sexta-feira, 7 de março de 2014

Toda feminista é mal amada

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Por 

(Inspirada pelo meu texto publicado  no incrível Think Olga, compartilho com vocês uma pequena introdução à minha faceta feminista. Enjoy!)
O título alarmante é pra chamar atenção mesmo e dizer que eu concordo com este que é o argumento mais batido daqueles que querem atacar o feminismo. É verdade. Toda feminista é mal amada. E ela só é mal amada porque é mulher. Sou uma delas e posso dizer que sou, sim, muito mal amada.
Sou mal amada desde criancinha quando me ensinaram que o meu mundo era um tanto quanto limitado. Na escolinha onde estudei até a quarta série (não sei o equivalente no mundo atual), o único brinquedo que havia no pátio era uma mesa de totó. Muito velha, muito capenga, mas era um sucesso – e exclusiva para os meninos. Eu já não gostava de futebol, mas tinha tanta vontade de brincar naquilo! E o fato de não poder me angustiava. Era a primeira de muitas experiências do tipo.
Conforme fui crescendo, descobri que a mídia também não me amava. Não fui amada por todas as novelas que retratavam somente mulheres que não se pareciam em nada comigo (ou com a maioria das mulheres que eu conheço); não fui amada pelos noticiários que tratam mulheres poderosas com desdém, focando por vezes em seus atributos físicos em detrimento de sua intelectualidade e conquistas alcançadas; não fui amada pelas revistas que me davam 101 conselhos para enlouquecer um homem e nenhum para me manter sã em meio a tanta pressão; não fui amada pelas receitas de emagrecimento que me adoeceram em busca de um ideal que só satisfaria aos outros; não fui amada pelas dicas de maquiagem que esconderiam as minhas imperfeições – e que me apontaram muito bem quais são elas.
Certamente não sou amada por uma sociedade que me condena se eu preservar a minha sexualidade (Puritana! Fresca! Cu doce! Sonsa!) e me condena se eu vivê-la livremente (Puta! Vagabunda! Piranha!); não sou amada por homens cada vez mais exigentes em aparência física e que dão notas de 0 a 10 para o meu corpo, analisando se sou digna ou não de sua afetividade; não sou amada pelas mulheres que, vítimas dessa realidade, me veem como ameaça, como inimiga, como alguém que está com inveja do que elas têm ou são ou, pior, como alguém que quer roubar o companheiro delas; não sou amada por uma conjuntura social em que as minhas roupas são vistas como determinantes da minha personalidade; não sou amada numa cidade sitiada por tarados, na qual devo evitar ruas, roupas e horários para não ser atacada; não sou amada por aqueles que culpam as mulheres em caso de assédio ou estupro contra elas.
Também não me ama o mercado de trabalho, que me oferece uma remuneração menor e, no fundo, torce o nariz para a minha maternidade; não sou amada pelas piadinhas sujas que ouço calada de meus superiores e colegas, por medo de perder o emprego em caso de denúncia; não sou amada ao ser chamada a atenção por excesso/falta de maquiagem; não sou amada por uma maioria masculina em cargos de chefia; não sou amada pela desconfiança de como consegui meu emprego ou uma promoção.
Sou mal amada porque, se eu não casar até uma certa idade, ninguém mais vai me querer! Nem se eu engordar, nem se eu emagrecer demais, nem se eu for muito poderosa (porque isso ~assusta~), nem se eu for muito submissa, nem se eu for muito inteligente, nem se eu for muito burra, nem se eu não me depilar, nem se eu falar palavrão, nem se eu gostar de sair à noite, nem se eu quiser compromisso sério, nem se eu não quiser compromisso sério. Não sou amada quando querem que eu, solteira, namore (só por namorar, só por ter alguém, só pra ter um homem que me ~assuma~); namorando, que eu case; casada, que tenha filho; com um filho, que tenha mais; com mais, que eu tome cuidado pra não embarangar e perder o marido. Não sou amada quando me dizem pra ter cuidado, hein, senão ele arranja outra!!!
A publicidade, então, me odeia! Afinal, não me vejo nos anúncios e sempre me pedem para mudar, seja meu cabelo, meu carro, minha cerveja, meu absorvente, minha barriga, meu molho de tomate, meus sapatos, meu hálito, meu refrigerante, meu provedor de internet, sempre me lembrando de que, assim, eu vou ficar mais gostosa, mais atraente, mais feliz, mais segura, mais tranquila -e menos eu. Porque, não adianta, eu nunca tô 100%. Eu nunca sou suficiente. Como, então, posso me sentir amada?
Se eu fosse amada (veja bem, não digo nem BEM amada, o que seria muito melhor. Só amor já ajudaria!), não reclamaria; não me sentiria feia, nem gorda, nem deslocada, nem magra, nem incapaz. Poderia circular livremente pelas ruas da minha cidade vestindo o que eu bem entendesse, sem que ninguém se sentisse no direito de opinar sobre o meu corpo ou me dissesse o que gostaria de fazer com ele. Ah, se eu fosse amada, seria valorizada em qualquer setor que eu desejasse trabalhar. E leria publicações femininas que falassem mais sobre mim, e menos sobre o que querem os homens. Se eu fosse amada, realmente, em todos os aspectos da minha vida, eu definitivamente não precisaria ser feminista, nem lutar por condições mínimas de liberdade para a mulher.
Não sendo o caso, sou mal amada e, sendo assim, só me resta ser feminista.

