sábado, 4 de julho de 2015

A Era das Quantidades



Por Paulo Ferrareze Filho

Grandes empresas fodem a vida dos funcionários por conta do atingimento de metas. Os Bancos, por exemplo, apesar das propagandas da TV remeterem o espectador a um paraíso de gente que é sempre feliz, são campeões nessa arte de fazer a bondade dadivosa esconder a crueldade das quantidades.

Não se vê propaganda de Banco que mostre o caixa eletrônico de um shopping “EM MANUTENÇÃO”. Ou com aquela tela possuída pelo demônio: “DIRIJA-SE A OUTRO TERMINAL”, ainda que não haja OUTRO TERMINAL no mesmo shopping. Não se vê propaganda de Banco com gente que não conseguiu pagar a fatura do cartão de crédito. Ou com mulheres que andam sem vontade de dar pro marido. Ou com aqueles velhos lentos que precisam deixar o orgulho macho de lado e pedir ao neto que pague, pela internet, as contas do mês.

Nos Bancos é preciso VENDER PRODUTOS. Vender todo tipo de merda. Convencer o cliente. Seduzir o cliente. Fazer vendas casadas. Enfiar goela abaixo do cliente sorteios mais difíceis que a mega-sena de fim de ano. Em nome disso, vale-tudo: depressões em massa, competição selvagem entre colegas, entrega de chocolate Talento para os mais demorados, silicones explodindo em camisas com poucos botões. Os silicones, aliás, são mais eficientes que MBA. Ou mesmo trepadas, que fazem a economia andar no meio das trevas da atual crise econômica.

No Judiciário e na vida a lógica é a mesma: julgar o máximo possível de processos e gozar muito, consumindo coisas ou pessoas. O paraíso está reservado para quem consome sem parar. E Deus estará lá, fechando as quantias do mês numa planilha excel.

O mundo ficou paranoico com essa coisa de ganhar dinheiro sem limites. E esquizofrênico. Esses dias uma frase no facebook me deixou chapado. O cara escrevia algo assim: “terceiro turno de trabalho, ficar rico ou morrer tentando”. O mundo está com câncer. Por isso as quimioterapias estão enchendo os bolsos dos oncologistas. Para a oncologia, quanto mais câncer melhor. Quanto mais câncer, mais quimioterapia, mais falta de apetite, e mais maconha. A maconha ainda vai salvar o mundo. A legalização da maconha não escapa da lógica da quantidade. Há gente demais que consome, há gente demais interessada em tributar a venda, a gente demais interessada em poder ganhar com a cura dos malefícios ou com os benefícios de outros males.

Mas vou voltar a explodir dinamites nos Bancos pra ver se gozo um pouco. Odeio Bancos. Advogo contra eles com tesão. O engraçado de advogar contra Bancos é que as pessoas que defendem eles num dia, entram com ações contra eles tempo depois. Os Bancos são o retrato de um filho da puta que entrou sem pagar e sentou no melhor lugar. O Banco sobrevive da ignorância e da miséria dos outros. Os Bancos passam o conto do bilhete premiado sem risco de ir pra cadeia. Afinal, o problema da vida dos idiotas de agora, é que os caras de 16 do mal estão soltos. Pobres idiotas. Só odeio mais os Bancos do que o Judiciário porque os juízes não ganham por sentença feita. Se fosse assim, a coisa seria uma Hiroshima bombardeada.

Na academia tudo é parecido. O Conselho Nacional de Pesquisa e a CAPES traçam uma estratégia quantitativa de produção[1]. O pesquisador é um operário intelectual empilhando parágrafos que ninguém lê. Se Eric Hobsbawm estivesse vivo diria que a Era dos Extremos se transformou na Era das Quantidades.

Eu vou tomar meu chá de fita VHS. E depois pra minha sessão de Candomblé. Fumar charutos e receber espíritos.

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[1] “Dois artigos publicados recentemente pela revista britânica "Nature", especializada em ciência, deixam o Brasil e, em especial, a comunidade acadêmica brasileira, profundamente envergonhados. A "Nature" nos acusa, em primeiro lugar, de produzir mais lixo do que conhecimento em ciência. Nas revistas mais severas quanto à qualidade de ciência, selecionadas como de excelência pelo periódico, cientistas brasileiros preenchem apenas 1% das publicações. Quando se incluem revistas menos qualificadas, porém, ainda incluídas dentre as indexadas, o Brasil se responsabiliza por 2,5%. O que a "Nature" generosamente omite são as publicações em revistas não indexadas, que contêm número significativo de publicações brasileiras, um verdadeiro lixo acadêmico. O segundo golpe humilhante para a ciência brasileira exposto pela revista se refere à eficiência no uso de recursos aplicados à pesquisa. Dentre 53 países analisados, o Brasil está em 50º lugar. Melhor apenas que Egito, Turquia e Malásia.Tomemos um exemplo. O Brasil publicou 670 artigos em revistas de grande prestígio, enquanto no mesmo período o Chile publicou 717, nessas mesmas revistas. O dado profundamente inquietante é que enquanto o Brasil despendeu em ciência US$ 30 bilhões, o Chile gastou apenas US$ 2 bilhões.” Extraído do artigo Produção científica e lixo acadêmico no Brasil, escrito por Rogério Cézar de Cerqueira Leite publicado na Folha de S. Paulo de 06-01-2015.


