sexta-feira, 11 de abril de 2014

Para quem o governo governa?

Desocupação do terreno da Oi


Na eleição, os políticos que mandam bater nos moradores que ocuparam o terreno da Oi circulam entre sorrisos e beijam crianças

por Daniela Lima 


A pacificação nada mais é do que a autorização do uso permanente da violência para – veja só! – garantir a paz. Mas a pergunta é: a paz de quem?
“Meu filho levou um tiro em cima da vista. Está em ponto de perder a visão por causa dessa truculência. Cadê o governador e o prefeito pra chegar e conversar direito, fazer uma negociação?”.
A pergunta é de uma das moradoras retiradas da ocupação do terreno da Oi, no Engenho Novo, Rio de Janeiro. E reflete o fato de que o Estado só se aproxima das regiões de conflito por meio da polícia.
Na operação, o soldados do Bope, o Batalhão de Operações Especiais da PM, usaram uma retroescavadeira para limar o terreno ocupado há 11 dias por cerca de 5 mil pessoas. Os militares colocaram fogo nos compensados usados na construção dos barracos. Um ônibus foi incendiado por manifestantes e o fogo se espalhou por uma casa.
Em casos como este, não existe outra preocupação se não o controle, praticado através de um ciclo de medo e violência. Na entrevista transcrita acima, a moradora chega a afirmar: “foi aqui que eles [governador e prefeito] pegaram mais voto”.
A frase ecoa por alguns segundos ao fim do vídeo: “foi aqui que eles pegaram mais votos”.
O ciclo de medo e violência se perpetua através da esperança.
Nas eleições, os mesmos atores políticos que aparecem na forma de cassetete da PM durante o mandato circulam entre os moradores, beijam crianças, comem pastel de feira e, é claro, alimentam a esperança de que aquelas pessoas podem ter alguma dignidade no futuro. No futuro.
A esperança é capaz de anular qualquer poder de ação política, já que retira o sujeito do presente. O presente, a miséria da rotina, vai sendo naturalizada em nome de um futuro digno.
Mas e se um sujeito resolve interromper o aparente fluxo natural das coisas?
E se um sujeito não achar tão natural assim a desigualdade de oportunidades e condições?
E se um sujeito resolve ocupar um terreno abandonado há anos para construir uma casa ou unicamente para reafirmar a sua existência e a existência de um problema que, de tão naturalizado, parece nem ser mais um problema: algumas pessoas não têm onde morar?
A resposta está no ciclo da violência: qualquer interrupção no fluxo aparentemente natural das coisas precisa ser neutralizada por uma violência constante, que às vezes é chamada de pacificação.
A pacificação nada mais é do que a autorização do uso permanente da violência para – veja só! – garantir a paz. Mas a pergunta é: a paz de quem? Dos moradores da Zona Sul? Dos turistas? Para quem o governador e o prefeito estão trabalhando?
Em ano de eleição, é bom repetir a frase da moradora: “foi aqui que eles pegaram mais voto”.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

O socialismo, o idiota e a ideologia (resposta de Mauro Iasi a Arnaldo Jabor)



