sexta-feira, 15 de maio de 2020

Venezuela e Cuba dão exemplo no combate ao coronavírus, diz analista internacional





São Paulo – Apesar dos bloqueios econômicos que estão submetidos pelos Estados Unidos, Venezuela e Cuba têm se destacado no combate à pandemia do coronavírus. Não apenas conseguiram conter a disseminação da doença, como estão ofertando ajuda, com envio de medicamentos, equipamentos e pessoal, em especial para os países da região do Caribe.

Graças às boas relações com a China, a Venezuela recebe diariamente carregamentos com equipamentos, insumos hospitalares e remédios, redistribuindo parte para os países vizinhos. Já Cuba, além de ter desenvolvido o medicamento mais eficaz no combate ao coronavírus – o Interferon –, também tem enviado médico intensivistas, não apenas aos países do Caribe, mas a diversas partes do mundo, inclusive a Itália, um dos mais afetados pela pandemia.

Venezuela

Com o apoio chinês, a Venezuela é o país que lidera, na América Latina, em número de exames para a detecção da covid-19. Até 11 de abril, o país havia realizado 181.335 testes rápidos, enquanto no Brasil o número total de testes sequer é revelado oficialmente.

A partir dos testes em massa, segundo o analista e consultor internacional Amauri Chamorro, o governo venezuelano conseguiu fazer o “cerco epidemiológico” ao coronavírus. Quase metade da população do país, cerca de 12 milhões de pessoas, já foi visitada por profissionais de saúde, que isolam os doentes mais graves e distribuem gratuitamente os medicamentos para os casos mais leves. Há ainda a distribuição de alimentos para evitar que as famílias saiam de casa.

Nos últimos dias, o governo venezuelano anunciou que doaria para a Colômbia dois dos cinco equipamentos chineses que realizam os testes laboratoriais, depois que o único exemplar do país vizinho parou de funcionar. Devido às rivalidades entre os dois países, o governo colombiano se recursou a aceitar.

“Há uma hostilidade terrível dos EUA contra Venezuela, Cuba e Irã. São os três países que mais sofrem com o bloqueio financeiro, porém, os dois primeiros têm um dos melhores indicadores na gestão da epidemia. É impressionante o que esses países conseguiram fazer”, destacou o analista, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta terça-feira (14).

Cuba

Nesta terça (13), 38 médicos e enfermeiros cubanos desembarcaram em Turim, capital do Piemonte, a região mais atingida pela pandemia na Itália. É a segunda delegação de Cuba que chega ao país para reforçar o combate ao coronavírus. A prefeita, Chiara Appendino, pelo Twitter, agradeceu o “extraordinário gesto de generosidade”.

Vivendo sob o embargo imposto pelos Estados Unidos desde 1959, ano da Revolução Cubana, agora são os outros países que buscam formas de burlar o bloqueio econômico à ilha para terem acesso ao Interferon, segundo Chamorro. Segundo ele, é o momento dos demais países e organizações internacionais – como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) – deixarem de se submeter às pressões dos norte-americanos. “Não é mais uma questão política. Estamos falando das vidas de milhões de pessoas.”