quinta-feira, 6 de março de 2014

"O Carnaval morreu, viva a quaresma!" por Machado de Assis


Por Machado de Assis

Quando digo que o carnaval morreu apenas me refiro ao fato de haverem passado os seus três dias; não digo que o carnaval espichasse a canela.
Se o dissesse, errava; o carnaval não morreu; está apenas moribundo. Quem pensaria que esse jovem de 1854, tão cheio de vida. tão lépido, tão brilhante, havia de acabar vinte anos depois, como o Visconde de Bragellone, e acabar sem necrológio, nem acompanhamento?
Veio do limão-de-cheiro e do polvilho: volta para o polvilho e o limão-de-cheiro. Quia pulvi est. Morre triste, entre uma bisnaga e um princês, ao som de uma charamela de folha-de-flandres, descorado, estafado, desenganado. Pobre rapaz! Era forte, quando nasceu, rechonchudo, travesso, um pouco respondão, mas gracioso. Assim viveu; assim parecia viver até à consumação dos séculos. Vai senão quando raia este ano de 77, e o mísero, que parecia vender saúde aparece com um nariz de palmo e meio e os olhos mais profundos do que as convicções de um eleitor. Já é!
Esta moléstia será mortal, ou teremos o gosto de o ver ainda restabelecido? Só o saberemos em 78. Esse é o ano decisivo. Se aparecer tão amarelo, como desta vez, e não contar com ele por coisa nenhuma e tratar de substituí-lo.
II
Caso venha a dar-se essa hipótese, vejamos desde já o que nos deixará o defunto. Uma coisa. Aposto que não sabem o que é? Um problema filológico.
Os futuros lingüistas deste país percorrendo os dicionários, igualmente futuros, lerão o termo bisnaga, com a definição própria: uma impertinência de água-de-cheiro (ou de outra), que esguichavam sobre o pescoço dos transeuntes em dias de carnaval.
-Bom! Dirão os lingüistas. Temos notícia do que era bisnaga. Mas por que esse nome? donde ele vem?

Quem o trouxe?
Neste ponto dividir-se-ão os lingüistas.
Uns dirão que a palavra é persa, outros sânscrita, outros groenlandesa. Não faltará quem a vá buscar na Turquia; alguns a acharam em Apúlio ou Salomão.
Um dirá:
-Não, meus colegas,nada disso; a palavra é nossa e só nossa. É nada menos do que uma corrução de charamela, mudado o cha em bis e o ramela em naga.