Por Mauro Iasi.
Este artigo é uma resposta a O “perigo vermelho”, de Arnaldo Jabor.
“Quando a gente mente, ou seja, coloca com astúcia alguma coisa que acontece com excessiva raridade ou nunca acontece, aí a mentira se torna muito mais verossímil
O Idiota, Dostoiévski
O Príncipe Liev Nikoláievitch Míchkin [personagem do romance O Idiota], exímio calígrafo, um pouco santo, profético e epilético, gosta tanto de suas idéias que por vezes, segundo um personagem seu amigo, “lhe dava vontade de ir para algum lugar, sumir inteiramente dali. (…) gostaria até de um lugar sombrio, deserto, contanto que ficasse só com os seus pensamentos”. Sempre foi um humanista, nutria uma profundo amor pela humanidade, apesar de sua hipossexualidade, mas a humanidade lhe parecia errada, grotesca, como uma projeção de sua baixa auto-estima.
Em uma carta, Hippolite [Hippolite Terentyev, personagem do romance O Idiota]  declara que “no amor abstrato para com a humanidade, não se ama a ninguém, e sim a si próprio”. Assim era ele. Zeloso e heroico defensor da humanidade abstrata e inimigo declarado dos seres humanos. Disposto a morrer pela humanidade no ato heroico contra moinhos, ou preso à cruz para salvar os pecados dos homens, como um Quixote/Cristo crucificado entre dois ladrões diante de um mar de moinhos vitoriosos.
O príncipe Míchkin hoje se preocupa com o “perigo vermelho”, como um dia já se preocuparam os Czares, o Pentágono, os militares latino-americanos e os reacionários de toda ordem. Ele sofre, como o único que vê a verdade em uma terra de cegos e estúpidos. Suas prédicas morais não têm valor algum em si mesmas, nem originalidade. São expressão de sua (para usar uma categoria cara ao autor) burrice, tagarelices de um idiota.
Suas ideias nos servem, no entanto, para outro propósito, como um rico material para discutir os eficazes mecanismos da ideologia. Seguindo as pistas de Marx (o príncipe Míchkin propõe, como veremos, uma bibliografia alternativa e mais gabaritada) sabemos que a ideologia opera como um poderoso instrumento de dominação de classe por meio de mecanismos como a inversão, o ocultamento, a naturalização, a justificativa e a apresentação do particular como fosse universal.
*
Vejamos, então, seus principais “argumentos” para que possamos refletir sobre a profundidade abismal das alternativas que nos propõe.
Segundo Míchkin o grande problema do Brasil é que o ciclo dos governos petistas prende nosso país em uma anacronia. Isto é, ao invés de se ocuparem com as “reformas no Estado paralítico e patrimonialista”, só pensam no passado com “nostalgia masoquista de torturas, heranças malditas, ossadas do Araguaia” que, segundo o príncipe amargurado, os legitimaria.
Trata-se, segundo o juízo do nobre decadente, da insanidade de insistir em uma luta perdida de tempos ilusórios. Ele pode afirmar com segurança essa constatação porque “estava lá” e viu “o absurdo que foi aquela tentativa de revolução sem a mais escassa condição objetiva”. Entretanto, na opinião do talentoso calígrafo, a raiz desse equívoco é mais profunda: já nos primeiros anos do governo petista, Míchkin alertava para o perigo de “sovietização” do governo brasileiro e agora insiste no caráter “neobolchevique” do governo Dilma. E profetiza:
“É um perigo grave que pode criar situações irreversíveis a médio prazo, levando o País a uma recessão barra-pesada em 14/15. É necessário alertar à população pensante para esse “perigo vermelho” anacrônico e fácil para cooptar jovens sem cultura política. Pode jogar o Brasil numa inextrincável catástrofe econômica sem volta.”
Vejam: nós, que não fazemos parte da população pensante, doentes mentais de marxismo crônico e jovens sem a cultura política do príncipe Míchkin, estamos sendo manipulados pelo “neobolchevismo” que nos leva, sem que saibamos, para o abismo da crise “barra-pesada”. Essa sua espessa cultura lhe permite remeter aos ensinamentos históricos. Por exemplo, à situação alemã na qual o stalinismo satanizou a social democracia e abriu caminho para o nazismo, nos esclarecendo que o “PSDB da Alemanha”, para eles, era mais perigoso que Hitler. Nós que não somos parte da população pensante ficamos confusos diante do brilho desta sabedoria. O PSDB representa aqui no Brasil uma força reformista, com raízes no movimento sindical e operário(?), o PT uma reencarnação grotesca do bolchevismo stalinista(?)… então, quem são os nazistas? Bom… não perdemos tempo com coisas que nossa cabecinha não pode compreender. Deixemos o príncipe epilético continuar pregando, pois ele tem a solução:
“Temos que parar de pensar do Geral para o Particular, de Universais para Singularidades. As grandes soluções impossíveis amarram as possíveis. Temos que encerrar reflexos dedutivas e apostar no indutivo. O discurso épico tem de ser substituído por um discurso realista, possível e até pessimista.”
Eu sei, leitores jovens sem cultura, é difícil acompanhar o Míchkin em seus chiliques, mas ele começou a doutrinar metodologicamente agora. Vejam, ele estava falando de política, de economia, de história (ele estava lá e viu), todas áreas nas quais ele acumula uma sólida ignorância, e agora saltou para as bases teóricas e filosóficas daquilo que ele não entende. Um pouco atrás no artigo ele já havia se referido a Hegel e sua teleologia da história (que ele confundiu com “teologia”) segundo a qual na sua genial síntese “as derrotas não passam de ‘contradições negativas’ que levam à novas teses”. É certo que não há uma mera continuidade entre a visão de história de Hegel e Marx. É evidente que nem Hegel nem Marx fundamentam seu pensamento procedendo o caminho metodológico do Geral para o Particular, nem de Universais para as Singularidades. Mas o que sabem Hegel e Marx sobre seus pensamentos?
Desavisados acreditariam que o caminho do método para compreender o real e seu movimento, para Hegel e para Marx, seria do singular ao universal, por meio das particularidades. Mas deixemos de lado estas questões secundárias que só podem interessar àqueles que ainda se apegam ao trabalho doentio de estudar os autores por aquilo que eles de fato afirmaram. Voltemos aos ensinamentos do sábio.
