sábado, 4 de fevereiro de 2012

A França em sua encruzilhada

Em maio, país elegerá presidente. Desgastado, Sarkozy conta com manipulação midiática. Para vencê-lo, esquerda precisa resgatar seus valores históricos. Conseguirá?
Por Marilza de Melo Foucher, correspondente em Paris | Tradução: Antonio Martins
Se o amanhã é cinza, a esperança mal está escondida atrás de uma cortina de estrelas… O mandato do atual presidente da França, Nicolas Sarkozy, acaba em breve, e os cidadãos poderão escolher entre deixar que o país continue escorregando para o pessimismo e indignar-se, reivindicando direito à esperança e um olhar mais positivo para o futuro. A mudança é urgente.
Os eleitores serão capazes de assumir a responsabilidade coletiva sobre o futuro ou — para citar Jacques Attali em seu último livro, Uma Breve História do Futuro — preferirão abandonar-se nas mãos das forças do mercado mundial? Como sair do pessimismo? É possível assistir passivamente ao naufrágio da democracia republicana?
Não é fácil fazer um balanço das políticas implementadas pelo atual governo. O chefe de Estado mudou tantas vezes o sentido de seu mandato, que projetou uma trajetória em ziguezagues. É difícil, nestas condições, traçar um panorama geral dos danos causados ​​por suas reformas precipitadas e sumárias. Algumas das políticas anunciadas já foram deixadas para trás e muitas vezes as palavras não foram seguidas pelos atos.
O chefe de Estado foi reformista? Sim, do ponto de vista quantitativo, tendo em vista o número de reformas começadas. Não, quando se considera seu aspecto qualitativo. A maioria delas foi contra-producente: confundem, mais que esclarecem. Como descrever este método?
Desde a chegada de Sarkozy ao governo, a palavra política perdeu toda a credibilidade. Banalizaram-se as próprias declarações da Presidência, a mais alta instância da República. Os deslocamentos políticos do chefe de Estado deram a impressão de uma campanha eleitoral permanente. Ele parecia muitas vezes a ler o mesmo discurso, mudando apenas… as conclusões. A imprensa (com a exceção de alguns chargistas) jamais apontou as ambiguidades dessa situação.
O presidente adotou, por exemplo, o hábito de mudar seu discurso sobre a crise financeira. A versão 2007 de Sarkozy propunha a desregulamentação dos mercados financeiros, defendia as hipotecas imobiliárias, pedia o desenvolvimento de produtos como os empréstimos subprime, convidava as famílias a se endividarem. Hoje, o presidente parece condenar o capitalismo financeiro de que sempre foi um firme defensor.
A governança de amigos
O atual presidente tem feito de tudo para manter-se no controle do “Quarto Poder”. É certo que conseguiu construir, ao longo de sua carreira política, uma grandes rede de contatos nos meios de comunicação. Todos os proprietários de canais de televisão, jornais impressos e rádios privadas são seus amigos: por exemplo, Vivendi, Martin Bouygues, Vincent Bolloré, Pinault, Jean-Claude Decaux, Bernard Arnaud, Serge Dassault.
O presidente não se satisfaz apenas com a sua rede privada: em 5 de março de 2009, foram aprovadas duas leis que afetam duramente o setor de radiodifusão pública. Seus três componentes principais são: reorganizar das TVs públicas (France Televisions), conferir ao chefe do Executivo o poder de nomear os presidentes das sociedades nacionais que acompanham a programação; suprimir progressivamente a publicidade nos canais públicos. Esta reforma foi fortemente contestada por seus adversários. Afirma-se que ela restaura o controle do Executivo sobre serviço público de radiodifusão.
É interessante notar uma interessante relação entre a rede midiática “amiga” do presidente e a lista das personalidades mais ricas do mundo, de acordo com a revista americana Fortune. Mais da metade dos franceses mais ricos estão presentes na área de comunicação: Bernard Arnault (17 bilhões de dólares), Serge Dassault (US$ 7,8 bilhões), François Pinault (5,9 bilhões), Jean-Claude Decaux (5,4 bilhões), Martin Bouygues (2,4 bilhões) Vincent Bolloré (2,2 bilhões).
Campeão das fofocas midiáticas
Durante os últimos dias da campanha presidencial de 2007, o candidato Nicolas Sarkozy expôs a imagem ridícula da mídia francesa do presente. Quem pode esquecer a cena em que ele galopa com um sorriso no seu cavalo branco, como Napoleão — e olha avidamente para os jornalistas, que o seguiam amontoados em um carrinho puxado por um trator? Esta é a imagem metafórica de como Sarkozy quis ver a imprensa francesa. Sua estratégia de comunicação parece bem montada. Seu método tático é para impor sua agenda política aos jornalistas e à mídia.
A Comunicação torna-se uma ação política. O presidente foi capaz de governar para comunicar. Tornou-se um campeão do tititi midiático, num movimento duplamente eficaz. Dá a impressão de que o governo está agindo com determinação, ao difundir falsas boas notícias e supostos “furos”. Além disso, desestabiliza de forma duradoura os partidos à sua esquerda, fragiliza os movimentos sociais e ridiculariza os sindicatos, enquanto prega… o diálogo social. Durante todo seu mandato, a grande especialidade do presidente foi jogar uns contra os outros. Sua táticas também visavam sugerir que ele cumpria suas promessas de campanha. Na TV, a repetição foi às vezes exagerada. A fronteira entre suas práticas e a manipulação foi sempre tênue: desfiles permanentes de ministros diante das câmeras e microfones, sempre com elementos de linguagem idênticos, bem formatados pela equipe de comunicação da presidência.
