Por Fausto Arruda
Ao receber o Nobel da paz, logo após sua posse como porta-voz do
imperialismo ianque, Barack Obama, como todos os chefes do império que o
antecederam, usou a palavra 'paz' com o sinal invertido, ou seja, fez
em seu discurso a apologia da guerra e, mais que isso, reivindicou para
o USA o conceito de guerra justa.
O USA, juntamente com sua
parceira Inglaterra, são historicamente as nações mais belicistas do
mundo. Belicismo este a serviço da pilhagem, da espoliação, exploração e
dominação de nações e regiões inteiras da face da Terra. Praticantes
da guerra de agressão, estes países jamais poderiam se outorgar o
direito de reivindicar a si o conceito de guerra justa, direito sagrado
dos grupos, classes, povos e nações agredidas, espoliados e explorados.
Obama incrementa a guerra
Em sua recente visita ao Oriente Médio, com a esfarrapada desculpa de
retomar as conversações de paz entre o sionismo e os palestinos, Obama
desatou um nó que impossibilitava abreviar o desfecho de uma ofensiva
com vistas à invasão da Síria: a ruptura entre Israel e Turquia após o
ataque sionista ao barco turco, em 2010, com ajuda humanitária aos
palestinos.
Sob a cortina de fumaça das conversações de paz
entre judeus e palestinos, a diplomacia ianque costurou a reaproximação
entre Israel e Turquia visando formar um eixo de ataque no qual estes
países promovam sob a bandeira da Otan um ataque sanduíche sobre a
Síria, capaz de destruir toda a resistência de Assad.
Para seus
planos de dominação de um ampliado Oriente Médio, que iria desde o
norte da África até o Irã, a queda da Síria abriria caminho para uma
futura invasão do Irã, objetivo perseguido pelo USA e Israel e, também,
pela própria Turquia. Obama pressionou Israel a pedir desculpas pelo
ataque ao barco turco e a indenizar as famílias das vítimas, no que foi
atendido. E, sem chamar atenção, num gesto aparentemente
desproposital, pegou o telefone e ligou para Erdogan, o gerente turco, e
passou para que Netanyahu "humildemente" formalizasse o pedido de
desculpas. Feito isso, estava concluído o objetivo principal da viagem.
Com esta iniciativa, Obama não tem mais como sustentar a menor
veleidade de se passar por um defensor da paz como tem apregoado em
seus discursos.
Matador por "delivery"
Na verdade, sua prática desde o primeiro mandato tem sido, inclusive,
de contradizer os discursos de campanha quando, por exemplo, prometia
fechar os centros de tortura de Guantánamo e de Abu Ghraib, como
também retirar suas tropas do Iraque e do Afeganistão. Ao retirar parte
dos efetivos do exército os substituiu por mercenários, além de passar a
usar em larga escala os drones – aviões não tripulados – para fazer ataques em série, atingindo os seus pretensos alvos e um sem número de populações civis.
Os drones
são usados pelo USA para fazer trabalho de espionagem e aniquilamentos
seletivos em qualquer lugar do mundo, a partir de bases militares no
território ianque e, possivelmente, na Arábia Saudita. O uso de tais
aparelhos tem sido contestado por juristas e entidades defensoras de
direitos humanos por contrariarem as convenções de guerra
internacionalmente consagradas, além de desrespeitarem a soberania dos
países como Iemem, Etiópia, Paquistão, isto para não falar de Iraque,
Afeganistão, Líbia e Síria, locais onde o USA direta ou indiretamente
faz a guerra.
O uso de tais aparelhos, iniciado na administração
Bush filho, foi ampliado exponencialmente por Obama e, segundo
observadores, já eliminou cerca de 2.600 supostos "terroristas"
escolhidos a dedo por informantes infiltrados nestas regiões. Acontece
que o brinquedo, inicialmente apontado como extremamente "cirúrgico"
pelos seus fabricantes e usuários, provoca uma tremenda destruição ao
redor de seus alvos que atinge uma escala de dez civis para cada alvo,
dito militar, eliminado.
Obama, portanto se arvora o direito de
decidir sobre a morte de seus alvos militares, aos quais não
possibilita a menor chance de defesa e sequer cogita fazer capturas com
vida ou mesmo feridos, como defendem aqueles que modernamente procuram
elaborar normas para a guerra. Quanto aos civis assassinados, o
matador se resume a enviar pedidos de desculpas às famílias das vítimas
com promessas de apuração as quais nunca se sabe o resultado.
A
substituição de efetivos militares por aparelhos não tripulados tende a
ser aplicada em larga escala pelo matador ianque, uma vez que com isso
consegue reduzir em alguns milhões de dólares os gastos militares além
de iludir o povo estadunidense que a cada guerra vê seus filhos
retornarem em sacos pretos ou, na melhor das hipóteses, viciados em
drogas ou em estado demencial.
A verdadeira guerra justa
O assassinato em massa desencadeado por Barack Obama não arrefece os
ânimos daqueles que, em seus países, lutam para expulsar o invasor
ianque através da justa guerra de libertação nacional ou daqueles que
desenvolvem guerras populares. Estas, sim, por serem verdadeiramente
guerras justas, multiplicam seus combatentes a cada mártir que cai.
Enquanto persistir a dominação imperialista eles não darão um minuto
sequer de tranquilidade ao inimigo.
Fonte: A Nova Democracia
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