Milton de Almeida Santos nasceu em Brotas de Macaúbas, no interior da Bahia, no dia três de maio de 1926, formou-se em Direito no ano de 1948, pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), e foi professor em Ilhéus e Salvador. Em 1958, voltou da Universidade de Estrasburgo, na França, com o doutorado em Geografia.
Milton foi preso e exilado pelo Golpe de 64. Entre os anos de 1964 e 1977, ensinou na França, Estados Unidos, Canadá, Peru, Venezuela e Tanzânia. Foi o único brasileiro a receber o Prêmio Vautrin Lud, considerado o Nobel de Geografia. Escreveu mais de 40 livros, entre eles “Por Uma Outra Globalização” (2000) e “Território e Sociedade no Século XXI” (2001) que alertavam para os perigos causados pelo processo de globalização nos países em desenvolvimento.
Trailler do documentário:
Essa pequena introdução se faz necessária, já que Silvio Tendler não se estendeu sobre a vida do homem Milton, e sim sobre a obra de Milton. Uma decisão que se mostrou acertada. Nos 89 minutos do documentário Encontro com Milton Santos ou: O Mundo Global Visto do Lado de Cá, o diretor se debruça sobre as teses do pensador Milton. Vários cineastas consagrados são arredios à ideia das biografias. “Querem me conhecer? Vejam meus filmes!” Essa frase pode ser atribuída a Hitchcock, Buñuel, ou Fellini. Seguindo essa linha de raciocínio, Silvio Tendler deixou a pesquisa biográfica para a curiosidade do público.
O cineasta conheceu Milton Santos em 1995, e desde então tinha planos para filmar o geógrafo. Os anos foram passando e, somente em 2001, Tendler realizou o que seria a última entrevista de Milton (que viria a morrer cinco meses depois). Baseado nesse primeiro ponto de partida o documentário procura explicar, ou até mesmo elucidar, essa tal Globalização da qual tanto ouvimos falar.
“É na evidência das contradições e dos paradoxos que constituem o cotidiano desta globalização que Milton Santos enxerga as possibilidades, já em andamento, de construção de uma outra realidade. Inova, portanto, quando, ao invés de se colocar contra a globalização, propõe e aponta caminhos para uma outra globalização. Agora, o novo vem da periferia. Como exemplo de uma cultura que surge dos ‘de baixo’, o professor cita o movimento Hip-Hop.”, revela Silvio.
O documentário percorre algumas trilhas desses caminhos apontados por Milton, vemos movimentos na Bolívia, na França, México e chegamos ao Brasil, na periferia de Brasília. Em Ceilândia, a câmera nos mostra pessoas dispostas a mudar as manchetes dos jornais que só falam da comunidade para retratar a violência local. Adirley Queiroz, ex-jogador de futebol, hoje cineasta, estudou os textos de Milton e procura novos caminhos para fugir do ‘sistema’ ou do Globaritarismo – termo criado por Milton Santos para designar a nova ordem mundial.
Para tornar o documentário atraente ao público acostumado à ficção ou aos telejornais, Tendler usa uma montagem ‘moderninha’ com gráficos e animações. Atores globais foram chamados para narrar o texto sobre Globalização: Beth Goulart, Fernanda Montenegro, Milton Gonçalves, Matheus Nachtergaele e Osmar Prado. Mas, na verdade, o que realmente importa é o conteúdo do filme. Num país tão carente de pensadores e e até mesmo ideais, um filme como esse deveria ser de exibição obrigatória nas salas de aula. Um sonho, uma utopia se pensarmos que será um grande desafio manter o documentário um mês em cartaz no eixo Rio-São Paulo.
Milton Santos, geógrafo e livre pensador, dizia que a maior coragem, nos dias atuais, é pensar, coragem que sempre teve. O documentário de Silvio Tendler não é uma cinebiografia, nem pretende ser, mas atingiu o objetivo principal de seu personagem: fazer pensar.
“Creio que as condições da história atual permitem ver que outra realidade é possível. Essa outra realidade é boa para a maior parte da sociedade. Nesse sentido, a gente é otimista. A gente é pessimista quanto ao que está aí. Mas é otimista quanto ao que pode chegar”.
Milton Santos (1926-2001).
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Baixar o Documentário - Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá - http://mcaf.ee/qigb0
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