domingo, 27 de novembro de 2011

Cine Exclusão


Uma rede de cinemas multiplex adotou um sistema de salas VIP.  Nessas salas pagando módicos R$50 em média você pode se sentir o próprio Eike Batista ou Roberto Justus numa sessão de um blockbuster. E olha que maravilha, lá dentro são servidos pipocas com azeites aromatizados, sanduíches de parma com queijo de cabra acompanhado de batatas prussianas (não sei onde se arruma essas batatas, a Prússia já não existe a muito tempo e muitos que delas comem, nem sabem onde a Prússia ficava), café expresso com leite vaporizado, cheese cake com calda de pimenta e para beber vinhos e espumantes. Todo isso com o tratamento que nós todos, ôpa, ou só poucos podem ter? Lobby e bilheterias exclusivas, poltronas com mesas individuais; para que os clientes fiquei mais confortáveis e não enfrente a cara da gentalha na fila.
Bem, o cinema sem essas salas já é uma forma de exclusão, pois a maioria se encontra dentro de shoppings e nem todo mundo tem acessos aos esses centros comerciais, agora existe uma exclusão dentro do agente excludente, é a exclusão pela exclusão.
A localização dessas salas fica no templo da submissão cultural no shopping que tem o símbolo maior da "liberdade" imperialista. No bairro que nem parece ser do Rio de Janeiro e nem do Brasil, vive numa outra dimensão, no bairro das maravilhas que vive na procura da sua Alice ou então da sua Rainha de Copas.
Nem preciso comentar as películas (que termo velho na era digital) que são exibidas nesses cinemas por que seria perda de tempo, com certeza os filmes que eu gosto não passam neles.
A conclusão que eu tenho é que cada vez mais o cinema está deixando de ser a sétima arte, a história em si hoje em dia é o menos relevante, o legal é o status, onde você frequenta, o que você come, o que bebe; e tem que ser diferente dos demais, se for um pouquinho igual, não presta. Me iludi um pouco achando que a arte estava fora desse mundo de consumo excludente, mas o que vale mesmo é o fetiche proporcionado pelo consumo.


 "A existência das coisas enquanto mercadorias, e a relação de valor entre os produtos de trabalho que os marca como mercadorias, não têm absolutamente conexão alguma com suas propriedades físicas e com as relações materiais que daí se originam… É uma relação social definida entre os homens que assume, a seus olhos, a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas." (Karl Marx)

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