Muito se tem especulado sobre a saída do PT do governo Cabral. Na imprensa, durante a última semana, foi publicado que o grupo CNB (Construindo um Novo Brasil) não quer sair, sendo esta a posição da sua principal chapa nas eleições internas do PT, marcadas para novembro. Também foi publicado que a Articulação de Esquerda é a tendência mais incisiva na defesa da saída.
O fato é que há muito o governo Cabral demonstra na prática as
diferenças programáticas e ideológicas com as posições históricas do PT.
Descaso com os serviços públicos em geral, que o Rio de Janeiro paga os
piores salários do país para professores, bombeiros, extensionistas
rurais; mercantilização da educação e péssimos desempenhos nas
avaliações do MEC, desdém com os interesses do povo e favorecimento dos
grandes empresários como a privatização do Maracanã e concentração dos
investimentos na Zona Sul e Barra; postura autoritária e arrogante com
os movimentos reivindicatórios, prendendo senhora que manifestava contra
o Obama, truculência com os bombeiros e repressão violenta contras as
manifestações de junho e julho. Importante observar que apesar do fluxo
de verbas oriundos do governo federal, a gestão estadual só conseguiu
avançar na segurança pública com as UPPs e mesmo assim precisando de
muitas correções.
Mesmo que as lideranças da CNB e Mensagem queiram ignorar esses fatos,
não é possível aceitar o argumento de que sair agora do governo Cabral
seria oportunismo. Oportunismo é ficar em um governo em que não se tem
identidade. Oportunismo é ficar com cargos até o final do ano e dizendo
que terá candidato próprio ao Palácio Guanabara contra a candidatura da
continuidade. Quem está sendo oportunista?
Também é importante dizer que para Cabral é interessante a permanência
do PT, alem de não enfraquecer ainda mais seu combalido governo, ganha
tempo para chantagear petistas e seus aliados e causar dúvidas sobre a
possível candidatura Lindbergh Farias ao governo do estado. Quem acha
que a palavra chantagem é forte é bom lembrarmos que, para aprovar as
OSs na saúde, ele exonerou Carlos Minc e Rodrigo Neves para votarem o
projeto na Alerj e enquadrar o partido com ameaça dos cargos.
Para aqueles que não consideram as diferenças programáticas e
ideológicas relevantes, e estes tem crescido no PT (contra isso só
votando em Renam Brandão para presidente estadual e na chapa Um Novo Tempo),
ao menos deviam dizer ao governador: "Achamos que não é correta a nossa
permanência no governo, já que vamos apresentar uma proposta
alternativa para o desenvolvimento do nosso estado."
Importante repetir, OPORTUNISMO É CONTINUAR NO GOVERNO CABRAL.
O PED no PT-RJ tem 21 chapas inscritas apoiando 4 candidatos a presidente. Até agora apenas o candidato Renam Brandão, da chapa Um Novo Tempo, se posicionou abertamente pela saída do governo Cabral. Os outros candidatos ainda não disseram claramente o que defendem.
Direção Estadual da Articulação de Esquerda
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