Outro:
-Também não. Bisnaga, diz o dicionário de certo Morais que existiu ali pelo século XIX, que é uma planta de talo alto. Segue-se que a bisnaga carnavalesca era a mesma bisnaga vegetal, cujo sumo, extremamente cheiroso , esguichava quando a apertavam com o dedo.
Cada um dos lingüistas escreverá uma memória em que provará, à força de erudição e raciocínio, que seus colegas são pouco mais do que ruços pedreses. As Academias celebrarão sessões noturnas para liquidar esse ponto máximo. Haverá prêmios, motes, apostas, duelos, etc.
E ninguém se lembrará de ti, bom e galhofeiro Gomes de Freitas, de ti que és o único autor da palavra, que aconselhavas a bisnaga, e a grande arnica, no tempo em que o esguicho apareceu, por cujo motivo puseram o nome popularizado por ti.
Teve a bisnaga uma origem alegre, medicinal e filosófica. Isto é o que não hão de saber nem de dizer os grandes sábios do futuro. Salvo, se certo número da Ilustração chegar até eles, em cujo caso lhes peço o favor de me mandarem a preta dos pastéis.
III
Falei há pouco do que há de substituir o carnaval, se ele definitivamente expirar. Deve ser alguma coisa igualmente alegre: por exemplo, a Porta Otomana.
Vejam isto! Um ministro patriota leva a entreter toda a Europa a roda de uma mesa, a fazer cigarros das propostas diplomáticas, a dizer aos ministros estrangeiros que eles são excelentes sujeitos para uma partida de whist ou qualquer outro recreio que não seja impor a sua à Turquia; os ditos ministros estrangeiros desesperam, saem com um nariz de duas toesas, dando a Turquia a todos os diabos; vai senão quando o Jornal do Comércio publica um telegrama em que nos diz que o dito ministro turco, patriota, vencedor da Europa, foi destituído por conspirar contra o Estado!
Alá! Aquilo é governo o Pera de Satanás? Inclino-me a crer que é simplesmente Pera. A porta tem muitos outros e vários alçapões, por onde sai ou mergulha, ora um sultão, ora um grão-vizir, de minuto a minuto ao som de um apito vingador. Todas as mutações são à vista. Eu, se na Turquia tivesse a infelicidade de fazer um dos primeiros papéis, metia claque na platéia para ser pateado. Creio que é o único recurso para voltar inteiro ao camarim.

domingo, 2 de março de 2014

Mentiras e verdades sobre a situação na Venezuela


Mídia venezuelana e internacional difundem uma versão distorcida dos fatos; a aposta da direita é tornar o país ingovernável

Por Igor Fuser
Nos últimos dias a Venezuela voltou às manchetes dos jornais do mundo devido a uma série de manifestações de rua. Abaixo, apresento uma série de mentiras alardeadas pela chamada “grande mídia” e as suas respectivas verdades.
Mentira: Os opositores saíram às ruas porque estão descontentes com os rumos do país e querem melhorar a situação.
Verdade: O que está em curso na Venezuela é o chamado “golpe em câmera lenta”, que consiste em debilitar gradualmente o governo até gerar as condições para o assalto direto ao poder. O atual líder oposicionista, Leopoldo López, não esconde esse objetivo, ao pregar aos seus partidários que permaneçam nas ruas até o que ele chama de “La Salida”, ou seja, a derrubada do governo. O roteiro golpista, elaborado com a participação de agentes dos Estados Unidos, combina as manifestações pacíficas com atos violentos, como a destruição de patrimônio público, bloqueio de ruas e atentados à vida de militantes chavistas. A mídia venezuelana e internacional tem um papel de destaque nesse plano, ao difundir uma versão distorcida dos fatos. A aposta da direita é tornar o país ingovernável. Trata-se de criar uma situação de caos até o ponto em que se possa dizer que o país está “à beira da guerra civil” e pedir uma intervenção militar de estrangeiros. Outro tópico desse plano é a tentativa de atrair uma parcela das Forças Armadas para a via golpista. Mas isso, até agora, tem se mostrado difícil.
Mentira: A Venezuela é um regime autoritário, que impõe sua vontade sobre os cidadãos e reprime as manifestações opositoras.


