domingo, 29 de junho de 2014

Luciano Huck, cafetão do Brasil



Por Alex Antunes


A “melhor Copa do Mundo” na verdade é um festival de clichês ridículos. Se dentro de campo as coisas vão bem (nem tanto para o Brasil, mas este não é o assunto), fora deles o afã de ganhar dinheiro e aparecer surfando na obviedade de um “grande evento esportivo internacional” não tem limites nem compostura.

Uma enxurrada de comerciais manobra a usual simbologia boçal do futebol (“rivalidade”, playboys playboyzando no bar, “pegar mulher”, felicidade compulsória). Ajuda a manter o clima troncho que passou pela abertura, com seus índios de verdade mas vestidos com roupa cor de pele para simular a nudez, o pseudo-inglês das informações aos gringos, e os próprios gringos lúmpen sem ingressos.

A “grande festa” do Fuleco (quem inventou esse nome, uma abreviação de “treco fuleiro”, estava trolando forte), do Ronaldo convertido no Bussunda imitando a voz do Ronaldo, de antigos ídolos dos anos 80 (Paulo Miklos e Fernanda Takai) cantando músicas que não colam, do Neymar onipresente ensinando cultura do estupro para o filho de dois anos no Faustão, dos “vips” nos camarotes sem noção, da copa que é “da Fifa” e não do Brasil, o vale tudo micaretesco.

Mas não podia faltar um ponto (ainda mais) baixo de Luciano Huck, aquele mesmo oportunista do Somos Todos Macacos. Luciano postou um chamamento, no Facebook e no Twitter, às mulheres cariocas, para conseguir o seu “gringo do sonho” com sua ajuda caridosa. O post foi retirado do ar - parece que alguém se tocou da inconveniência. Mas está gerando indignação, por suas implicações com o turismo sexual e o clichê da mulher brasileira “pegável”, como bem analisa a jornalista Gabriela Loureiro neste artigo cheio de dados.

"’Perdemos’ apenas para as nigerianas e para as chinesas, segundo o primeiro levantamento publicado pela União Européia sobre o tráfico de seres humanos em todo o continente, este ano (...) Muitas vezes o tráfico é realizado através da prostituição, outro ‘produto de exportação’ famoso do Brasil (...) Dois terços das vítimas de tráfico para fins de exploração sexual do mundo são mulheres, e a maioria dessas mulheres vêm de classes populares e vão parar na escravidão com a ilusão de que um namorado gringo vai tirá-las da miséria e tratá-las bem como em ‘Uma linda mulher’”, diz Gabriela.

Se é esse o legado da Copa – a reafirmação de todos os clichês infames sobre o Brasil, o seu abismo de classes, o seu dinheiro predador, as suas celebridades imbecis, os seus governos irresponsáveis e populistas –, melhor esquecermos logo desse pesadelo. Cuidado ao se animar muito, brasileiro/a. Estão passando a mão na sua bunda.



Fonte: Yahoo

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