Procedendo metodologicamente da maneira adequada que é sugerida (para facilitar o entendimento aos jovens incultos: abandone Marx e Hegel e volte a Kant, só para destruí-lo e refugiar-se em Nietzsche… agora é só passar para Lyotard) estaríamos aptos a abandonar certos preconceitos, como por exemplo a qualidade de “esquerda” que segundo o príncipe epilético é só uma “substância” que ninguém mais sabe o que é, servindo para enobrecer discursos. Segundo nosso profeta da amargura, devemos substituir “esquerda e direita” por “progressistas e conservadores”. Feito isso, teríamos que trocar de referencias, eis a sugestão de Míchkin:
“O pensamento da velha ‘esquerda’ tem que dar lugar a uma reflexão mais testada, mais sociológica, mais cotidiana [???]. Weber em vez de Marx, Sergio Buarque de Holanda em vez de Caio Prado, Tocqueville em vez de Gramsci.”
Lógico que por modéstia, o príncipe não seguiu suas sugestões para o campo da cultura, no qual teríamos que seguir as substituições, por exemplo, Julio Iglesias em vez de Atahualpa Yupanqui, Paulo Coelho em vez de Graciliano Ramos, ou mesmo, quem sabe, Jabor em vez de Fellini. Não, ele está preocupado com o Brasil. Para enfrentar as tarefas urgentes que evitem que caminhemos para abismo é necessário partir de cara assumindo o fracasso do socialismo real. E ele se pergunta: quem (além dele) tem peito para isso? O Socialismo é uma palavra, um dogma, que nos amarra a um fim obrigatório, esbraveja e lamenta, “como se tivéssemos que pegar um ônibus [de graça... perdão, não interrompo mais]… até o final da linha, ignorando atalhos e caminhos novos”. E conclui:
“A verdade tem que ser enfrentada: infelizmente ou não, inexiste no mundo atual uma alternativa ao capitalismo. Isso é óbvio. Digo e repito: uma ‘nova esquerda’ tem que acabar com a fé e a esperança – trabalhar no mundo do não sentido, procurar caminhos, sem saber para onde vai.”
Não é qualquer um que sugere caminhos sem saber onde vão dar, é preciso uma dose de coragem ou outra qualidade de caráter para isso. Para a marinha mercante seria uma catástrofe, mas para conduzir a humanidade, quem sabe, não é. O nosso idiota sai das gélidas paisagens da Rússia, passa pelas ensolaradas terras brasileiras ameaçadas pelo perigo vermelho e chega à Alemanha para fazer a troca. Deixa Marx e abraça ternamente a Max Weber, que lhe responde:
“Por muito diferente que fossem nossas opiniões sobre a configuração da ordem social futura, aceitamos para o momento presente, a forma capitalista. Não porque nos parece melhor diante das antigas formas, mas por considerarmos praticamente inevitável e acreditamos que as tentativas de luta radical contra ela nunca seriam um progresso, mas antes um obstáculo no acesso da classe operária à luz da cultura.”
(Max, Weber, Sobre a teoria das Ciências Sociais, Lisboa: Presença, 1979, p. 29).
Míchkin e Weber se abraçam em silêncio. Míchkin está emocionado, Weber não tem a menor ideia de quem é aquela figura. Aproveitando que estava por ali, o príncipe epilético vai até Viena tentando encontrar Freud – isso porque ele está convencido que precisamos alistar o pai da psicanálise na análise das militâncias –, mas não o encontra. Os conceitos da velha esquerda como “luta de classes”, “democracia burguesa”, “sectarismo”, “fins justificam os meios” e outros, deveriam ser substituídos por conceitos como “narcisismo”, “voluntarismo”, “onipotência”, “paranoia” e “burrice”. Vejam que o fato de que os conceitos da esquerda e da psicanálise sejam, digamos, um pouco mais sofisticados do que a síntese apresentada não incomoda nosso quixote da nova moralidade necessária.
“Somos vitimas de um desequilíbrio psíquico”, brada, quase derrubando o samovar e o bule de chá. Concordamos, parece-nos até evidente. Há estudos que tentaram diagnosticar clinicamente a epilepsia de Liev Nikoláievitch Míchkin, assim como a de seu criador (Fiódor Dostoiévski) como síndrome de personalidade interictal na epilepsia do lobo temporal – há dúvidas se no lado esquerdo ou direito (eu não tenho nenhuma: é no da direita). Algumas características de comportamento costumam ser associados à doença, tais como a hipossexualidade, a hipergrafia, o caráter antissocial, associados ou não à sintomas como paranóia, humor deprimido e hipermoralismo. Segundo uminteressante artigo de Leonardo Cruz de Souza e Mirian Fabíola Studart Gurgel Mendes nos Arquivos de Neuropsquiatria, o príncipe Míchkim expressaria de forma brilhante no espectro literário os sintomas da doença de seu criador.
Freud, entretanto, tem outra opinião, para ele o trauma de odiar seu pai opressor e vê-lo sendo morto pelos camponeses desencadeou um processo psíquico de autopunição que levou à doença do escritor russo – patologia, portanto, de natureza histérica e não epilética. Mas nada disso nos interessa, porque da mesma forma que a história não nos serve como teoria (nem a economia, nem a filosofia), não será a psicanálise que terá algo a dizer. O que Freud queria mesmo dizer, mas não disse, talvez porque estava ocupado desenvolvendo a psicanálise, é que o “desequilíbrio psíquico” que aflige os nossos governantes (perigosos bolcheviques vermelhos) pode ser enquadrado nas categorias de “psicopatas e paranóicos simplórios”.
Freud, pelo que me lembro, não tratou disso, falou de enfermidades narcisísticas, as psicoses, dentre as quais a paranóia. Formas mais ou menos graves de cisão com a realidade. Mas isso não deve ser pertinente. Mais precisas são as categorias clínicas e políticas de “psicopatas e paranóicos simplórios”.
Falando em cisão com a realidade, nosso príncipe, já um tanto cansado de sua labuta para alertar as elites pensantes e velhos cultos, evoca Baudrillard que teria profetizado que “o comunismo hoje desintegrado se tornou viral”, isto é, seria capaz de contaminar o mundo, não por suas idéias e alternativas societárias (que teriam fracassado), mas “através de seu modelo de desfuncionamento e desestruturação brutal”.