Verdade: Existe ampla liberdade política no país, que é regido por uma Constituição democrática, elaborada por uma assembleia livremente eleita e aprovada em plebiscito. Nos 15 anos desde a chegada de Hugo Chávez à presidência, já se realizaram 19 consultas à população – entre eleições, referendos e plebiscitos – e o chavismo saiu vitorioso em 18 delas. Foram eleições limpas e transparentes, aprovadas por observadores estrangeiros das mais diferentes tendências políticas, inclusive de direita. O ex-presidente estadunidense Jimmy Carter, que monitorou uma dessas eleições, declarou que o sistema de votação venezuelano é “o melhor do mundo”. Esse mesmo sistema eleitoral viabilizou a conquista de inúmeros governos estaduais e prefeituras pela oposição. Há no país plena liberdade de expressão, sem qualquer tipo de censura.
Mentira: Quem está protestando contra o governo é porque “não aguenta mais” os problemas do país.
Verdade: A tentativa golpista, na qual se inserem as manifestações da direita, reflete o desespero da parcela mais extremista da oposição, que não se conforma com o resultado das eleições de 2013. Esse setor desistiu de esperar pelas próximas eleições presidenciais, em 2019, ou mesmo pelas próximas eleições legislativas, em 2016, ou ainda pela chance de convocar um referendo sobre o mandato do presidente Nicolás Maduro, no mesmo ano. Essas são as regras estabelecidas pela Constituição – qualquer coisa diferente disso é golpe de Estado. A direita esperava que, com a morte de Chávez, o processo de transformações sociais conhecido como Revolução Bolivariana, impulsionado pela sua liderança, entrasse em declínio. Apostava também na divisão das fileiras chavistas, abrindo caminho para seus inimigos. A vitória de Maduro – o candidato indicado por Chávez – nas eleições de abril de 2013, ainda que por margem pequena (1,7% de diferença), frustrou essa expectativa. Uma última cartada da oposição foi lançada nas eleições municipais de dezembro do ano passado. Seu líder, Henrique Capriles (duas vezes derrotado em eleições presidenciais), disse que elas significariam um “plebiscito” sobre a aprovação popular do governo federal. Mas os votos nos candidatos chavistas superaram os dos opositores em mais de 10%, e o governo ganhou em quase 75% dos municípios. Na época, a economia do país já apresentava os problemas que agora servem de pretexto para os protestos, e ainda assim a maioria dos venezuelanos manifestou sua confiança no governo de Maduro. Diante disso, um setor expressivo da oposição resolveu apelar para o caminho golpista.
Mentira: O governo está usando violência para reprimir os protestos.
Verdade: Nenhuma manifestação foi reprimida. O único confronto entre policiais e opositores ocorreu no dia 17 de fevereiro, quando, ao final de um protesto, grupos de choque da direita atacaram edifícios públicos no centro de Caracas, incendiando a sede da Procuradoria- Geral da República e ferindo dezenas de pessoas. Nestas últimas semanas, as ações violentas da oposição têm se multiplicado pelo país. A casa do governador (chavista) do Estado de Táchira foi invadida e depredada. Caminhões oficiais e postos de abastecimento têm sido destruídos. Recentemente, duas pessoas, que transitavam de motocicleta, morreram devido aos fios de arame farpado que opositores estendem a fim de bloquear as ruas.
Mentira: O governo controla a mídia.
Verdade: Cerca de 80% dos meios de comunicação pertencem a empresas privadas, quase todas de orientação opositora. Mas o governo recebe o apoio das emissoras estatais e também de centenas de rádios e TVs comunitárias, ligadas aos movimentos sociais e às organizações de esquerda. Isso garante a pluralidade política e ideológica na mídia venezuelana – algo que, infelizmente, não existe no Brasil, onde a direita controla quase totalmente os meios de comunicação.
Mentira: Os Estados Unidos acompanham a situação à distância, preocupados com os direitos humanos e os valores democráticos, para que não sejam violados.