Repetindo as mesmas táticas, Nicolas Sarkozy coloca agora sobre as costas da crise todos os fracassos de seu governo. E a repetição mediática reassume ares de campanha, para grande alegria de certos profissionais de mídia. Todos os ministros repetem que a crise impediu o presidente de conduzir suas reformas. O Executivo rejeita qualquer responsabilidade, e o tititi retoma sua dinâmica — apesar de ser notório que o presidente é um partidário de longa data da doutrina neoliberal, da desregulação da economia e da primazia dos mercados.
A emergência do Estado-empreendedor
Sarkozy jamais perdeu uma oportunidade de ilustrar a sua visão do Estado e seu distanciamento dos valores republicanos e democráticos. Para ele, era necessário gerir o Estado como uma empresa privada. Como advogado dos negócios, estava pronto a defender seus interesses. Precisava, para tanto, investir na desconstrução da unidade republicana. Seu governo é responsável pelo desmantelamento do papel do Estado na gestão e co-gestão das política públicas; pelo desperdício dos recursos do Estado, via isenções de impostos sobre a riqueza, a renda e a herança. Sua principal preocupação foi reduzir os impostos pegos pelos ricos. Presidente-patrão, manteve sua grande proximidade como os endinheirados e mobilizou todos os esforços para salvar os bancos. Continua a fazer tudo para impedir o colapso do sistema financeiro, mas pouco tem nada para tirar da crise o mundo do trabalho.
A seu governo, sempre faltou ambição em matéria de igualdade. Ele vai deixar a França não só em grave colapso econômico, mas também uma profunda falência moral e ética do Estado republicano: perda de sentido, depreciação da esfera pública, interesses pessoais sobrepostos ao interesse público.
O presidente soube, ao longo de seu mandato, cultivar a desconfiança sistemática em relação à esfera pública. Com ele, o Estado perdeu sua função social e sua liberdade de agir para o bem-estar dos cidadãos. O Estado central não é mais nem um garantidor da solidariedade nacional, nem capaz de assegurar a equidade entre as diferentes comunidades. As desigualdades regionais não param de crescer. O projeto de descentralização do Estado não buscou reforçar nem a democracia, nem a solidariedade territorial. Seu objetivo era outro: reduzir o papel do Estado, transferindo diversas responsabilidades às coletividades territoriais — sem lhes dar, porém, novos recursos para financiar as tarefas que assumiram. Criou-se a desordem na gestão territorial.
A sociedade francesa, cuja coesão já estava enfraquecida por uma crise social sem precedentes, está ferida com a escala e a brutalidade da deterioração do mercado de trabalho. A França já viveu situações de desemprego profundo, mas nunca o aumento foi tão brutal e rápido como nos últimos meses.
Como se não bastasse, o governo tem procurado provocar, na pior fase da crise econômica, um debate sobre a questão da identidade nacional, dividindo ainda mais a França sobre as questões sociais. Como, neste contexto, virar a página do pessimismo? A esquerda poderia reavivar a esperança neste terreno em ruínas e reconstruir o “viver juntos”?
A esquerda socialista não deve se deixar fascinar pelo modelo de gestão conhecido como “governança global”. Este projeto tem ajudado a minar os fundamentos da democracia nos Estados. A democracia é um conjunto de valores, liberdades e também direitos. Se desertamos destes, não vale a pena fazer as eleições! Não se pode deixar que o governo seja exercido pela ditadura do mercado. Basta analisar as consequências da transferência de poderes para os “agentes globais”, para compreender a desordem mundial.
A solução é restaurar a concepção democrática do Estado e suas prerrogativas, além de reorganizar as estruturas multilaterais de governança global. Também é urgente aprender com os antigos governos de esquerda na Europa. A redistribuição da riqueza, a partilha e a justiça social não se tornaram obsoletos, nem estão fora de moda. Valores como a solidariedade e a reciprocidade são capazes de produzir forte mobilização. E a politização dos temas coletivos pode reconstruir a cidadania.
A esquerda deve ter orgulho de sua herança. Não se pode permitir que as estratégias de comunicação da direita apaguem da memória nos franceses as conquistas sociais alcançadas, em combates dolorosos, pelas lutas sociais e pelos que expressaram, no governo, os pontos de vista da justiça e a liberdade.
A lista é longa e diversa: lutas pelos direitos dos trabalhadores, pelo Estado republicano e laico, pela liberdade de consciência, férias pagas, aposentadoria, liberdade de associação, liberdades públicas, voto universal, seguro-doença, ensino obrigatório, direitos das mulheres, serviços públicos, igualdade perante a lei, abolição da pena de morte, liberdade de expressão e de imprensa.
O desafio da esquerda é o de se adaptar a um mundo em mudança. Ela pode ser portadora de uma nova abordagem de desenvolvimento, para construir um projeto de sociedade mais justa e solidária, marcada pelo respeito ao ser humano e a natureza. Só uma visão sistêmica do desenvolvimento pode garantir a sustentabilidade ecológica, social, cultural, política e econômica.
Um novo modo de vida promoverá a justiça justiça, a repartição dos frutos do crescimento econômico e o direito a um ambiente protegido. Ele estimula a criar, a partir de já, as ferramentas necessárias para encarar desafios globais como o crescimento das inegalidades, a luta contra o empobrecimento, a depredação dos recursos naturais e o aquecimento global.