Interessante ele lembrar de Baudrillard nesta sopa confusa de senso comum refinado com ácaros de cultura de bibliotecas estéreis. Não foi Baudrillard que disse “livre do real, você pode fazer algo mais real que o real: o hiper-real”? Nosso Míchkin navega nas pradarias do “hiper-real”. Agora entendi, tudo fica mais claro.
O príncipe epilético ainda tentou estabelecer uma conexão com o “eixo do mal” na America Latina, mas não desenvolveu. Estava exausto, e eu de saco cheio com tanta bobagem junta. Então, vamos aos finalmentes.
Como é possível ver, não há nada de novo nos argumentos e destemperos discursivos do autor. Entretanto, ele cumpre uma função precisa naquilo que de fato opera. Como dissemos, a ideologia opera através de mecanismos como a inversão, o ocultamento, a naturalização, a justificativa e a apresentação do particular como fosse universal. Vejamos.
Em primeiro lugar há uma clara inversão neste confuso discurso raivoso. O problema do Brasil é um governo de linha bolchevique, arraigado a dogmas do marxismo e da meta socialista que, por isso, não executa as “reformas necessárias” no Estado brasileiro (!!!).
Neste âmbito da “hiper-realidade” fica difícil seguir a análise. Os governos petistas aceitaram e assumiram a reforma do Estado nos mesmos moldes de seu antecessor e rejeitaram explicitamente qualquer nexo com a meta socialista que um dia defenderam, rendendo-se à forma capitalista como inevitável. Na inversão ideológica apresentada, o PSDB quer reformas e o PT é conservador e as impede.
O que fica oculto nesta artimanha é que, nos alerta o crítico, caso sigamos o caminho do “socialismo” iremos dar em uma “recessão barra-pesada”. Veja, tentando manter a sanidade, a crise que estamos enfrentando não resulta da opção por medidas ou formas socialistas de qualquer espécie, mas exatamente pela manutenção das formas capitalistas, do mercado e da perpetuação das relações burguesas de produção e propriedade.
A crise que estamos enfrentando não é culpa do socialismo, real ou imaginário. Se o socialismo fracassou e desapareceu como alternativa e a única alternativa possível é continuarmos no capitalismo, como professou Weber e não se cansa de repetir o Míchkin, como o socialismo pode nos levar para o buraco? Ah… é que ele, como uma ameaça viral, se impõe pelo seu “desfuncionamento” ou sua “desestruturação brutal”… Onde? Através de que políticas e ações governamentais?
Assim é fácil porque não precisamos encontrar a reposta no real – baudrillardamente, nos livramos do real. O autor é um militante imaginário, numa batalha imaginária contra um inimigo imaginário, e pior… está perdendo. Deve ser desesperador.
Toda essa engenharia imaginária acaba servindo para naturalizar uma determinada ordem, justificá-la. Filtrando toda a baboseira pretensiosa, destaco a única frase pertinente do artigo (pertinente pois expressa um juízo preciso do autor): “infelizmente ou não, inexiste no mundo atual uma alternativa ao capitalismo. Isso é óbvio”. Precisamente, nisso não há nada de óbvio. Dito de outra maneira, o argumento é o seguinte: se o capitalismo é inevitável o que atrapalha a humanidade são aqueles que ainda não perceberam isso e tentam insistir nas alternativas radicais para superá-lo. Com efeito, essa construção ideológica acaba por justificar o capitalismo e eximi-lo da catástrofe que a humanidade se meteu seguindo o caminho proposto por seus defensores. A ideologia aqui apresentada quer botar a culpa na gente!
Ao atacar o petismo como “neobolchevismo”, a critica capenga oculta as verdadeiras e necessárias alternativas, tenta desqualificá-las, antes mesmo que elas se apresentem. O PT é a expressão do pragmatismo que abandonou da meta socialista e revolucionária para construir uma estratégia de permanência no governo. Entender como bolchevismo a ocupação dos dez mil cargos de confiança por membros do PT é não entender o que é burocracia (que não foi inventada nem se restringe à experiência socialista). Já que o próprio autor propôs, eu tenho uma dica: vá ler Weber.
Por fim, não é a defesa da ordem capitalista, não é a sociedade burguesa… é a humanidade que precisa ser defendida, diz o príncipe angustiado. Não, não é. A ordem capitalista e os interesses burgueses foram devolvidos à sua particularidade, perderam a universalidade abstrata e restrita que um dia expressaram na fase revolucionária da burguesia. Capital e humanidade são hoje antagônicos, o que implica dizer que a sobrevivência de um ameaça a continuidade de outro.
Quando a solução era o capitalismo a história tinha sentido e objetividade, agora que chegamos ao capitalismo plenamente desenvolvido e o mundo, nas palavras de Adorno e Horkheimer, se assemelha a uma calamidade triunfal, devemos encarar que devemos “acabar com a fé e a esperança – trabalhar no mundo do não sentido, procurar caminhos, sem saber para onde vamos”! Bem vindo ao deserto da pós-modernidade.
Há uma alternativa para o Brasil e para o mundo e esta alternativa é anticapitalista e socialista. O que fracassou no Brasil foi o capitalismo real, aquele que estão nos impondo durante todo o século XX e início do século XXI sempre nos afirmando que agora vai. Não foi, e estamos escrevendo numa conta para o dia que este mundo vai virar. Se a ordem moribunda do mercado e do capital confunde sua existência com a da humanidade e quer arrastar-nos para a cova para a qual caminha, devemos nos desvencilhar de suas armadilhas ideológicas e recusar os conselhos dos profetas que nos empurram para o abismo para nos salvar da queda.
Não há esta passagem que vou citar no livro de Dostoiévski, mas depois que aprendi que posso me livrar do real, fiquei mais tranquilo em descrevê-la. O príncipe Liev Nikoláievitch Míchkin, em determinado momento, lamenta-se que as pessoas acham que ele é um idiota, mas não deixam de perceber sua grande inteligência. Neste momento, lá da realidade, sai um operário, entra na cena, atravessa a sala e colocando a mão no ombro de Míchkin, mais amistoso que violento, lhe diz com voz calma: Míchkin… você é um idiota!

