Sobre a ditadura síria
Hafez Assad era partidário da Grande Síria (que abarcava a Síria, o Líbano, Israel e a Palestina), declarou que os palestinos eram sírios do sul e formou Saika, seu próprio grupo de fiéis palestinos para conduzir a Organização para a Liberação da Palestina de Yasser Arafat e combater os grupos da esquerda marxista palestina (a Frente Popular para a Liberação da Palestina-FPLP, de George Habash, e a Frente Democrática para a Liberação da Palestina, de Nayef Hawathme).
Ainda que o Baas, seu partido, seja pan-arabista e socialista, Hafez Assad, como bom nacionalista e conservador, combateu em nome da burguesia comercial síria a união com o Egito de Nasser. Depois deu um golpe de Estado em 1969, que instaurou sua ditadura suprimindo as demais alas do Baas e abriu o caminho a uma hostilidade interminável com a fração baasista de Bagdá, durante a qual Hafez não vacilou em coincidir com o Departamento de Estado dos Estados Unidos. Apesar do apoio que recebeu da ex-União Soviética, reprimiu sangrentamente o poderoso Partido Comunista Sírio, cujo líder Khaled Bagdache terminou por apoiá-lo em nome da unidade nacional (!).
França, que depois da Primeira Guerra Mundial e até depois da Segunda Guerra Mundial ocupava a Síria, fez todo o possível para dividir quem oprimia. Por isso privilegiou os muçulmanos alauitas frente à maioria sunita que, durante séculos, havia perseguido os primeiros por considerá-los hereges.
Agora bem, a Síria é um mosaico de sunitas, xiitas, alauitas (um dos ramos heterodoxos dos xiitas), drusos, curdos, cristãos (de rito armênio, ortodoxo grego, greco melquita, maronita, católico romano, católico oriental). Todas as minorias importantes (drusos, curdos, cristãos de diferente confissão) preferem atualmente o governo do clã alauíta dos Assad, porque temem que se repita na Síria o que se sucedeu no Iraque com a invasão estadunidense, que radicalizou e sectarizou a resistência, a qual se fez em nome do Islã extremista e aos custos dos demais setores.
O governo e o aparato de repressão sírio estão firmemente controlados pelos alauítas. O regime, além disso, já reprimiu ferozmente no passado, causando milhares de mortos, os centros comerciais e islâmicos tradicionais como Homs, sem que as grandes potências então protestassem. Bashar Assad tem um aparato de repressão bem arrumado, um exército provado em duas guerras contra Israel, e armas russas muito modernas que fariam uma invasão estrangeira profundamente custosa em vidas humanas.
A Síria não é a Líbia. Está densamente povoada; as tropas israelenses ameaçam desde as alturas do Golã, a 20 quilômetros de Damasco, e obrigam ao regime contar com apoios internacionais potentes; os diferentes grupos religiosos estão embutidos uns com os outros no território; o país tem classes modernas e uma impressionante história que os une em legítimo orgulho; o governo controla um exército moderno desde décadas e um Estado sólido. Não tem tampouco as enormes divisões que tinha o Iraque baasista, com oposição armada dos curdos no norte e a rebelião dos xiitas pró-iranianos no sul.
Além disso, conta agora com o apoio da Rússia e da China, que querem evitar que todo o Oriente Médio seja reconquistado pelo Departamento de Estado e o Pentágono depois do golpe que estes e Israel sofreram com as insurreições árabes, além do apoio de Teerã, que por sua própria segurança tem que manter aliados na zona (Hezbollah no Líbano, Hamas na Palestina), os quais se debilitariam muitíssimo se caísse o regime sírio dos Assad.
Israel, por sua parte, mantém, no que respeita a Síria, um perfil muito baixo porque teme que Assad possa ser substituído por setores islâmicos extremistas salafitas, muito mais agressivos e, além disso, porque suas sucessivas derrotas nas ocupações do Líbano fazem com que Tel Aviv considere seriamente os custos de uma guerra com o regime de Damasco. Por outro lado, Israel não pode fazer duas guerras ao mesmo tempo, e agora prepara uma contra o Irã, não contra Bashar Assad que, como antes os regimes de Mubarak no Egito, de Ben Alí na Tunísia ou de Kadafi na Líbia, desempenha um papel estabilizador para o equilíbrio anterior favorável aos Estados Unidos e a Israel, que se envolveram nas revoluções populares. É falso, portanto, que a resistência ao governo dos alauitas sírios esteja sendo fomentada por Israel e as potências ocidentais, o qual não quer dizer que os serviços de inteligência de todos estes não estejam metendo continuamente sua colher nos assuntos sírios.
Está fora de discussão que a de Assad é uma ditadura execrável que deve ser eliminada. O assunto é por quem e para substituí-la pelo o quê. A chamada oposição está fragmentada e os diversos grupos que a formam se odeiam; além disso, tende a se oferecer como agente de uma ocupação estrangeira. As forças democráticas sírias, por sua vez, se opõem a Assad, mas temem uma guerra e a queda do regime, e se orientam a negociar e impor reformas. Se Israel lançasse uma aventura contra o Irã ou no Líbano, reforçarão o governo como um mal menor. De modo que, muito provavelmente, a crise atual se prolongará, e tudo dependerá da habilidade política para fazer concessões que possa ter o ditador filho do ditador fundador da dinastia Assad, bem como do que está passando nas forças armadas sírias, que são o verdadeiro partido de Bashar Assad.
