO PRESIDENTE PARA CPI DOS ÔNIBUS


Da Agência Brasil

Manifestantes contrários à composição da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Ônibus na Câmara de Vereadores bloquearam as avenidas Rio Branco e Evaristo da Veiga, na altura da Cinelândia nesta quinta-feira (15).
O bloqueio começou por volta das 11h30, com manifestantes caminhando entre os carros. Eles sentaram e deitaram no meio das pistas. Alguns estavam mascarados e carregavam cartazes com a frase: “CPI não acabe em pizza”. Outros gritavam palavras de ordem pedindo apoio aos professores da rede pública do estado e da capital, que estão em greve por tempo indeterminado.
Os manifestantes protestam contra a eleição do vereador Chiquinho Brazão (PMDB) para a presidência da comissão. Eles reivindicam que o cargo seja ocupado pelo vereador Eliomar Coelho (PSOL), que propôs a instalação da CPI.
Policiais militares que estavam posicionados na entrada lateral da Câmara de Vereadores foram para a Avenida Rio Branco. De acordo com a Polícia Militar (PM), cerca de 300 homens de cinco batalhões acompanharam o protesto.
CPI
A primeira reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Ônibus, na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, foi realizada nesta quinta-feira (15) no Palácio Pedro Ernesto. Dez manifestantes, com fitas pretas na boca, já estavam no interior da Casa e também acompanharam a reunião. Logo no início, o vereador Eliomar Coelho (PSOL), que propôs a criação da CPI, se retirou da sala em protesto por não ter sido escolhido para presidir os trabalhos.
Na reunião, que durou quase uma hora, foram aprovados requerimentos e agenda com as datas das audiências. A primeira audiência está marcada para o próximo dia 22.
Impasse
Na segunda-feira (12) os vereadores, Eliomar Coelho, Jefferson Moura, Renato Cinco, e Paulo Pinheiro, do PSOL, além de Teresa Bergher (PSDB), Leonel Brizola Neto (PDT), Márcio Garcia (PR) e Reimont (PT) se reuniram e decidiram manter o pedido de renúncia de quatro colegas que não assinaram a instauração da CPI.
O apelo para que eles renunciem às vagas na comissão foi feito no plenário de forma individual.
Os vereadores querem também anular a sessão de sexta-feira (9), quando houve a instalação da CPI e as eleições do vereador Chiquinho Brazão (PMDB) como presidente e do vereador Professor Uóston (PMDB) para relator. Os dois, e mais os vereadores Renato Moura (PTC) e Jorginho da SOS (PMDB), integrantes do colegiado, não assinaram o pedido de criação.
“Eles não assinaram o requerimento de instauração da CPI, então eles são contra a CPI. Se são, não tem por que representarem a Câmara Municipal nesta CPI”, disse o vereador Márcio Garcia.
Os parlamentares pretendem ainda alterar o Regimento da Câmara para impedir que vereadores que não participem dos pedidos de criação de uma CPI integrem o colegiado e para garantir que o parlamentar autor do requerimento de instauração seja automaticamente eleito presidente.
Por isso, segundo o vereador Márcio Garcia, o colega Eliomar Coelho, autor do pedido de criação da CPI dos Ônibus, deveria ser eleito presidente.
Apesar de admitir que não assinou o requerimento de criação da CPI, o relator, vereador Professor Uóston, disse que a instalação da comissão foi legal e seguiu o Regimento Interno da Câmara. Ele informou que não vai renunciar ao posto e garantiu que os outros integrantes, incluindo o presidente Chiquinho Brazão, não pensam em se afastar da CPI.
“O regimento da Casa determina que os membros da CPI serão escolhidos de forma majoritária entre partidos ou blocos e pelo critério da proporcionalidade”, disse.
Os vereadores contrários à instalação da CPI marcaram ainda um encontro na terça-feira (13) com o procurador-geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Marfan Vieira, para pedir a interferência do Ministério Público na questão.
Na segunda (12), também a Câmara fez a primeira sessão desde que o plenário foi ocupado por um grupo de dez manifestantes na sexta-feira (9). Eles deixaram o plenário e foram para as galerias depois de uma negociação com alguns vereadores. A sessão, no entanto, foi encerrada por falta de quórum. Logo depois, os manifestantes, que pedem alterações na composição da CPI, voltaram a ocupar o plenário.
Professores
Mais de seis mil professores fizeram uma passeata pela zona sul da cidade na quarta-feira (14). Eles marcharam em direção ao Palácio da Cidade, sede oficial da prefeitura.
Os manifestantes fizeram uma assembleia no Largo do Machado e decidiram caminhar até o palácio para tentar uma audiência com o prefeito Eduardo Paes. Os professores da rede municipal estão em greve desde o último dia 8.
O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe-RJ) se reuniu na terça-feira (13) com representantes das secretarias municipais de Gestão, de Educação e da Casa Civil, mas, segundo o próprio Sepe, não houve avanço nas negociações.
Os professores querem um aumento real acima de 19%, a implantação de um plano de cargos e salários unificado, eleição direta para diretores de escolas e abono dos dias de paralisação, entre outras reivindicações. Mais de 80% das escolas aderiram à paralisação.
Cabral
Além da passeata dos professores, foi realizada uma manifestação pedindo a saída de Sérgio Cabral do governo do estado. Quando os manifestantes tentaram se aproximar do Palácio Guanabara, sede do governo fluminense, no bairro de Laranjeiras, zona sul da cidade, policiais da Tropa de Choque usaram bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para os dispersar.
Com a dispersão, os manifestantes se espalharam por ruas internas do bairro e os policiais continuaram o patrulhamento no local, usando, inclusive, carros blindados, conhecidos como caveirões.
Além de protestarem contra o governador, os manifestantes cobraram a localização do pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido há um mês, no dia 14 de julho, na Rocinha, e defenderam pautas como o passe livre no transporte e a desmilitarização da Polícia Militar.