Vladimir Ilitch Ulianov Lenin, dirigente do Partido Bolchevique,
condutor da primeira revolução socialista, criador do Estado Socialista
Soviético, grande mestre da ciência marxista, nasceu em Simbirsk
(cidade russa que, após sua morte, em 1924, passou a se chamar
Ulianovsk).
Ao ingressar na faculdade de direito, aos 17 anos,
foi preso e expulso da universidade por participar de manifestações
estudantis contra o czarismo. Na ocasião, um policial lhe disse: "Estás
a lutar contra um muro de pedra", o que foi respondido prontamente
pelo jovem Lenin: "Um muro sim, mas apodrecido e cairá com um pontapé".
Como organizador do primeiro círculo marxista em Samara, no final dos
anos de 1890, Lenin destacou-se pelo profundo conhecimento da ciência
do proletariado, pela dedicação ao estudo e pela incansável luta por
aplicar o marxismo às condições concretas da Rússia, desenvolvendo-o a
uma nova e segunda etapa com a realização e triunfo da revolução
socialista. Sob sua direção, deu-se a unificação de todos os círculos
operários marxistas de Petersburgo na ‘União de Luta pela Emancipação
da Classe Operária’, primeiro gérmen do partido proletário
revolucionário na Rússia.
Perseguido pela reação, no desterro,
no outono de 1900 criou o primeiro jornal político dos marxistas para
toda a Rússia, a Iskra (a Centelha). E foi através da Iskra que Lenin
travou o mais implacável combate contra todo tipo de oportunismo, tal
como o economicismo e o espontaneísmo que grassavam no seio do
movimento operário russo e europeu.
O trabalho hercúleo de
organização da luta prática do proletariado não foi obstáculo para que
Lenin produzisse sua vasta obra, muito ao contrário, enfatizou que "sem teoria revolucionária não pode haver prática revolucionária". Em março de 1902 foi publicado o Que fazer?,
que aplastou o economicismo e lançou as bases ideológicas e políticas
para a construção do partido revolucionário do proletariado russo como
partido de novo tipo.
Travou ferrenha luta contra os
mencheviques e outras correntes oportunistas que ameaçavam frear o
desenvolvimento da revolução, tal como em 1905. Em sua magistral obra Duas táticas da socialdemocracia na revolução democrática,
Lenin demonstrou sua assimilação aguda do marxismo e o manejo da
dialética materialista, dando aos comunistas russos e de todo o mundo a
justa compreensão sobre os problemas da relação entre a revolução
democrática burguesa e a revolução socialista, de como o proletariado
era o mais interessado na revolução democrática para aprofundá-la e
transformá-la em revolução socialista.
Sob a direção de Lenin e
Stalin foi criado, em 1912, o periódico de massas Pravda (Verdade),
importante instrumento de agitação e propaganda dos comunistas.
Lenin, estudando e compreendendo que o capitalismo teria esgotado sua
fase de livre concorrência e entrara em outra, denominou-a como sua
fase superior e revelou a sua particularidade de ser o capitalismo
monopolista, parasitário ou em decomposição e agonizante. Mostrou que
esta fase era a continuação de todas as características essenciais do
capital, que tornara-se uma tendência para a reação e a guerra, que seu
advento dividira o mundo em um punhado de nações opressoras por um
lado, e do outro, a imensa maioria de nações oprimidas por aquelas
potências, numa disputa constante pela partilha e repartilha do mundo.
Assim compreendeu como inevitável o desencadeamento da I Guerra
Mundial. Lenin desmascarou os oportunistas encobertos pelo nome de
marxistas que, seguindo a burguesia de seus países, abandonaram a
bandeira da revolução e apoiaram seus governos na grande carnificina
sobre as massas populares. Ao contrário disto, Lenin convocou os
comunistas e o proletariado russo a transformar a guerra imperialista
em guerra civil revolucionária. Nos ásperos tempos da guerra, Lenin
aprofundou ainda mais seus estudos do marxismo e da realidade russa,
produziu inúmeras obras no campo da filosofia marxista.
Em
fevereiro de 1917 explode a revolução democrática depondo o Tzar e
criando o governo provisório. Lenin rechaçou tomar parte nesse governo
revelando-o como a resistência burguesa à continuação da revolução
proletária. Formulou suas famosas Teses de abril, com que
mostrava que surgira uma dualidade de poder e que o novo poder
revolucionário não era o governo provisório e sim os Sovietes
(conselhos) de delegados operários, camponeses e soldados. E que
através de se passar todo o poder para os Sovietes se realizaria a
transformação da revolução democrático-burguesa em revolução socialista.