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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Quem é Pezão?


"Se alguém tem alguma dúvida de quem é Pezão, quem é Pezão está respondido. Pezão é o vice-governador do Rio de Janeiro, que foi um dos grandes responsáveis pela recuperação da Região Serrana. Vocês se lembram disso? Friburgo não tinha Prefeito. Quem respondia pelo Poder Público em Friburgo era Pezão. Então, quem é Pezão? É uma pessoa que tem muito a falar nesse momento. Quem é Pezão? Eu é que pergunto", afirmou Marcelo Freixo na quinta-feira (21/3), ao comentar na Alerj a tragédia ocorrida na Região Serrana.

Saiba melhor quem é Pezão assistindo ao vídeo:


terça-feira, 8 de abril de 2014

OTAN: 65 anos de crimes 'humanitários'

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Russia Today - Tradução do Diário Liberdade

Ainda que a OTAN tenha sido fundada há 65 anos como uma força de segurança coletiva, para muitos se converteu em uma mera fonte de conflitos armados em todo o mundo. Por que, durante todos esses ano, a aliança não conseguiu fazer do mundo um lugar melhor?



"Vae Victis!" ("Ai dos vencidos!"), foi a resposta que o general gaulês Breno deu aos derrotados romanos quando esses se queixaram de que a balança com a qual mediam o ouro que deviam pagar para obter a retirada gaulesa estava manipulada. Com a soberba de um vencedor, Breno dava essa advertência enquanto lançava sua espada no prato da balança onde estavam os pesos, conta em seu quinto livro o historiador romano Tito Lívio.

Tudo parece indicar que, tanto os governantes dos Estados Unidos como outros líderes da OTAN, aprenderam muito com a história, sobretudo as suas páginas mais cínicas.

Em seu recente discurso no Palácio de Belas Artes de Bruxelas, o presidente estadunidense, Barack Obama, afirmou que os EUA e a Europa não querem controlar a Ucrânia e não buscam um conflito com a Rússia, e sim, a OTAN há 65 anos não faz nada mais que levar a democracia.

O Tratado da Aliança do Atlântico Norte, mais tarde Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) foi criado em 1949 e, segundo seu artigo 5º busca finalidades puramente defensivas e de ajuda mútua no caso de um ataque contra algum dos Estados membros. Mas a história tem mostrado como sabem mentir os Estados que se proclamam "democráticos".

Com o desaparecimento do bloco soviético, o simples senso comum de várias pessoas os fez pensar que desapareceria também a OTAN, mas aconteceu o contrário: partindo do velho princípio "vae victis", o bloco incorporou países da Europa do Leste, ignorando seus verdadeiros e inumeráveis crimes.