Fonte: www.outraspalavras.net

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Um trovador em plena luz: Silvio Rodriguez



Desde o início de sua carreira até os dias de hoje, Silvio se consolidou como um artista da Revolução

Tiarajú Pablo

Existem diversos tipos de artistas: os famosos descompromissados; os talentosos desconhecidos; os produtos da moda, que desaparecem tão rápido quanto surgem; os lutadores incansáveis...o cubano Silvio Rodriguez pertence a esta seleta estirpe, tendo se transformado, para além de sua condição de artista, num registro vivo de nosso tempo.
Silvio Rodriguez nasceu em 1946 na cidade de San Antonio de los Baños, no interior da província de La Habana, em Cuba. Provindo de uma família de escassos recursos, passou a infância em idas e vindas entre sua cidade natal e a capital de seu país. Aos doze anos, aquela idade onde começamos a fundamentar nosso olhar sobre o mundo, triunfa a Revolução Cubana. Antes de ser o narrador musical dessa epopéia chamada Revolução, Silvio ajudou a construí-la de distintas formas: com treze anos fez parte das brigadas juvenis de alfabetização percorrendo os interiores de seu país. Tempos depois, serviu o exército. Foi nessa época que começaram a surgir suas primeiras composições, nascidas nos acampamentos e selvas de Cuba. Como afirma em uma de suas delas, ao retratar essa época: “o violão é o melhor fuzil do jovem soldado”.
Liberado do exército, passa a conduzir um programa de televisão e a fazer recitais pelo seu país. Era o ano de 1969. O mundo se agitava entre protestos e ditaduras. A guerra fria se acentuava com conflitos em várias partes do mundo. Cuba resiste. Silvio ajudava a construir com compositores como Pablo Milanés, Noel Nicola e Vicente Feliú o movimento musical denominado Nova Trova Cubana, caracterizado pela crítica social, pelo compromisso com a revolução, pela densidade poética e pela ousadia em termos musicais. A Nova Trova Cubana fez parte, juntamente a movimentos musicais de outros países, da Nova Canção Latinoamericana, movimento composto por artistas revolucionários e que marcou toda uma geração de lutadoras e lutadores do continente.
Desde o início de sua carreira até os dias de hoje, Silvio se consolidou como um artista da Revolução. Na década de 1970, trocou o violão pelo fuzil e por duas vezes foi a Angola, juntamente com milhares de cubanos que foram lutar pela independência daquele país. Nos anos 1990, em meio a uma das piores crises econômicas de Cuba, compôs a canção “El Necio”, aquela que afirma “eu morro como vivi”. A canção virou um hino e alentou o povo cubano a seguir sua luta. Cabe lembrar, no entanto que Silvio por diversas vezes criticou a situação social de Cuba. Com a grandeza daqueles que contribuíram para a edificação da Revolução, Silvio sabe que a consolidação desse processo depende da superação dos problemas que se apresentam. Sua crítica não é vazia nem irresponsável. Sua história e seu compromisso com a Revolução o respaldam. Uma das maiores expressões de sua importância é o fato de suas canções serem executadas nos principais pontos turísticos e históricos de Cuba. É um fato: suas canções viraram a trilha sonora da Revolução.
Excelente poeta e músico inventivo, conquistou milhares de seguidores nos países em que se apresentou. Sempre acompanhado de seu violão, Silvio testemunha em seus versos as contradições humanas, o compromisso ético, o engajamento político, a dura tarefa de construir uma nova sociedade e, claro, o amor, mas não de uma maneira convencional. Em 1975 gravou seu primeiro trabalho solo. Hoje são dezoito no total, sem contar as parcerias e as gravações ao vivo. Narrando, descrevendo, criticando e propondo, as canções de Silvio Rodriguez traduzem como poucas os últimos cinqüenta anos da conturbada história humana, servindo-se de uma sabedoria poética de quem já viu e já passou por muita coisa.
No último mês de novembro, o trovador (como gosta de ser chamado), fez três apresentações na Argentina e uma no Uruguai. Um recital de Silvio é uma daquelas coisas consideradas imperdíveis. Como não moramos em Cuba, vê-lo atuando é uma raridade. Juntei as últimas moedas, adiei os compromissos da agenda e parti para o Uruguai pra ver ao vivo o que essa lenda da canção latinoamericana tinha a dizer e a cantar, afinal, quem sabe qual será a próxima oportunidade?

