Li vários artigos sobre o tenebroso 25 de dezembro de 1991, um dezembro que fez doer os corações socialistas que sonhavam com um mundo da coletivização e mais humano.
Nesse dezembro eu era um pré-adolescente que sonhava em ganhar mais um vídeo-game, enquanto eu me divertia extasiado com meu presente de Natal, olhava ao mesmo tempo minha mãe com um olhar perdido com se perdesse o rumo do sentido da sua vida e da sua ideologia e muitos, eu acredito inclusive ela encontram-se perdidos e sem sentido até hoje.
Todos os artigos lidos fazem uma análise da atual crise política russa, destacando o crescimento do Partido Comunista Russo, mas por outro lado chamando seus integrantes de velhos com velhas ideias. Em nenhum momento li que o atual Premier Vladimir Putin é um velho déspota nacionalista, que o atual Presidente Vladimir Medvedev é um velho conservador e que a política econômica-social dominante na Rússia é o velho liberalismo. Na minha grande ignorância dialética nunca vi a antítese ser mais velho que a sua tese. Mas enfim o jornalismo conservador/liberal nunca vai entender de dialética e quando entende prefere esconder.
As reportagens exaltaram o "democrata destilado" Bóris Yeltsin alegando que ele foi contra o golpe conservador dado a época no Governo Gorbachev, chegando a apontar os canhões dos tanques para o Parlamento. Como o golpe deu errado e mediante as manifestações, Mikhail Gorbachev renuncia e decreta o fim da União Soviética no Natal de 1991. Que presente para o capitalismo, não?
O Secretário-geral do Politburo, antes da queda já havia se rebaixado a economia e política dominado pelo capital com a Perestroika (reforma e reestruturação econômica) e a Glasnost (transparência política). Porém no fim da URSS, sem querer, Gorbachev deu o golpe mais duro nas necessidades dos EUA, a necessidade da bipolaridade, a necessidade do medo, do terror. Os norte-americanos também de repente ficaram atônitos, sem sentido, sem rumo, com o fim do PERIGO VERMELHO. Que hoje encontrou o seu sentido na guerra contra o terrorismo.
A Rússia hoje vive a nostalgia do Partido Comunista, que elegeu 20% dos votos para a Câmara Baixa, e cada vez mais se vê como a esperança da população contra os paradigmas da política, contra a corrupção nas entranhas governamentais que se instauraram depois da queda do Comunismo e contra a manipulação do resultado eleitoral. O PC Russo liderou as manifestações que levaram mais de 20 mil pessoas ao centro de Moscou e mais de 30 mil no interior, o governo destacou mais de 50 mil policiais para controlar e reprimir as manifestações, coisa que a administração Putin inaugura na Russia a manifestação com autorização governamental.
Os ícones soviéticos reaparecem nos sonhos da população, símbolos como a foice e o martelo, Yuri Gagarin, o Sputinik e Lênin reacendem o imaginário comunista do povo e se fortalecem na crise causada pelo conservadorismo nacionalista da simbiose Putin/Medvedev e pelo entreguismo mafioso neoliberal. Assim a Rússia de novo pode nos mostrar algo diferente diante das crises políticas e econômicas que assolam o Velho Continente. Resta a nós esperar.
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