Verdade: Desde a primeira posse de Chávez, em 1999, o governo estadunidense tem se esforçado para derrubar o governo venezuelano e devolver o poder aos políticos de direita. Está amplamente comprovado o envolvimento dos Estados Unidos no golpe de 2002, quando Chávez foi deposto por uma aliança entre empresários, setores militares e emissoras de televisão. Desde então, a oposição tem recebido dinheiro e orientação de Washington.
Mentira: Os problemas no abastecimento transformaram a vida cotidiana num inferno.
Verdade: Existe, de fato, a falta constante de certos bens de consumo, como roupas, produtos de higiene e limpeza e peças para automóveis, mas o acesso aos produtos essenciais (principalmente alimentos e medicamentos) está garantido para o conjunto da população. Isso ocorre graças à existência de uma rede de 23 mil pontos de venda estatais, espalhados por todo o país, sobretudo nos bairros pobres. Lá, os preços são pelo menos 50% menores do que os valores de mercado, devido aos subsídios oficiais. É importante ressaltar que o principal motivo da escassez não é nem a inexistência de dinheiro para realizar importações nem a incapacidade do governo na distribuição dos produtos. Grande parte das mercadorias em falta são contrabandeadas para a Colômbia por meio de uma rede clandestina à qual estão ligados empresários de oposição.
Mentira: A atual onda de protestos é protagonizada pela juventude, que está em rebelião contra o governo.
Verdade: Os jovens que participam dos protestos pertencem, na sua quase totalidade, a famílias das classes alta e média-alta, que constituem a quarta parte da população. Isso pode facilmente ser constatado pela imagem dos estudantes que aparecem na mídia. São, quase todos, brancos – grupo étnico que não ultrapassa 20% da população venezuelana, cuja marca é a mistura racial. E não é por acaso que os redutos dos jovens oposicionistas sejam as faculdades particulares e as universidades públicas de elite. Os jovens opositores são minoria. Do contrário, como se explica que o chavismo ganhe as eleições em um país onde 60% da população têm menos de 30 anos? Uma pesquisa recente, com base em 10 mil entrevistas com jovens entre 14 e 29 anos, revelou que 61% deles consideram o socialismo como a melhor forma de organização da sociedade, contra 13% que preferem o capitalismo.
Mentira: A economia venezuelana está em colapso.
Verdade: O país enfrenta problemas econômicos, alguns deles graves, como a inflação de mais de 56% nos últimos 12 meses. Mas não se trata de uma situação de falência, como ocorre na Europa. A Venezuela tem superávit comercial, ou seja, exporta mais do que importa, e possui reservas monetárias para bancar ao menos sete meses de compras no exterior. É um país sem dívidas. A principal dificuldade econômica é a falta de crédito, causada pelo boicote dos bancos internacionais.
Mentira: A insegurança pública está cada vez pior.
Verdade: A Venezuela enfrenta altos níveis de criminalidade, assim como outros países latino-americanos, inclusive o Brasil. Esse tema é uma das prioridades do governo Maduro, que chegou a mobilizar tropas do Exército no policiamento de certas áreas urbanas, com bons resultados. A melhoria da segurança pública foi justamente o tema do diálogo entre o governo e a oposição, iniciado no final do ano passado, por iniciativa do presidente. O próprio Chávez, em seu último mandato, criou a Polícia Nacional Bolivariana, a fim de compensar as deficiências do aparato de segurança tradicional, famoso pela corrupção. Outra estratégia é o diálogo com as “gangues” juvenis a fim de afastá-las do narcotráfico e atraí-las para atividades úteis, como o trabalho na comunidade e a produção cultural. A grande diferença entre a Venezuela e o Brasil, nesse ponto, é que lá o combate à criminalidade ocorre num marco de respeito aos direitos humanos. A política de segurança pública venezuelana descarta o extermínio de jovens nas regiões pobres, como ocorre no Brasil.