Fonte: Justificando

domingo, 28 de junho de 2015

Pesquisa: quase metade dos americanos votariam em um socialista

Pesquisa: quase metade dos americanos votariam em um socialistaPor Kali HollowayEm um país onde o termo “socialista” é frequentemente utilizado de forma pejorativa, a novidade é que 47% dos entrevistados pela enquete realizada pela Gallup dizem que votaria em um candidato socialista à presidência. [[MORE]]O resultado ainda aparece como uma ótima notícia para o democrata socialista Bernie Sanders, senador que pretende concorrer ao cargo mais importante do mundo no ano que vem.A pesquisa descobriu uma enorme divisão de opinião entre republicanos e democratas sobre a questão. Enquanto 59% dos democratas disseram que estariam dispostos a votar em um candidato presidencial socialista, apenas 26% dos republicanos deram a mesma resposta - quase metade dos Independentes, 49%, disseram que também seriam favoráveis a campanha.No geral, 93% dos entrevistados disseram que votariam em um candidato católico; 92% em uma mulher ou afro-americano; 91% em um candidato latino-americano ou judeu (como é o caso de Sanders). Pouco menos de 75% disseram que votariam em um candidato pró-LGBT, 60% em um muçulmano e 58% em um ateu. Além das implicações para Sanders, os números podem oferecer uma ideia sobre como os eleitores responderão para a sua campanha em 2016, mas é bastante cedo para qualquer discurso de vitória no momento. Algumas notas da pesquisa:Cinco candidatos são declaradamente católicos - os republicanos Jeb Bush, George Pataki, Marco Rubio e Rick Santorum, e o democrata Martin O'Malley. Duas são mulheres - a principal candidata democrata Hillary Clinton e a republicana Carly Fiorina. O republicano Ben Carson é o único candidato negro na corrida, enquanto dois candidatos são de origem hispânica - os republicanos Rubio e Ted Cruz.Manifestações do Occupy Wall Street no começo da década podem ser um dos reflexos dos números atuais sobre orientação ideológica | Foto: Paul SteinPara ver os números de forma mais detalhada, confira os gráficos abaixo. Você também pode visitar a pesquisa no site da Gallup.

Por Kali Holloway
Em um país onde o termo “socialista” é frequentemente utilizado de forma pejorativa, a novidade é que 47% dos entrevistados pela enquete realizada pela Gallup dizem que votaria em um candidato socialista à presidência. 

O resultado ainda aparece como uma ótima notícia para o democrata socialista Bernie Sanders, senador que pretende concorrer ao cargo mais importante do mundo no ano que vem.

A pesquisa descobriu uma enorme divisão de opinião entre republicanos e democratas sobre a questão. Enquanto 59% dos democratas disseram que estariam dispostos a votar em um candidato presidencial socialista, apenas 26% dos republicanos deram a mesma resposta - quase metade dos Independentes, 49%, disseram que também seriam favoráveis a campanha.

No geral, 93% dos entrevistados disseram que votariam em um candidato católico; 92% em uma mulher ou afro-americano; 91% em um candidato latino-americano ou judeu (como é o caso de Sanders). Pouco menos de 75% disseram que votariam em um candidato pró-LGBT, 60% em um muçulmano e 58% em um ateu. Além das implicações para Sanders, os números podem oferecer uma ideia sobre como os eleitores responderão para a sua campanha em 2016, mas é bastante cedo para qualquer discurso de vitória no momento. Algumas notas da pesquisa:

Manifestações do Occupy Wall Street no começo da década podem ser um dos reflexos dos números atuais sobre orientação ideológica | Foto: Paul Stein
Cinco candidatos são declaradamente católicos - os republicanos Jeb Bush, George Pataki, Marco Rubio e Rick Santorum, e o democrata Martin O'Malley. Duas são mulheres - a principal candidata democrata Hillary Clinton e a republicana Carly Fiorina. O republicano Ben Carson é o único candidato negro na corrida, enquanto dois candidatos são de origem hispânica - os republicanos Rubio e Ted Cruz.

Para ver os números de forma mais detalhada, confira os gráficos abaixo. Você também pode visitar a pesquisa no site da Gallup.