Montevidéu – quarta- feira - 16 de novembro de 2011
Pela primeira vez na vida pisei no Uruguai, país que conhecia pelos seus movimentos sociais, pelo relato de companheiros e pela musicalidade negra. Surpreendeu-me a beleza de Montevidéu. Chego à porta do estádio e entro sem ser revistado. Já diz muito sobre o país. O estádio pequeno transmitia uma sensação de proximidade e cumplicidade do público consigo mesmo e com o artista. Surpreendentemente heterogêneo, os fãs de Silvio variavam de sessentistas experts nos dissabores do continente a jovens e adolescentes embalados pela poesia do trovador. A obra de Silvio tornou-se atemporal e universal.
O trovador subiu ao palco acompanhado de dois violões, baixo, percussão, bateria e sopros, executados pela sua companheira e excelente musicista Niurka Gonzalez. Ousado, refez os arranjos de várias de suas canções mais conhecidas, mas sem descaracterizá-las. Silvio é daqueles que não exagera nos arranjos. Sabe a medida exata das notas e onde colocá-las na melodia. Apresenta seu virtuosismo e de seus músicos, mas não apóia seu recital nessa qualidade. Não precisa. O quê sobressai são as melodias rebuscadas casando com as letras inspiradas, férteis, cheias de imagens e proposições. A voz gasta pelo tempo cria ainda mais cumplicidade com um publico que absorve cada canção como se fosse uma experiência pessoal própria. Lágrimas, sorrisos, cantos...eis a força da arte.
Em uma das canções, o autor interrompe os músicos e sentencia: “esta canção está dedicada aos mais pobres e aos que sentaram mais longe, porque esses ingressos são os mais baratos”. A canção é “El Mayor”, dedicada a Ignácio Agramonte, um dos principais heróis das guerras de independência de Cuba no século XIX. É, segundo Silvio, uma das canções favoritas de Fidel Castro. No meio do espetáculo, Silvio recebeu o titulo de Cidadão Ilustre de Montevidéu, em homenagem ao seu labor pela cultura latinoamericana.
Fim do recital. Público emocionado e satisfeito. Fria madrugada em Montevidéu. Na porta do estádio, dezenas de ônibus dispostos pela prefeitura esperam para levar o público ao centro da cidade. Outro fato que dizia muito sobre o país (e algo sobre o nosso). Fui dormir. No outro dia atravessaria o Rio do Prata para ver outro recital de Silvio. Dessa vez em Buenos Aires.


Buenos Aires – Sexta – 18 de novembro de 2011
O estádio do Ferro Carril Oeste foi o palco do retorno de Silvio a Buenos Aires depois de seis anos. Localizado em uma área residencial perto do centro da cidade, o simpático estádio foi o local ideal para abrigar a multidão ansiosa, que no transcorrer do recital se tornou ensandecida.
Em Buenos Aires, Silvio mais uma vez ofereceu suas belas canções. Entoadas uma a uma, cantou os clássicos de sempre, belas canções menos conhecidas e algumas de seu mais recente trabalho: o CD Segunda Cita. A percussão caribenha deu um tom inusitadamente dançante ao recital na canção “Cuentan”, composta há décadas e que estará presente no seu próximo trabalho. “Dias y Flores” foi emotiva. As mundialmente conhecidas “La Maza” e “Ojalá” foram catárticas. Silvio ainda cantou juntamente ao argentino Victor Heredia o hino “Todavia Cantamos”, em homenagem as Madres de Plaza de Mayo. O recital se tornou interminável. O público ocupou o setor mais próximo do palco e não deixava o cantor ir embora. Acenderam-se as luzes do estádio e nada do recital acabar. Coros, cantos, ovações...entre um “Viva Cuba” e o nome de alguma canção, Silvio voltou seis vezes ao palco. Um recital memorável.
Do alto de seus 65 anos, Silvio Rodriguez está em plena luz, como afirma em uma de suas canções. Fez recitais para o público, cantando as canções que este queria ouvir. Há um momento em que o artista não precisa provar mais nada a ninguém. Nem aos fãs e nem aos inimigos. Já fez o que tinha que ser feito. Já brigou o que tinha que ter brigado. Nem por isso se acomoda na confortável cadeira do reconhecimento. Contribui. Canta. Compartilha suas notas e pensamentos. Aponta caminhos para um mundo melhor. Silvio é daqueles que entende que uma Revolução é construída por seres humanos passíveis de acertos e erros e é composta de avanços e retrocessos. Ele mesmo é filho de uma revolução que se transmuta sem perder sua essência. A serenidade de Silvio expressa a tranqüilidade de quem já passou por muitas tormentas e não se assusta com qualquer ventania.
Tiarajú Pablo é sociólogo e músico.