Abaixo, apresentamos um breve "guia" dos conflitos mais sangrentos desatados pela OTAN nos últimos 20 anos, diplomaticamente chamados por eles de "operações de manutenção da paz".

65 anos de "manutenção da paz" ao estilo da OTAN

O desprezo à vida ou à condição humana do outro, próprio das ações militares da OTAN, não é uma novidade para os países que agora fazem parte deste bloco. Poderíamos começar pela primeira arma biológica (cobertores contaminados com varíola) utilizada pelos ingleses contra os índios de Delaware em 1763, seguir com os massacres que cometeram em diferentes continentes nos séculos XVIII e XIX, etc. No entanto, nos limitaremos em recordar os mais recentes.

Antiga Iugoslávia
Vítimas mortais: 5.700 pessoas, incluindo 400 crianças
Feridos: cerca de 7.000 civis, sendo 30% crianças
Desaparecidos: 821 pessoas

Afeganistão
Vítimas mortais: 35.000 pessoas
Refugiados: 500.000 pessoas
E mais: o agravamento dos conflitos étnicos , terrorismo, vertiginoso aumento do tráfico de drogas, etc.

Iraque
Durante a guerra no Iraque, morreram cerca de um milhão de iraquianos: as maiores baixas da história moderna. Uma quarta parte deles era de mulheres e crianças. A OTAN utilizou em sua interveção algumas armas probidas, como o fósforo branco.

Líbia
Mortos: mais de 20.000 pessoas (entre militares e civis)
Refugiados: mais de 350.000 pessoas
Em agosto de 2011, o secretário-geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, argumentou, com a mesma arrogância do lendário gaulês, que as ações dos aviões da OTAN na Líbia não causaram dano aos civis.

65 anos de falsificações da OTAN e dos Estados Unidos

Vietnã
Como exemplo dos golpes dos EUA, pode servir o incidente no Golfo de Tonkin, em agosto de 1964, que serviu de pretexto para um agressão sangrenta contra o Vietnã. Em 1964, o Pentágono anunciou que lanchas norte-vietnamitas supostamente haviam atacado buques da Marinha estadunidense. Depois de 40 anos, o governo dos EUA desclassificou documentos de arquivos militares e foi revelado que a campanha contra o Vietnã do Norte foi descaradamente pré-fabricada. Após o incidente de Tonkin, a Força Aérea dos EUA empreendeu uma série de bombardeios que causaram milhares de vítimas entre a população civil.

Os países da antiga Iugoslávia
A razão formal foi a descoberta, no povoado kosovar de Racak — segundo os observadores ocidentais —, de uma fossa comum com os corpos de 45 albaneses supostamente fuzilados por tropas iugoslavas. Mais tarde, foi descoberto que se tratava de uma falsificação organizada com a participação das agências de inteligência ocidentais. A grande maioria dos enterrados era militares do Exército de Libertação do Kosovo, mortos em diferentes zonas da província em enfrentamentos com as forças de segurança iugoslavas.

Paralelamente à preparação para o ataque sobre a Iugoslávia, o então presidente dos EUA, Bill Clinton, esteve implicado em um escândalo sexual por suas relações com Monica Lewinsky.

Resultado: durante os bombardeios da OTAN, não só foram destruídas as instalações militares da Força Aérea da Sérvia e as empresas da indústria militar, mas também a infraestrutura civil do país: pontes, fábricas, transporte, centrais elétricas e linhas de transmissão.

Talvez a melhor classificação dos crimes dos EUA e da OTAN na Iugoslávia tenha sido dada pelo ex-melhor amigo do Ocidente, prêmio Nobel de Literatura e defensor dos direitos humanos Alexánder Solzhenitsyn, que comparou as ações da Aliança com os crimes dos nazistas: "O pior não é nem o bombardeio à Sérvia, por incrível que pareça, mas sim o fato de a OTAN nos ter levado a uma nova era. Tal como Hitler fez anteriormente, ao lançar-se a uma de suas aventuras e excluindo a Alemanha da Liga das Nações (...), os EUA e a OTAN deixaram de lado o sistema de segurança coletiva das Nações Unidas, o reconhecimento da soberania dos Estados. Começaram uma nova era: o que for o mais forte, pode pressionar os demais. É isso o que dá medo...".

Iraque
As tropas estadunidenses e britânicas invadiram este país sob o pretexto de que o Iraque supostamente tinha armas de destruição em massa, ou seja, biológicas. Uma razão adicional foi, como de costume, a "luta pela democracia".

A "democratização" do Iraque custou a vida de um milhão de iraquianos. As armas biológicas, obviamente, não foram achadas. Sadam Hussein foi executado publicamente. 

