sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Debate TV Globo - Rio de Janeiro - Eleições 2012


O último debate se passou na Rede Globo e mais uma vez o Prefeito teve a oportunidade de explicar muita coisa e não explicou nada. As denúncias de corrupção e a má gestão de sua administração foram mais uma vez atacadas e o Eduardo Paes continuou no País das Maravilhas. Uma demonstração de que não é a melhor opção para "regovernar" a Cidade.
Mas uma vez separo alguns pontos do candidato mais preparado para governar a Cidade Maravilhosa.


Campanha do Rio-ônibus em favor a Eduardo Paes
O Tribunal de Contas do Munícipio disse que a licitação feita em 2010 dessa prefeitura foi igual a um cartel. É um escândalo. O prefeito não abre para a população participar. A Fetranspor domina o Rio de Janeiro. O imposto pago pelas empresas de ônibus é fruto dessa lógica onde a Fetranspor faz o que quer. Para mascarar o subsídio a essas empresas, se criou o validador. 

Habitação
Temos um déficit habitacional muito grande. Paga-se muito para morar na cidade e não temos o retorno. O projeto da cidade é elitista, só se pensa no Centro, Zona Sul e Barra, o resto está abandonado. Habitação tem que ser pensada em termos de funcionamento da cidade como um todo. A favela não é um problema. A cidade pararia de funcionar se os moradores das favelas não saíssem de casa. As classes diferentes podem conviver no mesmo espaço.

Educação
A inclusão tem que ser feita com condições. A escola tem que ser adaptada, o professor preparado e a família consultada. Sem esse processo, a educação pode virar uma grande exclusão. Não é verdade que todo aluno possa ser incluído, se ela não for feita com condições, a exclusão é ainda maior. Os pais precisam ser ouvidos. A escola está perdendo o seu sentido.

Trânsito
A Guarda Municipal poderia e deveria voltar ao trânsito. A insistência do transporte rodoviário é inviável. Transporte de massa é transporte sobre trilhos. O metrô tem grande função no Rio de Janeiro, temos apenas duas linhas. A prefeitura precisa de uma parceria com o governo do estado para aumentar o número de linhas do metrô. O modelo sobre trilhos é o melhor pra fazer o transporte sobre massa. A população deixa de usar o carro se tiver um transporte de massa de qualidade. O ônibus não é transporte de qualidade, é um interesse do prefeito com a Fetranspor.

Considerações finais
Trouxemos a juventude às ruas novamente. Nossa campanha é limpa. Vai ter segundo turno. Nele os debates são mais profundos, teremos o mesmo tempo de televisão. O Rio passará por grandes transformações e isso vai mudar a cidade em 50 anos.




Debate Completo:



terça-feira, 2 de outubro de 2012

Debate TV Record - Rio de Janeiro - Eleições


Mais um debate e mais uma oportunidade da população em ver o que é o melhor para a Cidade do Rio de Janeiro. O atual Prefeito não explica nada, das péssimas condições do Município aos casos de corrupção que envolve o seu partido (PMDB) e os partidos aliados. Separo mais uma vez algumas colocações do melhor candidato dessas eleições e posto os vídeos do debate separado em blocos.


Saúde:
"Saúde hoje é um instrumento de propaganda. O prefeito vive anunciando que construiu hospitais e clinicas da família, mas a população sabe que não têm médicos. Pagar o que se paga ao médico é uma vergonha. O Ministério Público colocou o Rio de Janeiro como o pior entre as capitais. Vitória, no Espírito Santo, paga R$ 7 mil aos médicos e o Rio de Janeiro, com uma economia mais forte, paga R$ 1,7 mil. A saúde pública da cidade não tem transparência nos contratos e valorização do servidor".

Eduardo Paes e aliança com 19 partidos:
"Essa coisa de juntar 20 partidos é o medo do segundo turno, é o desespero. Quem governa assim não tem condições de chamar o povo para governar junto. O caso da compra do PTN é um caso muito grave e precisa ser investigado. Isso não é uma aliança, isso é um negócio. O presidente do partido foi investigado e disse que não era o único. Se ele é mentiroso, então o atual prefeito vai chamar um mentiroso pra governar a cidade junto com ele?".

Considerações finais:
"Só a nossa campanha tem uma militância que não é paga. A nossa campanha vive e cresce porque tem ideais. Eu não sou encrenqueiro, eu só não gosto de trambiqueiros. O ‘mensalão carioca’ precisa ser investigado. Isso é muito grave".