Fonte: www.brasildefato.com.br

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Por que a crise atual é maior que a dos anos 30



Por J. Carlos de Assis


Tenho sustentado que a crise financeira atual é a maior da história do capitalismo pela razão simples de que, ao contrário da Grande Depressão, antes considerada a maior, desta vez a crise afetou o coração mesmo do sistema capitalista, que é o seu sistema bancário central. Nos anos 30, milhares (cerca de 9 mil) bancos quebraram nos EUA e na Europa, no curso de quatro corridas bancárias entre 29 e 33, mas nem um único considerado grande. Eram pequenos e médios bancos municipais ou regionais, sem risco sistêmico. Agora, no rastro do Lemon Brothers, apenas o quinto entre os bancos de investimento, todo o sistema virtualmente esteve para colapsar.

Nos Estados Unidos, os dois maiores conglomerados bancário-financeiros, o Bank of America e o Citigroup, tiveram que ser parcialmente estatizados para não quebrar. No caso do Citigroup, o Governo comprou mais de 40% de suas ações ordinárias. Os outros 17 maiores conglomerados financeiros, submetidos a testes de stress, foram socorridos pelo Fed sob o pretexto de evitar riscos sistêmicos. Na Europa, o Royal Scotland Bank e o Barclays da Inglaterra tiveram de ser estatizados. Continuam assim até hoje. Na Alemanha, o Governo comprou quase metade do Commenzbank, do qual ainda hoje detém 25% das ações.
Voltando aos Estados Unidos, quebrou e teve de ser estatizada a maior seguradora do mundo, a AIG. O mesmo destino tiveram as duas maiores empresas de crédito imobiliário do país e do mundo, a Fred e a Fannie Mae.
Além disso, numa iniciativa absolutamente inédita, o Governo americano interveio para salvar as maiores empresas manufatureiras do país, a GM e a Chrysler, com empréstimos bilionários. (Note-se que a legislação emergencial dos anos de Roosevelt previu socorro do Fed a empresas manufatureiras, não financeiras, mas ela nunca havia sido efetivamente aplicada até agora.)
O rescaldo desse incêndio são 6 trilhões de dólares em hipotecas em circulação nos Estados Unidos, além de outras formas de crédito de recebimento duvidoso (cartão de crédito, estudantil etc), tendo parte desse crédito vazado para o sistema bancário europeu. Dessas hipotecas, algo como 3,5 trilhões de dólares são de recebimento duvidoso, e 1,5 a 2 trilhões de dólares são calculados como perda certa, dependendo do comportamento do mercado imobiliário - que até hoje, mais de três anos depois do início da crise, não se recuperou. Por uma especial deferência dos reguladores, os bancos foram autorizados a manter em carteira esses títulos, só exigindo sua baixa na data do vencimento nominal.
O fato é que, com suas carteiras lotadas de títulos podres privados, os bancos limitam os empréstimos para o setor produtivo numa corrida desesperada para fazer lucros de curto prazo (e distribuir bônus) nos mercados sem risco a fim de evitar sua própria quebra. Estão com operações concentradas em transação de moedas (4 trilhões de dólares ao dia, 955 trilhões ao longo de 2010), em arbitragem (tomando recursos do Fed a 0,25% e emprestando ao Tesouro a 3,5%) e em outras formas de "serviços". Com isso há um estreitamento de crédito para pequenas e médias empresas, justamente as que concentram 65% da criação do emprego nos Estados Unidos. Em consequência, a taxa de desemprego se mantém extremamente elevada (8,5%).
Na Europa, os governos também trataram de estatizar e salvar bancos, sempre à custa de um endividamento público relativo ainda maior que o dos Estados Unidos. É de notar-se que, antes da crise, todos os países da União Européia e, particularmente, os da zona do euro tinham situações fiscais bastante confortáveis tendo em vista os critérios de Maastricht – com a possível exceção da Grécia. A dívida da Irlanda, por exemplo, era inferior a 30% do PIB! Depois da eclosão da crise, sob o ataque frontal das agências de risco, Grécia, Portugal e Irlanda, assim como Espanha e Itália, viram explicitada uma crise fiscal criada pelo setor privado e que ele quer, agora, transferir seus custos aos cidadãos, na forma de destruição do Estado de bem estar social europeu. Isso, porém, fica para ser discutido mais tarde.