Em 2004, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Colin Powell, admitiu que os dados que deram lugar ao sangrento ataque haviam sido "inexatos", ou seja, falsificados (falando o português claro), e estavam baseados em informação fornecida pela CIA. "Estou profundamente decepcionado por isto e lamento", disse Powell. Nós "lamentamos" também, mas não esquecemos.

Utilização de armas desumanas

Vietnã
O napalm é uma espécie de gasolina ou gelatinosa, um combustível capaz de arder sem oxigênio. Em outras palavras, o napalm literalmente queima uma pessoa ainda viva e quase não há maneira de apagá-lo. Mais tarde, em 1980, a Convenção da ONU sobre a proibição de armas proibiu o uso desta terrível arma, mas antes as bombas dos EUA puderam matar milhares de vietnamitas.

Os países da antiga Iugoslávia
Na operação militar dos EUA contra a Iugoslávia, foram utilizadas armas que causam grandes vítimas entre a população civil e proibidas pela Carta de Nuremberg, assim como pelas convenções de Haia e de Genebra.

Em primeiro lugar, se trata de projéteis de urânio empobrecido amplamente usados na martirizada terra sérvia. Sendo desenvolvidas para destruir o material blindado, ao explodir, essas munições são altamente tóxicas e radioativas, perigosas para os seres humanos e o que está ao seu redor.

Em segundo lugar, a OTAN utilizou as denominadas "bombas de fragmentação", armas extremamente perigosas para a população civil. Uma bomba cluster é a que, ao alcançar a altura programada por um altímetro, se abre no ar e deixa cair centenas ou dezenas de submunições, normalmente de diferentes tipos (anti-personal, perfurante, incendiária, etc) cobrindo uma importante superfície.

Posto que as submunições que caíram em terra nem sempre explodem, podem se converter em minas enterradas, conservando seu perigo mesmo depois do fim da guerra. Apresentam perigo principalmente às crianças, por terem formas diversas, como bolas ou latas.

Iraque
A campanha militar no Iraque se caracterizou por vários crimes de guerra cometidos pela OTAN. Basta recordar o escândalo de torturas e abusos de prisioneiros na tristemente famosa prisão Abu Ghraib.

Outra face desta operação democrática foi a violência contra os civis (assassinatos, violações, roubos, sobretudo de museus). E, obviamente, o uso de um dos piores tipos de armas químicas incendiárias: o fósforo branco. Este tipo de arma que queima o corpo e dissolve a carne até o osso, foi proibido por uma Convenção da ONU em 1980, ainda não ratificada pelos EUA.


Fonte: Diário Liberdade

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Pepe Mujica entrevistado no Canal Livre da Band


Da Rede Bandeirantes

Os jornalistas Ricardo Boechat, Fernando Mitre e Fabio Pannunzio viajaram até o Uruguai para entrevistar o presidente do país, José Mujica. Eleito em 2009, "El Pepe" vive e casa modesta na zona rural de Montevidéu, doa maior parte do seu salário para pessoas carentes e se locomove no seu fusca 1977. O primeiro bloco do programa discute a descriminalização da maconha.




domingo, 6 de abril de 2014

E se os bancos entrarem em extinção?