1.º Bloco:


3.º Bloco:

4.º Bloco:

Pós-debate:

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

No princípio era Portugal

Já em 1293, D. Diniz criou uma Bolsa de Mercadorias e seguros navais.
Mas Portugal nunca contou com sistemas de crédito semelhantes
 aos que garantiriam o poderio da Holanda e Inglaterra


Como pequeno feudo, rebelado contra castelhanos e mouros, guerreou dois séculos e abriu caminho para sistema-mundo que perdura até hoje 
Por José Luis Fiori
O sistema mundial em que vivemos – interestatal e capitalista – surgiu na Europa, e só na Europa, entre 1150 e 1450, de um longo conflito sistêmico entre “feudos” e “centros imperiais” de poder, que conseguiram transformar suas “economias naturais” em economias capitalistas mais poderosas do que a dos seus rivais. Neste período, a Península Ibérica cumpriu um papel decisivo, na formação do próprio sistema e no início da sua expansão para fora da Europa. Os reinos de Castela, Leon e Aragão, transformaram-se no núcleo político do Império Habsburgo, que dominou a Europa, durante o século XVI, sob a batuta de Carlos V e Felipe II. Mas antes dos espanhóis, foi o reino de Portugal que se estruturou primeiro, como estado nacional, e foi ele também que liderou o primeiro século da expansão mundial da Europa, depois da sua conquista de Ceuta, em 1415.
Portugal nasceu de um pequeno “feudo” – situado entre os rios Minho e Douro – que se rebelou contra Leon e Castela, em 1143, e depois travou uma guerra expansiva de mais de dois séculos, em duas frentes: contra os muçulmanos, ao sul, e contra os espanhóis, ao leste. Foi neste período de guerra quase contínua com os “mouros” e os “castelhanos” que se formou o estado português, depois da “reconquista” de Lisboa, em 1147, e da expulsão definitiva dos árabes, do Algarve, em 1249; e depois da assinatura do Tratado de Paz, de 1432, referendando a separação e o reconhecimento mútuo entre Portugal e Castela, algumas décadas após a Revolução de Avis, de 1385.
Mas foi só no século seguinte à expulsão mulçulmana de 1249 que Portugal criou as estruturas legais, tributárias e administrativas do seu estado moderno. O mesmo estado que seguiu se expandindo, durante mais um século e meio, depois da paz com os castelhanos, até construir o primeiro grande império marítimo da história moderna. O impulso inicial desta expansão “para fora” não parece ter tido um objetivo nem um sucesso mercantil imediato, e só promoveu a ocupação e a colonização dos territórios conquistados, depois de 1450, na Ilha da Madeira. Além disto, o empreendimento português contou com ajuda externa, mas se financiou sobretudo através da capacidade tributária do novo estado, e da riqueza de suas Ordens Militares religiosas – em particular, os Templários – que forjaram em conjunto uma verdadeira máquina de guerra, conquista e tributação.
Na altura de 1147, a economia portuguesa era local, e o seu comércio era feito em espécie. Mas depois de 1249, houve um aumento constante da circulação nacional de mercadorias, a partir da reforma monetária e do tabelamento de preços, promovido por D. Afonso III, na década de 1250. Em 1293, D. Diniz criou a primeira Bolsa de Mercadorias do país, com um sistema de seguros para os navios e cargas portuguesas, e durante toda a segunda metade do século XIII foram criadas mais de quarenta feiras comerciais, responsáveis pela ativação de um incipiente mercado nacional. Até o século XVI, o estado português foi o maior proprietário de terras do país, e atuou como uma espécie de “banco de financiamento” das atividades econômicas públicas e privadas. Foi só em 1500 que o governo português conseguiu criar o seu sistema de títulos da divida pública consolidada, e só foi depois de 1540 que esta espécie primitiva de “capitalismo de estado” foi cedendo lugar ao desenvolvimento de um capitalismo privado de grandes companhias mercantis. Entretanto, este processo foi interrompido em 1580, pela incorporação de Portugal pelo império espanhol de Felipe II, e depois, pela submissão comercial definitiva de Portugal, à Holanda e à Inglaterra, a partir de 1640.
Esta história pioneira de Portugal deixou algumas lições sobre a formação do sistema inter-estatal e do próprio capitalismo:
I. o primeiro estado nacional europeu já nasceu dentro de um sistema de poderes competitivos ;
II. suas fronteiras territoriais, sua unidade política, e sua identidade nacional foram construídas por duas guerras que duraram mais de 200 anos;
III. estas guerras “nacionais” prolongaram-se imediatamente, num movimento de expansão “para fora”, na direção da África, Ásia e América, que durou ainda mais um século e meio;
IV. estas guerras e conquistas não tiveram inicialmente um objetivo prioritariamente mercantil, mas assim mesmo, no longo prazo, tiveram um papel decisivo na criação e expansão de uma economia de mercado e de um capitalismo nacional incipiente;
V. neste período, esta economia nacional de forte cunho estatal, não chegou a se “privatizar”, nem a criar um sistema nacional de bancos e crédito capaz de mobilizar o capital financeiro português, o segredo do sucesso posterior da Holanda e da Inglaterra;
VI. por fim, pode-se dizer que Portugal teve um papel decisivo no “big-bang” do “sistema interestatal capitalista”, que está vivendo uma nova explosão expansiva neste início do século XXI.


José Luís Fiori é professor titular de Economia Política Internacional da UFRJ e coordenador do grupo de pesquisa do CNPQ/UFRJ “O Poder global e a geopolítica do capitalismo”.