J. Carlos de Assis é economista e professor, presidente do Intersul, coautor com Francisco Antonio Doria do recém-lançado "O Universo Neoliberal em Desencanto", Ed. Civilização Brasileira. Este artigo é publicado também no site "Rumos do Brasil" e todas as terças-feiras, no jornal "Monitor Mercantil".


Fonte: www.diariodaliberdade.org

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A Universidade por Lima Barreto

Lima Barreto em 1920 relatou como estava sendo tratado o mundo acadêmico na sua época. Bem diferente dos dias atuais, não?



A Universidade

Por Lima Barreto

Voltam os jornais a falar que é tenção do atual governo criar nesta cidade uma universidade. Não se sabe bem por quê e a que ordem de necessidades vem atender semelhante criação. Não é novo o propósito e de quando em quando, ele surge nas folhas, sem que nada o justifique. e sem que venha remediar o mal profundo do nosso chamado ensino superior.
Recordação da Idade Média, a universidade só pode ser compreendida naquele tempo de reduzida atividade técnica e científica, a ponto de, nos cursos de suas vetustas instituições de ensino, entrar no estudo de música e creio mesmo a simples aritmética.
Não é possível, hoje, aqui no Brasil, que essa tradição universitária chegou tão diluída, criar semelhante coisa que não obedece ao espírito do nosso tempo, que quer nas profissões técnicas cada vez mais especialização.
O intuito dos propugnadores dessa criação é dotar-nos com um aparelho decorativo, suntuoso, naturalmente destinado a fornecer ao grande mundo festividades brilhantes de colação de grau e sessões solenes.
Nada mais parece que seja o intuito da ereção da nossa universidade.
De todos os graus de nosso ensino, o pior é o superior; e toda a reforma radical que se quisesse fazer nele, devia começar por suprimi-lo completamente.
O ensino primário tem inúmeros defeitos, o secundário maiores, mas o superior, sendo o menos útil e o mais aparatoso, tem o defeito essencial de criar ignorantes com privilégios marcados em lei, o que não acontece com os dois outros.
Esses privilégios e a diminuição da livre concorrência que eles originam, fazem que as escolas superiores fiquem cheias de uma porção de rapazes, alguns às vezes mesmo inteligentes, que, não tendo nenhuma vocação para as profissões em que simulam estar, só têm em vista fazer exame, passar nos anos, obter diplomas, seja como for, a fim de conseguirem boas colocações no mandarinato nacional e ficarem cercados do ingênuo respeito com que o povo tolo cerca o doutor.
Outros que só se destinam a ter titulo de engenheiro que efetivamente quer ser engenheiro e assim por diante, de forma que o sujeito se dedicasse de fato aos estudos respectivos, não se consegue com um simples rótulo de universidade ou outro qualquer.
Os estudos propriamente de medicina, de engenharia, de advocacia, etc., deviam ficar separados completamente das doutrinas gerais, ciências constituídas ou não, indispensáveis para a educação espiritual de quem quer ter uma opinião e exprimi-la sobre o mundo e sobre o homem.
A esse ensino, o Estado devia subvencionar direta ou indiretamente; mas o outro, o técnico, o de profissão especial, cada um fizesse por si, exigindo o Estado para os seus funcionários técnicos que eles tivessem um estágio de aprendizagem nas suas oficinas, estradas, hospitais, etc...
Sem privilégio de espécie alguma, tendo cada um de mostrar as suas aptidões e preparo na livre concorrência com os rivais, o nível do saber e da eficiência dos nossos técnicos (palavra da moda) havia de subir muito.
A nossa superstição doutoral admite abusões que, bem examinadas, são de fazer rir.
Por exemplo, temos todos nós como coisa muito lógica que o diretor do Lloyd deve ser engenheiro civil. Por quê? Dos Telégrafos, dos Correios - por quê também?
Aos poucos, na Central do Brasil, os engenheiros foram avassalando os grandes empregos da "gema".
Por quê?
Um estudo nesse sentido exigiria um trabalho minucioso de exame de textos de leis e regulamentos que está acima da minha paciência; mas era bom que alguém tentasse fazê-lo, para mostrar que a doutomania não foi criada pelo povo, nem pela avalanche de estudantes que enche as nossas escolas superiores; mas pelos dirigentes, às vezes secundários, que a fim de satisfazer preconceitos e imposições de amizade, foram pouco a pouco ampliando os direitos exclusivos do doutor.
Ainda mais. Um dos males, decorrentes dessa superstição doutoral, está na ruindade e na estagnação mental do nosso professorado superior e secundário.
Já não bastava a indústria do ensino para fazê-lo mandrião e rotineiro, veio ainda por cima a época dos negócios e das concessões.
Explico-me:
Um moço que, aos trinta anos, se faz substituto de uma nossa faculdade ou escola superior, não quer ficar adstrito às funções de seu ensino. Pára no que aprendeu, não segue o desenvolvimento da matéria que professa. Trata de arranjar outros empregos, quando fica nisso, ou, se não - o que é pior - mete-se no mundo estridente das especulações monetárias e industriais da finança internacional.
Ninguém quer ser professor como são os da Europa, de vida modesta, escarafunchando os seus estudos, seguindo o dos outros e com eles se comunicando ou discutindo. Não; o professor brasileiro quer ser um homem de luxo e representação, para isso, isto é, para ter os meios de custear isso, deixa às urtigas os seus estudos especiais e empresta o seu prestígio aos brasseur d'affaires bem ou mal-intencionados.
Para que exemplificar? Tudo isto é muito sabido e basta que se fale em geral, para que a indicação de um mal geral não venha a aparecer como despeito e ataque pessoal.
A universidade, coisa sobremodo obsoleta, não vem curar o mal do nosso ensino que viu passar todo um século de grandes descobertas e especulações mentais de toda a sorte, sem trazer, por qualquer dos que o versavam, um quinhão por mínimo que fosse.
O caminho é outro; é a emulação.