Em duras condições de clandestinidade, a partir de julho daquele ano,
Lenin segue dirigindo o partido. Nesse período, expõe com clarividência
única toda a concepção marxista sobre o Estado e a Revolução com a
obra de mesmo nome, desenvolvendo a teoria de Marx e Engels da ditadura
do proletariado, da necessidade não de se tomar a máquina estatal da
reação, senão que destruí-la e sobre suas cinzas erigir uma nova
organização estatal como expressão do poder armado das massas sob
hegemonia e direção do proletariado, através de seu partido.
Nos tormentosos meses de setembro e outubro de 1917, Lenin mantinha
ligações com o Comitê Central do partido e mostrou que chegara a hora
de assaltar o poder, de passar à tarefa da insurreição armada e que o
partido teria de se incumbir dela, já que a maioria da direção dos
Sovietes, dominada pelos mencheviques e esseristas1, havia
passado para o lado da burguesia e assim a revolução perigava sob a
iminência de se desencadear a contrarrevolução. Na noite de 24 de
outubro (6 de novembro no calendário ocidental) de 1917, desatou a
insurreição. Na madrugada do dia 25, Lenin pronunciou perante os
delegados do Congresso dos Sovietes de toda a Rússia que o poder do
proletariado em aliança com o campesinato pobre estava estabelecido.
Os anos que se seguiram foram de luta pela edificação do primeiro
Estado socialista. As massas populares do campo e da cidade, dirigidas
pelo agora Partido Comunista da Rússia (Bolchevique), demoliram golpe a
golpe a velha ordem feudal/burguesa/imperialista e edificaram uma nova
política, uma nova economia, um novo país.
Em 1919, como
resultado do trabalho encabeçado por Lenin para reagrupar e reorganizar
as forças do proletariado revolucionário internacional, foi criada a
Terceira Internacional, ou Internacional Comunista, em oposição à
traidora II Internacional, renegada do marxismo.
Lenin dedicou
sua vida ao proletariado russo e internacional. Seu trabalho
infatigável e sua abnegação sem limites, somadas aos constantes ataques
da reação e atentados de que foi alvo por parte da reação, levaram a
sua morte prematura, aos 53 anos de idade, no dia 1 de janeiro de 1924.
Mesmo com a saúde bastante debilitada, Lenin foi até seu último
suspiro o gigante de espirito indomável, homem de ciência e ação, titã
do combate revolucionário e de inquebrantável fé nas massas e no futuro
luminoso da humanidade.
__________________________________
1 Mencheviques:
O menchevismo foi a principal corrente reformista pequeno burguesa na
social-democracia da Rússia. Variedade do oportunismo internacional. O
menchevismo se formou em 1903, no II Congresso do Partido Operário
Social-Democrata da Rússia (POSDR), unificando adversários do princípio
leninista de estruturação do partido de novo tipo, que ao serem
eleitos os organismos centrais do partido, resultaram em minoria (o
nome menchevique, em russo, significa minoria).
O
menchevismo foi organicamente entrelaçado com o "marxismo legal" e o
"economismo", assim como com o "bernsteinianismo" (do nome de E.
Bernstein). Considerando que a burguesia era a principal força motriz
da revolução democrática burguesa, e o campesinato, uma classe
reacionária, o menchevismo refutava a hegemonia do proletariado naquela
revolução e incitavam a classe operária a submeter-se à burguesia
liberal [Fonte: Breve Diccionário Político - Editorial Progresso].
Esseristas:
Membros do Partido Socialista-Revolucionário, partido pequeno-burguês
que surgiu na Rússia nos fins de 1901 e princípios de 1902, em
resultado da fusão de vários grupos e círculos populistas. O partido
dos bolcheviques desmascarava as tentativas dos
socialistas-revolucionários de se fazerem passar por socialistas,
travava uma luta tenaz com os socialistas-olucionários pela influência
sobre o campesinato, mostrava o prejuízo que a sua táctica do terror
individual acarretava para o movimento operário.
Nos anos
da primeira guerra mundial a maioria dos socialistas-revolucionános
ocuparam as posições do social-chauvinismo. Depois da vitória da
revolução democrática burguesa de Fevereiro de 1917, os
socialistas-revolucionários, em conjunto com os mencheviques e os
democratas-constitucionalistas, foram o apoio principal do governo
provisório contra-revolucionário da burguesia e dos latifundiários, e
os seus dirigentes (Kérenski, Avéntiev, Tchernov) faziam parte dele.
O partido dos socialistas-revolucionários negou-se a apoiar as
exigências do campesinato de liquidação da propriedade latifundiária da
terra, pronunciando-se a favor da sua conservação. Os ministros
socialistas-revolucionários do governo provisório mandavam
destacamentos punitivos contra os camponeses que se apoderavam das
terras dos latifundiários [Fonte: Lenin, Obras Escolhidas em três
tomos].
Fonte: A Nova Democracia
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