domingo, 16 de fevereiro de 2014

Resumo da história sobre a morte do cinegrafista na manifestação



Por Samuel Braun

Os 10 passos de uma história que não deve nada ao carro explodido pela ditadura no RioCentro.

1 - Fabio se entrega voluntariamente à polícia, acompanhado de um advogado particular.

1.A - Nenhum manifestante (ou PM) se entregou até hoje, em nenhuma manifestação.

1.B - Fabio não estava foragido, nem procurado, ele resolveu se apresentar 'voluntariamente'.

2 - Seu advogado é o mesmo que fez a defesa de ex-vereador miliciano preso em penitenciaria federal.

2.A - O miliciano preso é irmão de outro miliciano preso, Jerominho, do mesmo partido (PMDB) do governador e do prefeito, alvos dos protestos.

2.B - Quando defendia o miliciano, responsável pela morte de diversas pessoas em chacinas, este advogado não entregou seu cliente em nenhuma delegacia.

3 - Advogado denuncia, através de seu assistente, o deputado Freixo como ligado aos atos criminosos em apuração.

3.A - Após fazer questão de comunicar esta versão ao delegado e registrá-la, voltou atrás. Não antes de toda mídia dar ampla divulgação.

3.B - Freixo concorreu contra Eduardo Paes e se constituiu como único candidato forte de oposição ao atual governo.

4 - Fabio alega que apenas entregou o artefato, que outra pessoa o detonou, mas não sabe quem foi.

4.A - Fabio repentinamente conhece alguém, que conhece alguém que sabe nome, apelido e CPF deste que teria acendido o artefato.

4.B - O tal denunciante não é revelado, e o advogado é que assume a responsabilidade pela denúncia.

5 - O advogado Jonas denuncia à polícia quem teria sido o detonador do artefato. A estratégia da defesa de Fabio é responsabilizar Caio, negro de cabelo curto e duro.

5.A - As imagens apontam um rapaz claro, cabelos lisos e volumosos.

5.B - Polícia vai a caça de Caio na casa de sua família. Jonas, o advogado denunciante vai junto.

6 - Partem num avião um delegado do Rio, o advogado denunciante e a imprensa para prenderem Caio na Bahia, após sua família ser pressionada a entregá-lo.

6.A - Caio é preso pelo delegado e pelo advogado denunciante. Um trunfo para a defesa de Fabio.

6.B - Inexplicavelmente, o advogado de Fabio, denunciante e auxiliar na captura, vira defensor TAMBÉM de Caio.


7 - Jonas, que não entregou Natalino, mas entregou Fabio, acusou e prendeu Caio agora defende Caio contra Fabio e Fabio contra Caio.

7.A - a polícia aceita que um advogado da parte ré participe de uma operação policial.

7.B - Autoridade policial aceita, sem estranhamento, que advogado de um réu que denunciou outro e auxiliou na prisão deste siga como defensor deste.

8 - Jonas, o advogado que faz prisões, e a Globo, que teve permissão pra cobrir com exclusividade a operação (porque, porque?) dizem que Caio afirmou que "políticos aliciam para manifestações".

8.A - Caio não assinou nenhuma declaração nesse sentido. Um vídeo mostra que ele disse claramente que pessoas são convocadas (não aliciadas) e que é papel da polícia investigar quem convoca (portanto, não acusou ninguém, muito menos políticos).

9- Senadores do PT, PRB e PP (aliança dos governos municipal e estadual, foco dos protestos) apresenta projeto que tipifica manifestação e greve como terrorismo. Outro senador do mesmo partido sobe na tribuna exigindo urgência na aprovação.

9.A - Secretário de Segurança do Rio apresenta projeto para Congresso (!!!) para tipificar também crime de desordem e incitação a desordem pública.

9.B - Imprensa, liderada pela Globo, exige maior repressão policial e jurídica ao que chama de atentado à liberdade de imprensa.


10 - Instituições democráticas, partidos de esquerda, militantes e personalidades ligada aos governos apoiam a cruzada acima.

10.A - Em se aprovando os projetos, todas as atividades dos sindicatos, entidades estudantis e movimentos sociais serão considerados terrorismo e desordem pública.

10.B - Santiago foi a 10ª pessoa morta em decorrência das manifestações, a primeira por conta de manifestantes. Das outras 9, nem o nome se sabe direito.


Fonte: Página do Facebook

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