Feiras e mafuás, 13-3-1920

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

COMO RECONHECER UM DIREITISTA ENRUSTIDO? 

André Lux, jornalista e crítico-spam (de esquerda)


Inspirado pelo texto do jornalista Leandro Fortes, resolvi fazer uma listinha básica com DICAS para quem quer aprender a identificar um direitista enrustido. Porque, como bem sabemos, ninguém tem coragem de admitir que é de direita no Brasil, mas prestando atenção aos discursos e atitudes das pessoas fica fácil identificá-los.

Vamos lá:

1) Como bem apontou Fortes, o direitista enrustido costuma bradar que odeia política e políticos em geral e quenão existe esse negócio de direita e esquerda. Mas, na prática, é diferente. O cara vota no Maluf, em alguém do DEM, do PSDB ou em qualquer um que for o anti-petista ou anti-esquerdista da vez. Se Adolf Hitler em pessoa ressuscitar e chegar ao segundo turno contra Dilma Russeff, por exemplo, adivinhem em quem ele vai votar?


2) Eles adoram xingar os abusos da Telefônica, da CPFL e os pedágios caríssimos das estradas. Enquanto você concorda, são sorrisos. Porém, na hora que você lembra que a culpa de tudo isso recai sobre as privatizações lesa-pátria ocorridas nos oito anos de governo FHC, ele fecha a cara e começa a defendê-las, alegando queantes a gente tinha que esperar anos pra conseguir um telefonee que a culpa é dasagências reguladoras(que também foram criadas pelo FHC). você explica que não é contra parcerias público-privadas, desde que elas sejam feitas em favor da população e não de um grupelho deamigos do rei. E então faz aquela fatídica constatação:Realmente, hoje você consegue uma linha rapidinho, que paga as tarifas mais caras do mundo, recebe em troca um serviço horrível e não tem ninguém para reclamar. Se depois disso a pessoa se enfurecer e começar a falar mal do Lula, do PT ou de Cuba, pode ter certeza que você está diante de um direitista.

3) Toda pessoa de direita acredita piamente que as pessoas são pobres porque querem.O problema do Brasil é que pobre não gosta de trabalhar, costumam repetir. De tanto ler a Veja e ver o Jornal Nacional, eles passam a crer que o sujeito mora numa favela e consegue trabalhar de lixeiro porquenão quis estudarounão se esforçou o suficiente para subir na vida. Quando você lembra que essas pessoas não têm condições nem para comer, são obrigadas a trabalhar desde cedo largando os estudos e, devido a tudo isso, conseguem arrumar subempregos, o direitista novamente vai fechar a cara e começar a resmungar coisas sem nexo do tipo:Pode ser, mas se um vagabundo desses entrar na minha casa eu meto tiro!.


4) Ainda em relação aos excluídos, o direitista vive dizendo que a solução para os problemas sociais do país éinvestir em educação. Claro que, como bom esquerdista, você vai concordar com ele. Mas você será obrigado a explicar que a direita, que governou o país desde que o Cabral invadiu essas terras, nunca investiu em cultura e em educação. Pelo contrário. E foi durante a ditadura militar que o sistema público de ensino sofreu seu golpe mais duro, ficando totalmente sucateado. Então vai lembrar que se todo mundo tivesse estudo e condições iguais parasubir na vida, ele (ou ela) seria obrigado(a) a fazer faxina na própria casa ou a recolher o lixo da rua, que ninguém mais precisaria se sujeitar a trabalhar nesses subempregos, exceto de forma voluntária para ajudar a comunidade - igual acontece em Cubaou no mínimo ganharia um salário igual ao de um médico. Pronto. Depois dessa é melhor você correr para um abrigo!


