sexta-feira, 30 de agosto de 2013

MÉDICOS CUBANOS: O CHEIRO DA INTOLERÂNCIA

Foto: OLHAÍ A FLOR DE PESSOA QUE É ESSA MÉDICA QUE HOJE PROTESTAVA NA AVENIDA PAULISTA CONTRA A VINDA DOS MÉDICOS CUBANOS COM ESSE CARTAZ AZUL,
E OLHA QUE TEM A CADEIRA DE ÉTICA EM TODOS OS CURSOS DE MEDICINA NO BRASIL!!!
IMAGINE SE NÃO TIVESSE!!!

Por Fábio Nogueira

A vinda dos médicos cubanos ao Brasil tem alcançado limites do absurdo e falta de imaginação. Ler textos de jornalistas formadores de opinião dizendo que é igual à vinda dos escravos em navios negreiros, é o mesmo que chamar o leitor do jornal de imbecil. Outra pérola ficou com a chamada invasão comunista dita por alguns “profissionais” da informação.  O pior de toda essa história é que tem pessoas que acreditam.
:
Contudo, um fato que talvez passe despercebido: por que os médicos cubanos têm sido alvos das maiores críticas?  Os demais tiveram as mesmas reações? Não tanto quanto os cubanos. Parece que isso cheira um tanto a xenofobia. Logo quem? Nós, povo brasileiro conhecido pelo mundo como uma nação tolerante. Pelo contrário, isso mostra o quanto somos hipócritas quando o assunto é querer sobre o mesmo teto a igualdade e a diferença. O antropólogo Roberto Da Mata foi feliz ao dizer que não sabemos viver sob o julgo da Igualdade.
A formação de nossos médicos vem de berço, com o “destino” quase traçado. Existem aqueles que, quando se formam nas universidades públicas, sequer põem os seus pés em um hospital da rede pública. Outros quando estão dentro não dão importância ao paciente, pois talvez esquecem que aquele paciente quase morto é quem paga os impostos e quer em troca simplesmente o direito de ser bem atendido. Ainda há aqueles que batem o cartão quando chegam ao hospital e somente voltam para registrar a saída. Tudo pago com dinheiro do contribuinte. Para que, então, se formam?  Estão fazendo jus ao mérito e o diploma?
O descaso vem de ambos os lados. De um lado, o governo administra mal a saúde, não investe em equipamento e em material humano. Por outro lado, médicos elitistas que batem o cartão no hospital público e vão para uma clínica particular. Pacientes perdendo a vida por descasos médicos, em muitos casos não chegam a ser atendidos porque o médico não se encontra no hospital ou simplesmente não está nem aí para o ser humano. Não fico surpreso quando um membro da família desfere uma agressão física nesses profissionais.
Ao olhar a chegada dos médicos cubanos sendo hostilizados pelos próprios colegas de profissão, fica uma pergunta: Será que aquele discurso de salvar vidas é levado a sério? Por que os meios de comunicações têm questionado a vinda somente dos médicos cubanos?  A mesma pergunta vale para os próprios médicos.
Longe de eu querer generalizar dizendo que os médicos brasileiros não honram os seus jalecos, mas por um momento fiquei com um misto de vergonha e raiva. Queria não passar por casos como esse. Na atual circunstância, onde nenhum médico brasileiro quer ir tratar onde tem mais necessidade, fica no ar que aquele juramento não valeu de nada.
Mais uma vez as elites burguesas põem para fora suas garras quando o status quo está sendo ameaçado. Não é a primeira nem a última vez. Vivenciamos nos últimos tempos reações de grupos afins, que mandam e desmandam nesse país. Ditando o que devemos fazer ou não para manter o seu controle ideológico sobre os outros. Os mesmos que são contra a presença de médicos cubanos são contra as cotas, a bolsa família e a carteira assinada para as empregadas domésticas. Observamos que as raízes entre a senzala e a casa grande não foram cortadas, e nossas cabeças ainda não foram descolonizadas. O sabe com quem está falando mantém-se ativo quando necessário.
As elites brasileiras não sabem conviver com as diferenças.
(*) Fabio Nogueira, brasileiro muito envergonhado dos seus  médicos, é estudante de História da Universidade Castelo Branco e militante com orgulho da Educafro.
Fabionogueira95@yahoo.com.br

Um comentário:

  1. Na Venezuela e melhor!

    http://www.youtube.com/watch?v=pxQJBmdOTE0

    EDUCADOS!

    ResponderExcluir