quinta-feira, 6 de junho de 2013

'Copa do povo': Um bilhão e fraude para Maracanã virar "SA"

Clique aqui para ver a reportagem completa do Lúcio de Castro e Gabriela Moreira: Dossiê Maracanã

maracanossoudeles

Hugo C. de Souza

Uma brilhante reportagem dos jornalistas Lúcio de Castro e Gabriela Moreira, publicada e levada ao ar em maio, ajudou a jogar ainda mais luz sobre a farra das obras em estádios de futebol na semicolônia Brasil – farra promovida pelo velho Estado e as grandes empreiteiras com recursos públicos – e a desmistificar a contrapropaganda enganosa do gerenciamento petista e dos patrocinadores do torneio mundial de seleções de futebol marcado para 2014 no Brasil de que a Copa do Mundo que se avizinha será "a copa do povo".

Lúcio de Castro e Gabriela Moreira, repórteres da ESPN Brasil, fuçaram documentos e descobriram um baita conflito de interesses no processo que permitiu, para alegria das construtoras, a derrubada da marquise do estádio Mário Filho, o Maracanã, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan).

O arranjo consistiu no seguinte: as obras de mudança da arquitetura do Maracanã, ou seja, o atropelo do tombamento do projeto e do conceito do estádio para atender às exigências da Federação Internacional de Futebol (Fifa), só foram possíveis graças a uma autorização dada por um arquiteto que na época do aval tinha matrícula na Secretaria de Obras do estado do Rio de Janeiro (parte requerente) e ao mesmo tempo ocupava o posto de superintendente do Iphan, e que hoje, após missão cumprida no Instituto, ocupa cargo no governo fluminense, em outra secretaria, remunerado com R$ 10 mil mensais.

 

A aparente manobra para driblar o imperativo destombamento do Maracanã (algo que necessitaria da assinatura da presidência da República, ônus que Dilma não quis assumir) e assim atender aos interesses da Fifa e de empreiteiras amigas do "governador" Sergio Cabral suscitou, uma vez escancarada, reação do Ministério Público Federal e do autor da proposta de tombamento do Maracanã, que chegou a ser citado no infame parecer pró-Fifa, pró-Cabral e pró-empreiteiras em tentativa de embasar a decisão, quase que como um grande deboche.

Estádio Mané Garrincha: R$ 1,5 bilhão para nada

O autor da proposta de tombamento do Maracanã, Nestor Goulart Reis de Andrade, repudiou o "parecer técnico" que autorizou a destruição do estádio, bilionária destruição apelidada de "reforma", dizendo em uma reunião do conselho consultivo do Iphan:

 
O estádio do Maracanã em reformas. Parte do teto e das cadeiras foram colocados. Estádio vai receber as finais da Copa das Confederações e do Mundial de 2014
Foto: Ricardo Moraes / Reuters

"Esse parecer do Superintendente Regional do Rio de Janeiro, pseudo-parecer, de justificativa (e não cabe ao administrador e Superintendente do IPHAN no Rio de Janeiro agir desse modo) tem todos os defeitos possíveis. Inverte o sentido e alega que paisagem seria uma coisa simbólica. Conservação não admite demolição. Isso é um ato absolutamente irregular".

Tudo isso, ou seja, a artimanha para driblar a necessidade de destombamento do Maracanã e assim atender às exigências da Fifa – e os interesses de empreiteiras e do senhor Eike Batista – é a rigor um arranjo menor dentro da fraude maior de queimar nada menos do que R$ 1 bilhão em recursos públicos para "reformar" o Maracanã e, mal terminada a obra, repassar o direito de "exploração" do estádio a um grupo econômico privado, nomeadamente o consórcio Maracanã SA, que tem à frente o mais amigo e capitalista dos capitalistas amigos de Cabral.

 Protesto privatização estádio Maracanã (Foto: André Durão / Globoesporte.com)

Esta grande fraude do tamanho de US$ 1 bilhão integra todo um projeto muito bem delineado para que grandes grupos econômicos capitalistas, nacionais e transnacionais, suguem o máximo que puderem em lucros em tudo o que envolve a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, tudo sob o escopo das "exigências da Fifa".

Outro exemplo é a milionária construção do estádio Mané Garrincha, em Brasília, mesmo contra todas as evidências de que Brasília não tem demanda para grandes estádios de futebol. O estádio servirá apenas para encher o bolso das empreiteiras e para receber meia dúzia de jogos da copa. Depois, ficará abandonado. Custou nada menos que US$ 1,5 bilhão em recursos do povo, riquezas produzidas pelo povo trabalhador brasileiro, cifra que significa um grande escárnio desta gerência oportunista dirigido aos trabalhadores da semicolônia Brasil, que mal têm acesso à educação, saúde, transporte e moradia dignos.


2 comentários:

  1. PODERIAM FAZER UMA GREVE PRÉ COPA ,,,NINGUÉM IR AOS ESTÁDIOS ... DEIXAR OS GRINGOS IR ......

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  2. PODERIAM FAZER UMA GREVE PRÉ COPA ....

    DEIXAR SÓ OS GRINGOS .....

    NA TELEVISÃO É BEM MELHOR MESMO !!!!!!

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