5) Pessoas de direita tendem a ser extremamente incoerentes. Via de regra, elas falam mal de tudo (política e políticos, programas na TV, filmes, jornalistas, sexualidade, música) e repetem queo mundo está perdido,nada mais prestaouna minha época não tinha nada disso. E geralmente terminam suas reclamações dizendo que a única solução para tudo isso éjogar uma bomba atômica e começar tudo de novo. Aí, logo depois, eles afirmar que sãoconservadores...


6) Conheço uma dúzia de caras, por exemplo, que adoram o Pink Floyd (até tocam suas músicas em bandas cover) enquanto repetem jargões que deixariam até um nazista envergonhado.Vai dizer que o Roger Waters é petista agora??costumam vociferar quando você aponta essa incongruência a eles. Obviamente, os direitistas confundem serde esquerdacomser petistaouser comunista. Quando eles cantamImagine, do Lennon, com certeza não se tocam que aquela é uma música que contesta o sistema vigente que eles defendem, ou seja, é de esquerda. E aí, voltamos à lógica esquizofrênica exposta acima: o direitista enrustido é contra tudo, acha que o mundo está perdido, que o ser humano não presta e que político é tudo FDP, mas na hora das eleições, seu voto aos sujeitos mais conservadores, reacionários e corruptos que existem. Justamente aqueles que, além de não mudar nada, vai deixar tudo ainda pior. Justamente aqueles que, como diz Mino Carta,querem deixar as coisas como estão para ver como é que ficam.


7) Uma forma fácil de identificar um(a) direitista enrustido(a) é começar a falar sobre Cuba. Disfarçado no discursoa favor da democracia e da liberdade, você vai poder identificar todos os clichês mais obtusos que a mídia de direita usa para doutrinar os incautos. Não adianta você dizer que antes do Fidel, Cuba era uma ditadura de direita na qual a maioria esmagadora da população passava fome e não tinha direitos. Nem que, depois do Fidel, ninguém mais passa fome e todos têm acesso gratuito à educação, à saúde, à alimentação e ao transporte. Também é inútil explicar que, em Cuba, não existem crianças na rua pedindo esmola e que a maioria da população tem curso superior adquirido gratuitamente. Pois o direitista vai jogar na sua cara que em Cuba não existem carros zero km, nem telefone celular, nem shopping centers, nem DVD, nem liberdade de imprensa. Sim, trata-se da mesma pessoa que acabou de vociferar queo mundo está perdido,na televisão tem porcaria,jornalista é tudo safado e a imprensa é uma merda,hoje em dia essa molecada quer gastar dinheiro com lixoeo problema do Brasil é a falta de educação e cultura. Eu disse que coerência não é o forte deles, não disse?


8) Direitista enrustido que se preze é a favor do neoliberalismo. Não, ele não tem idéia do que é isso nem quem inventou esse negócio, mas como ouviu o Arnaldo Jabor e o Django Mainardi dizendo que era a solução para os problemas do mundo, ele acreditou. E passou a repetir tudo como um bom papagaio: são contra o Estado e as Estatais (mas não reclamam quando dinheiro público é usado para salvar bancos privados da falência), a favor das privatizações (sim, as mesmas que o fazem espumar de ódio contra a Telefônica) e pregam aredução dos impostos(ao mesmo tempo em que choram de raiva por terem que pagar fortunas para ter plano de saúde privado). Como são manipulados pela mídia de direita, adoram meter o pau no governo Lula, não reconhecem nenhum mérito nele e acreditam (mesmo!) que tudo de bom que acontece hoje no país é resultado do governo FHC (embora eles odeiem política e todos os políticos, inclusive os do PSDB, lembram?).

9) Outra característica marcante da turma da direita é a certeza absoluta que são donos da verdade. Quando eles falam sobre qualquer assunto, não estão emitindo uma opinião, mas sim uma verdade única e incontestável. A melhor forma de fazer um tipinho desses sair do armário e mostrar sua verdadeira face é simplesmente contestá-lo com argumentos sólidos e muita calma. Eles até vão tentar rebater, mas quando perceberem que o que estão dizendo é APENAS uma opinião e que, por mais que tentem te ridicularizar ou denegrir, você não vai mudar a sua opinião, o direitista enrustido vai então partir para ataques chulos e de cunho pessoal, como que tentando convencer os outros que o que você diz não tem valor, afinal trata-se de uma pessoa má, feia, fedida, chata ou qualquer outra coisa. Em última instância, o direitista enrustido vai perder todas as estribeiras e acabará apelando para o último recurso usado na tentativa de calar o interlocutor: ameaçar processá-lo!


E então? Você conhece um não conhece um monte de gente assim por aí? Vai ver você é uma delas. Mas não se desespere, pois sempre é hora para mudar.

E, como diz John Lennon, eu espero que um dia você possa se juntar a nós para que o mundo possa ser um só...