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EUA cogitam usar superbomba contra Irã
Prensa Latina - Os Estados Unidos consideram a possibilidade de utilizar uma bomba de 13,6 toneladas diante de um eventual ataque militar ao Irã, a maior ogiva de seu arsenal, confirmou um alto oficial da Força Aérea.
A bomba de penetração maciça (MOP, na sua sigla em inglês), tem capacidade de perfurar através de 60 metros de concreto armado antes de detonar sua carga.
Este artefato explosivo convencional (não nuclear) é o mais poderoso já desenvolvido pelo Departamento de Defesa na última década, assegurou o tenente-general Herbert Carlisle, vice-chefe de operações da Força Aérea.
De acordo com ele, a MOP, considerada a “mãe de todas as bombas”, poderia ser utilizada em qualquer ataque contra o Irã ordenado por Washington.
O Pentágono trabalha em opções militares para o caso em que falhem a diplomacia e as sanções econômicas contra Teerã. Os EUA têm como objetivo interromper o programa nuclear iraniano, sob a acusação de que este tem fins militares, embora o governo do país persa reitere os seus fins pacíficos, informou a página de internet Global Research.
O secretário da Defesa dos EUA, Leon Panetta, declarou no jornal The National Journal na última quinta-feira (8), que a planificação das operações vem ocorrendo “há muito tempo”.
A retórica belicista das forças armadas de Washington se mantém apesar das declarações do presidente Barack Obama, que se pronunciou durante a semana em favor de esgotar todos os recursos de pressão diplomáticos, econômicos e políticos antes de empreender um ataque contra a nação persa.
Obama e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se reuniram na última segunda-feira (5) na Casa Branca em uma tentativa de rearticular um debate sobre o tema nuclear iraniano, pois Israel é partidário de lançar um ataque preventivo contra a nação persa para evitar que siga adiante com seus planos.
Carlisle também assegurou que um conflito com o Irã ou a Síria poderia revelar um novo pensamento tático nas operações militares, conhecido como batalha-armar, onde se combinariam vários dos serviços armados estadunidenses.
O oficial sublinhou que as táticas apontam no sentido de operar em vários domínios, tanto no ar, como no mar, no espaço e no ciberespaço, mediante a criação de redes de informação integradas através de satélites, sensores em aviões caças e aeronaves não tripuladas.
Tais procedimentos operativos respondem à circunstância de que a Síria e o Irã possuem capacidades defensivas importantes para manter à distância seus potencias agressores, algo que Washington pretende evitar, considerou Carlisle.
No caso do ciberespaço, pode ser um fator de conflito entre ambos os países, alertou.
Fonte: www.diariodaliberdade.org
Este artefato explosivo convencional (não nuclear) é o mais poderoso já desenvolvido pelo Departamento de Defesa na última década, assegurou o tenente-general Herbert Carlisle, vice-chefe de operações da Força Aérea.
De acordo com ele, a MOP, considerada a “mãe de todas as bombas”, poderia ser utilizada em qualquer ataque contra o Irã ordenado por Washington.
O Pentágono trabalha em opções militares para o caso em que falhem a diplomacia e as sanções econômicas contra Teerã. Os EUA têm como objetivo interromper o programa nuclear iraniano, sob a acusação de que este tem fins militares, embora o governo do país persa reitere os seus fins pacíficos, informou a página de internet Global Research.
O secretário da Defesa dos EUA, Leon Panetta, declarou no jornal The National Journal na última quinta-feira (8), que a planificação das operações vem ocorrendo “há muito tempo”.
A retórica belicista das forças armadas de Washington se mantém apesar das declarações do presidente Barack Obama, que se pronunciou durante a semana em favor de esgotar todos os recursos de pressão diplomáticos, econômicos e políticos antes de empreender um ataque contra a nação persa.
Obama e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se reuniram na última segunda-feira (5) na Casa Branca em uma tentativa de rearticular um debate sobre o tema nuclear iraniano, pois Israel é partidário de lançar um ataque preventivo contra a nação persa para evitar que siga adiante com seus planos.
Carlisle também assegurou que um conflito com o Irã ou a Síria poderia revelar um novo pensamento tático nas operações militares, conhecido como batalha-armar, onde se combinariam vários dos serviços armados estadunidenses.
O oficial sublinhou que as táticas apontam no sentido de operar em vários domínios, tanto no ar, como no mar, no espaço e no ciberespaço, mediante a criação de redes de informação integradas através de satélites, sensores em aviões caças e aeronaves não tripuladas.
Tais procedimentos operativos respondem à circunstância de que a Síria e o Irã possuem capacidades defensivas importantes para manter à distância seus potencias agressores, algo que Washington pretende evitar, considerou Carlisle.
No caso do ciberespaço, pode ser um fator de conflito entre ambos os países, alertou.
Fonte: www.diariodaliberdade.org
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