Internet e novas tecnologias começam a abalar formas tradicionais de empréstimo e poupança. Haverá espaço para sistema financeiro alternativo?
Por Kavin Maney | Tradução: Antonio Martins
A atividade bancária, na forma em que a conhecemos, está começando a parecer mais ultrapassada que uma impressora matricial.
Na China, os consumidores estão depositando suas poupanças em empresas de Internet, ao invés de bancos. Nas Filipinas, uma classe média emergente paga suas despesas utilizando-se de uma nova cepa de financiadores, baseados em redes sociais. Nos Estados Unidos, um terço dos integrantes da geração nascida a partir de 1980 dizem que esperam usar serviços financeiros baseados em tecnologia, ao invés de bancos. Ao mesmo tempo, 71% afirmam que “prefeririam ir ao dentista, ao que os bancos dizem”.
Greg McBride, analista sênior no Bankrate.com, teria dito, recentemente: “Podem me chamar de ultrapassado, mas para construir riquezas, poupar e investir, você precisará ser parte do sistema financeiro tradicional”. À luz dos fatos mais recentes, esta sentença soa como a de um pai dizendo aos filhos para evitar sexo antes do casamento.
Os bancos são, em essência, dados – montanhas de dados financeiros. Eles trabalharam intensamente, nas últimas décadas, para esvaziar suas próprias agências, por meio da tecnologia. Por isso, para muitos de seus clientes, eles não são mais uma entidade física. O dinheiro converteu-se em códigos trafegando em redes. A principal vantagem comparativa dos bancos são, hoje, as regulações que mantêm eventuais concorrentes afastados.
Mas mesmo estas regras não poderão proteger os banqueiros por muito tempo. O velho conceito de atividade bancária está sendo atacado por todos os lados, por instituições de novo tipo, que são mais hábeis no manejo de dados e os utilizam de forma mais imaginativa. Há anos, os bancos têm sido vistos, em teoria, como organizações prestes a ser superadas. Mas agora, parece claro como isso pode acontecer.
A superação pode ser disparada pela evolução tecnológica. Fenômenos assim ocorrem, às vezes, na forma de um colapso catastrófico provocado pela internet – como se deu com os CDs, após o advento da música digital. Mas os bancos podem viver uma experiência diferente – semelhante à lenta corrosão de uma casa infestada por cupins, que em certo ponto atingem, simultaneamente, diversas vigas de sustentação.
Um destes cupins pode ser o Lenddo. É uma empresa norte-americana que opera na Ásia, utilizando dados, para a atividade bancária, de uma forma que os bancos nunca considerariam. O insight da Lenddo é: os dados sobre quem você conhece, nas redes sociais, e sobre o que estas pessoas dizem de você, são mais precisos que a pontuação estabelecida pelos bancos para calcular se você pagará um empréstimo ou não.
“Por séculos, os empréstimos foram baseados em reputação”, diz Jeff Steward, o executivo-chefe da Lenddo. “As redes sociais permitem retornar a este princípio, agora em escala global”. Por enquanto, a Lenddo opera apenas nas Filipinas, México e Colômbia. Nestes países, surgiu uma classe média emergente que, no entanto, não tem acesso a empréstimos bancários. A Lenddo está oferecendo tais financiamentos com base em reputação social, desviando dos bancos uma geração de clientes.
A Lenddo não empresta nos EUA devido às regulações que favorecem o sistema bancário. “Atuamos nas Filipinas e fazemos empréstimos gastando menos do que custaria obter uma cotação de crédito no estado de Nova York”, diz Steward. Mas num mundo hiperconectado, as finanças são globais. Se a Lenddo e inciativas similares forem bem-sucedidas no mundo em desenvolvimento, isso não repercutirá nos próprios EUA e Europa, por exemplo?
Na China, empresas tecnológicas estão estabelecendo outro precedente. Há menos de um ano, a Alibaba, [maior empresa de comércio eletrônico do mundo], que tem centenas de milhões de usuários, começou a captar suas poupanças, oferecendo taxas de juros mais altas que as dos bancos chineses. Até fevereiro, 81 milhões de pessoas haviam aderido. Há pouco, o Baidu [um similar do Google, chinês], solicitou do governo licença para praticar atividades bancárias.
Por que uma empresa de internet entraria na atividade bancária? A resposta são dados! Nos bastidores, os executivos do Google e Facebook certamente estão observando Alibaba e Baidu, e sonhando em seguir seus exemplos. Nos EUA, apesar das regulações em favor dos bancos, estes estão sendo obrigados a enfrentar novas iniciativas, que os fustigam nas margens. Seis anos após a crise das hipotecassubprime, os grandes bancos ainda temem emprestar para pequenas empresas, o que cria um enorme contingente de sem-crédito. Isso abriu brecha para um novo tipo de emprestador, como o Dealstruck. Ele usa a internet para conectar gente com poupança disponível a donos de pequenos negócios que precisam de dinheiro. Estes emprestadores alternativos, baseados em tecnologia, estão crescendo muito rapidamente.
Há também as moedas virtuais. Ou o Bitcoin, ou outro sistema de transações digitais, irá explodir, em poucos anos. Exercerá, sobre as bandeiras de cartão de crédito, a mesma pressão que o Skype exerceu entre as empresas de telefonia de longa distância. Ao criar um modo mais simples e mais barato de pagamento, as transações digitais atrairão usuários dos cartões bancários e corroerão rendas vitais para o sistema.
À medida em que novas iniciativas oferecerem maneiras inovadoras de lidar com dinheiro, os bancos não poderão ser resgatados por suas relações com o público. A maior parte das pessoas não conhece melhor os caixas ou gerentes de banco do que conhece os operadores de pedágio. Ao operarem online, os bancos oferecem produtos não-diferenciados, cobram juros, impõem tarifas e fazem o favor de não deixar que nosso dinheiro seja roubado ou perdido.
A nova geração não despejará uma lágrima pelos bancos. Uma pesquisa de três anos, da Scratch – a mesma que comparou ir ao dentista com ouvir as instituições financeiras – concluiu que os nascidos entre 1981 e 2000 provocarão mudanças “sísmicas” na atividade bancária.
Mesmo a consultoria Accenture afirma que o futuro não parece luminoso para os bancos: “35% do mercado bancário nos EUA poderia ser abocanhado por outras iniciativas até 2020”, diz um relatório da empresa. Segundo ele, 15% do faturamento dos bancos tradicionais poderia migrar para empreendimentos baseados em tecnologia. Os grandes bancos, com todos os seus custos operacionais, pode não suportar os efeitos. Grandes estruturas precisam perder apenas uma ou duas vigas, antes de tremer e entrar em colapso.